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CAMPO MINADO
Líder do MST deu declarações elogiosas à ação da Via Campesina que resultou em depredação de fábrica no RS
Stedile será processado por defender invasão
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
O Ministério Público do Rio
Grande do Sul decidiu processar
criminalmente o líder do MST
João Pedro Stedile por suas declarações sobre a invasão e depredação de instalações do horto florestal da Aracruz Celulose, em Barra
do Ribeiro (56 km de Porto Alegre), ocorrida na quarta-feira.
A Promotoria pretende responsabilizar Stedile pelos elogios dele
em diversas entrevistas à ação da
Via Campesina. Cerca de 2.000
militantes da organização destruíram laboratórios e pesquisas
de até 20 anos sobre cruzamentos
genéticos e seleção de espécies.
O procurador-geral de Justiça,
Roberto Bandeira Pereira, estava
ontem recolhendo declarações do
líder dos sem-terra.
"Decidimos tomar medidas
contra os aplauso à prática de um
crime. Talvez o processemos por
incitação ao crime ou apologia ao
crime", disse o promotor criminal
Sérgio Santos Marino.
Procurado pela Folha, Stedile
não foi localizado ontem.
Via Campesina
Integrantes da Via Campesina,
entidade da qual o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra) faz parte e que promoveu a invasão da empresa, foram notificados ontem pela polícia para prestarem depoimento.
Durante entrevista concedida
ontem por cinco coordenadores
da Via Campesina, seis policiais
civis entraram no auditório onde
ela ocorria, na PUC-RS, e notificaram três deles para depor -o espanhol Paul Nicholson, o indonésio Henry Saragih e o dominicano
Juan Ferrer. Os depoimentos estavam marcados para ontem à
noite. Os três se negaram a assinar
os documentos de notificação,
mas se comprometeram a comparecer na polícia.
Nenhum brasileiro participou
da entrevista. Com isso, lideranças brasileiras da Via Campesina
não puderam ser notificadas.
Durante a entrevista, o grupo de
cinco representantes internacionais de Canadá, Espanha, Indonésia, Noruega e República Dominicana defendeu a invasão e depredação na Aracruz.
Não houve respostas a perguntas sobre quem seriam as lideranças do movimento e da mobilização ocorrida na quarta. Todos, segundo eles, são coordenadores.
Para justificar a ação, eles afirmaram que o eucalipto destrói o
solo, retira nutrientes da terra e
consome excessivamente água,
além de não trazer benefícios econômicos para os agricultores.
"É a usurpação da terra que deveria ser destinada a alimentos",
disse Paul Nicholson.
Paraíba
Quatro propriedades foram invadidas nesta semana por agricultores ligados ao MST na Paraíba.
As invasões aconteceram em Coremas, Pilões, Pitimbu e Monteiro. De 50 a 70 famílias permanecem em cada uma das fazendas.
O MST calcula que existam
2.100 famílias acampadas no Estado. A previsão é que, pela Jornada
de Luta, cada uma das seis regionais do MST no Estado tenha feito
pelo menos uma invasão até o final de março. Segundo a liderança do movimento, o propósito da
invasão foi "mobilizar a sociedade contra os problemas que a
educação enfrenta na região".
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