|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
NO AR
"Apenas meu corpo"
NELSON DE SÁ
da Reportagem Local
- A decisão impede apenas a presença do meu corpo. As minhas idéias estão lá, sexta eu falei num programa de Nova York, os jornais publicam entrevistas. A decisão de impedir a entrada, na verdade, é burocrática.
Era Fernando Gabeira, comentando a indicação de "O que É Isso, Companheiro?" ao Oscar -e a sua frustração em obter o visto de entrada nos EUA, em função do que o filme retrata: o sequestro do embaixador americano.
A história foi romantizada, industrializada, aceita por Hollywood. (Um personagem real foi "endemoninhado", em prejuízo de sua memória e em benefício da sanção hollywoodiana do filme.)
O agora deputado federal declara que a história reflete a "interface" da sociedade americana com a brasileira. (Sendo uma alegoria, deduz-se, e não um mero ato de guerrilha ou terror.)
Mas falar à mídia, estar presente com idéias, ter um ator interpretando seu personagem, em grande metáfora da interface Brasil/EUA, são pseudo-acontecimentos. Fatos virtuais, até ficcionais.
Estar presente com o próprio "corpo" seria vencer a ilusão, a realidade virtual. Pseudo-acontecimentos não ameaçam ninguém. O problema é a realidade, ponto. No dizer do companheiro:
- Este embaixador aqui é muito duro...
Ainda na fronteira virtual, o "mito" Madonna insurgiu-se contra a relevância que a mídia dá ao escândalo sexual de Bill Clinton.
Escândalo que é uma "soap opera", uma telenovela, como a própria mídia americana vem repisando. Está na fronteira indefinida entre a realidade e a ficção.
Fronteira em que se perdeu, como vítima mais recente, o ator Robert de Niro, "detido" em Paris por envolvimento com uma rede globalizada de prostituição.
E-mail: nelsonsa@uol.com.br
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|