São Paulo, segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

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Mau uso nos EUA acaba em multa e cadeia

DANIEL BERGAMASCO
DE NOVA YORK

ADRIANA KÜCHLER
DE BUENOS AIRES

Entre kit de fabricação de cerveja, TVs de plasma, próteses de silicone e clubes de strip-tease, os Estados Unidos têm assistido ao mau uso de cartões de crédito corporativos. Mas, sob vigilância crescente de órgãos de transparência e congressistas, as punições vão de multa a cadeia.
Um funcionário do Exército, condenado a oito meses de prisão, teve de devolver os US$ 61 mil gastos com seu cartão em compras como aparelhos de áudio e vídeo.
Em 2004, Peter Sylver, do alto escalão do condado de Nassau, no Estado de Nova York, foi a júri acusado de gastar US$ 4.700 de seu cartão para fins pessoais e ainda de assediar sexualmente uma funcionária. Por ter confessado os crimes, foi condenado só pelo assédio, a três anos em liberdade condicional.
Russell Harding, alto funcionário da Prefeitura de Nova York na gestão de Rudolph Giuliani, também foi levado a júri por pagar despesas em resorts com o cartão e comprar presentes para os amigos.
Auditorias nas faturas de cartões de funcionários da Marinha, em 2002, e do Departamento de Segurança Interna, em 2006, mostraram abusos.
Os funcionários têm a liberdade de usar o cartão para comprar itens que julgarem necessários para executar melhor a função. Mas um funcionário da guarda costeira comprou um kit de fabricação artesanal de cerveja por US$ 227. Por US$ 7.000, iPods foram adquiridos por agentes de serviço secreto.
De empregados da Marinha, vieram gastos com roupas, cassinos, bares e clubes de strip-tease. Um deles pagou o silicone de uma garçonete. Nos EUA, o limite do cartão varia de acordo com órgão e a função, mas pode passar dos US$ 100 mil anuais.

Na Argentina
A extensa agenda de viagens da presidente Cristina Kirchner em 2007 gerou suspeitas sobre o mau uso do dinheiro público e virou objeto de investigação de ONGs e jornalistas.
A revista "Noticias" calculou em setembro que uma viagem oficial à Alemanha e à Áustria da então candidata teria custado ao menos 840 mil pesos (cerca de R$ 470 mil). Cristina foi criticada por suas viagens dispendiosas.
A cada viagem da então primeira-dama, o ex-presidente Néstor Kirchner emitiu decretos determinando que o Ministério das Relações Exteriores deveria assumir os custos.
O valor de todas as visitas de Cristina ao exterior foi estimado em mais de US$ 4,8 milhões. Só existem estimativas porque, afirma a revista, os gastos com viagens são "inacessíveis" e se transformaram em "segredo de Estado".


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