São Paulo, sábado, 11 de março de 2006

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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA

Sem alcançar acordo após reuniões, cúpula do PSDB transfere definição para terça

Novo impasse frustra escolha tucana; Serra admite disputa

DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de mais uma rodada de negociação -e mantido o impasse-, o PSDB adiou para terça-feira o prometido anúncio de seu candidato à Presidência. Em duas diferentes reuniões, o governador Geraldo Alckmin e o prefeito José Serra reafirmaram suas condições à cúpula do partido. Serra quer aclamação. Alckmin, disputa.
Pela primeira vez, no entanto, Serra disse que é candidato e se colocou à disposição do partido, ainda que, num primeiro momento, não conte com o apoio de Alckmin. Até ontem, ele investia num acordo com o governador, especialmente após um encontro na casa de seu chefe de gabinete.
Mas, informado pela cúpula do partido da intenção de Alckmin de disputar a preferência do PSDB, Serra liberou o comando tucano a submeter, formalmente, seu nome a governadores e dirigentes estaduais.
Sua intenção é que a consulta baste para dispensar a disputa interna. Mas, mesmo reconhecendo que esse não é o cenário ideal, o prefeito até admitiria disputar com Alckmin se encontrasse, nessa consulta, respaldo partidário.
Aliados de Serra têm até argumentos para minimizar uma possível derrota para Alckmin. Se renunciar e perder internamente -possibilidade que consideram remota- Serra poderá se lançar ao Palácio dos Bandeirantes.
Os critérios de escolha, porém, nem sequer foram discutidos.
Otimistas, os serristas viram na consulta uma tentativa de buscar o que Serra reivindica: o respaldo partidário. Mas, certos de que o tempo pesa em favor do governador, os alckmistas também comemoram o saldo do dia.
Como Alckmin disse ao comando do partido que espera uma decisão para terça-feira -ainda que seja o fórum para a disputa entre os dois-, os alckmistas acreditam que ganharam a batalha. Até terça-feira, apostam os alckmistas, Serra terá de dizer se aceita disputar contra Alckmin ou se desiste da candidatura à Presidência. Mas não será conclamado pelo PSDB, como desejava. Na saída da reunião, anterior à ida do trio à prefeitura, Alckmin contou o que dissera à trinca: "Não há mudança naquilo que penso".
Na reunião com o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), o governador de Minas, Aécio Neves, e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso - a primeira do dia -, Alckmin ouviu apelos pela unidade do partido, mas reiterou a disposição de disputar com Serra. "O que perder apóia o outro sem nenhuma mágoa", disse Alckmin, segundo relato a interlocutores.
O governador alegou ainda que, se desistir em favor de Serra, ficará desmoralizado. E, insistindo que é o único candidato declarado, reproduziu o que dissera na véspera ao prefeito: "Você tem que decidir se é ou não candidato. Se for o escolhido do partido, levanto sua mão".
No encontro, na casa do chefe-de-gabinete de Serra, José Henrique Lôbo, o prefeito teria admitido que sofre pressão para concorrer ao governo. Ele contou ao governador que recebe e-mails e telefonemas sugerindo que se lance para o cargo. Os dois marcaram para terça um outro encontro para a costura de um entendimento.
Os serristas alegaram, no entanto, que, ao postergar mais uma vez uma resposta ao partido, Serra não só contraria um impaciente Tasso como também ficaria vulnerável à crescente pressão para que concorra ao Palácio dos Bandeirantes.
E, num dia marcado por rumores, o prefeito chamou de "absolutamente falsa" a versão de que a cúpula do PSDB teria sugerido que disputasse o governo. Serra resiste, mas não rechaça a idéia.
Até a hipótese de FHC disputar o Senado está à mesa. Segundo tucanos, a possibilidade é "remotíssima, mas não é zero". "Nada está descartado", repetia Tasso.
Na manhã de ontem, Tasso já avisava que a decisão ficaria para a semana que vem. Até lá, Aécio consultará governadores e presidentes de diretórios.
"Não existe um nome porque tem toda uma rodada de conversações e consultas com os governadores", disse Tasso, segundo o qual "os elementos fundamentais estão dados".


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