São Paulo, domingo, 11 de março de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE painel@uol.com.br

Cacau

Leitores de sinais, no PT e nos partidos aliados, entendem a fritura da outrora ministra-com-certeza Marta Suplicy como sinal de que Lula, ao menos por enquanto, inclina-se por Jaques Wagner como nome petista para a eleição presidencial de 2010 (isso se as circunstâncias não lhe permitirem -quem sabe?- disputar um terceiro mandato consecutivo).
Segundo essa interpretação, pelo menos outros dois indícios, além do constrangimento público a que Marta vem sendo submetida, indicam a opção "não-paulista" de Lula: a nomeação para o ministério de Geddel Vieira Lima, fiel escudeiro do governador baiano, e o fortalecimento, no PMDB, do grupo de Michel Temer -que, por intermédio de Geddel, já teria o compromisso de apoiar Wagner daqui a três anos.

Quebra-cabeça. Para os martistas, também a devoção de Lula a Fernando Haddad teria como norte a sucessão de 2010. O movimento contra a substituição do ministro da Educação pela ex-prefeita de São Paulo é encabeçado por Tarso Genro, aliado de Wagner na disputa interna do PT.

Na contramão 1. Alvo predileto do bombardeio petista contra a política de juros, o ex-diretor do BC Afonso Bevilaqua ganhará rasgados elogios de Antonio Palocci em "Sobre Cigarras e Formigas", livro do ex-ministro da Fazenda que sai nesta semana.

Na contramão 2. Palocci escreve que a baixa inflação de 2006, ano da reeleição de Lula, deve ser creditada em parte a Bevilaqua, a quem teria cabido "o papel de durão" na equipe de Henrique Meirelles. "Ele trouxe para o BC a dureza do setor militar, a rigidez e a resistência."

Destino certo. De um deputado do PP sobre o vistoso crescimento do PR: "Todo mundo que quer ir para a base e vai se aconselhar no Palácio do Planalto, o Tarso Genro manda se filiar ao PR".

Poder real. Um expoente da ala do PMDB que sairá vitoriosa da convenção de hoje faz pouco da idéia de que os derrotados, Renan Calheiros à frente, não vão dar sossego: "O cartório do partido está nas nossas mãos".

Na mira. Depois de reeleger Michel Temer, os peemedebistas da Câmara têm um objetivo imediato: desalojar Sérgio Machado, aliado de Renan, da presidência da Transpetro. O grupo conta com o apoio total de Arlindo Chinaglia (PT-SP), que não cansa de dizer que o ex-senador atuou na tentativa de impedir sua eleição à presidência da Casa.

No way. Do promotor de Justiça Robert Morgenthau, que anunciou em NY o indiciamento de Paulo Maluf por desvio de US$ 11,6 mi para um banco americano, sobre as chances de o ex-prefeito ser condenado aqui: "Como deputado, seu caso irá para a Suprema Corte, e nenhum deputado jamais foi condenado pela Suprema Corte no Brasil".

Onde fica? Mão Santa (PMDB-PI) roubou a cena durante a sabatina do novo embaixador na Costa Rica ao passar minutos a fio tentando descobrir a localização desse país num mapa fixado na parede da Comissão de Relações Exteriores do Senado.

Com-teto. Na próxima reunião da Mesa da Câmara, o quarto-secretário, José Carlos Machado (PFL-SE), proporá a liberação de imóveis funcionais para suplentes que assumam o mandato.

Sem-teto. Machado admite que, sem reforma, a maioria dos apartamentos vagos está inabitável. Sua iniciativa visa aplacar a fúria de seis suplentes que pressionam, há um mês, para ocupar um imóvel.

Emancipados. Na mesma reunião, o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), pretende anunciar que concederá direito a algumas siglas nanicas, como PAN e PSOL, de indicar líder de bancada e participar de comissões. Seguirá a tática de João Paulo Cunha em 2003.

Tiroteio

O PT e a base do governo têm menos medo do caos nos aeroportos que da abertura da caixa preta das obras da Infraero. Por isso não deixam fazer CPI.


Do deputado DUARTE NOGUEIRA (PSDB-SP), sobre a operação governista para evitar a criação da CPI do Apagão Aéreo.

Contraponto

Café amargo

Encerrado o encontro de Lula com os governadores, na terça-feira passada, Aécio Neves (PSDB-MG) passou em um café no Lago Sul, em Brasília, antes de pegar o avião que o levaria de volta a Belo Horizonte. Tão logo sentou em uma das mesas, o tucano foi abordado pelo gerente do local, que lhe pediu um autógrafo.
-Minha mãe é sua fã-, explicou o homem.
Aécio agradeceu com um sorriso simpático.
-Aliás, já está mais do que na hora de o Brasil ter uma chapa café-com-leite: o Serra e o senhor.
Quando o gerente se foi, o mineiro disse a um amigo:
-Esse aí só pode ser paulista!


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