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"Tem gente inaugurando maquete", diz Lula
Presidente ironiza Serra, que anunciou a construção de ponte ligando Santos a Guarujá mesmo antes de ela ser licitada
Obra de usina termelétrica da Petrobras, inaugurada ontem pelo presidente e Dilma, foi parcialmente concluída ano passado
MALU DELGADO
ENVIADA ESPECIAL A CUBATÃO (SP)
Numa tentativa de diferenciar a maratona de inaugurações de obras do governo federal -que coloca em evidência a
pré-candidata do PT à Presidência, ministra Dilma Rousseff (Casa Civil)- de ações semelhantes feitas pelo governador de São Paulo, José Serra
(PSDB), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou ontem
o tucano, em tom de ironia, ao
discursar na inauguração de
uma usina termelétrica da Petrobras em Cubatão.
"Estamos em um ano de
campanha, e nós estamos percebendo que tem gente inaugurando até maquete", disse o petista, sem citar o nome de Serra.
Anteontem, em São Paulo, o
governador anunciou a realização da ponte Santos-Guarujá,
ainda que a obra nem sequer tenha sido licitada. O governador
viu a maquete da ponte. Lula e
Dilma têm inaugurado obras
do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) cujas etapas não serão concluídas no
mandato do petista.
Após alfinetar Serra, Lula
afirmou que o "político mentiroso" diz que mata a cobra e
mostra o pau. "Ora, o fato de você mostrar o pau não significa
que você matou a cobra. (...) Um
político verdadeiro mata a cobra e mostra a cobra morta."
A assessoria de imprensa do
governo do Estado de São Paulo afirmou que o governador
não se sentiu atingido pelas declarações do presidente.
As obras da usina inaugurada
ontem por Lula e Dilma, cujo
investimento ultrapassou
R$ 1 bilhão, foram concluídas
em novembro de 2009. A razão
para a inauguração só em março de 2010, segundo a Petrobras, é que a usina consiste
num sistema combinado de
turbinas, uma a gás e outra a vapor. A turbina a vapor só foi
concluída neste mês.
"Tenho a licença de operação
desde novembro de 2009", disse a diretora de Gás e Energia
da Petrobras, Maria das Graças
Foster, que enfatizou o trabalho de empreiteiras feito sob
"forte pressão" para a obra ser
concluída dentro do prazo.
A pré-candidata do PT também buscou justificativas para
o ritmo de inaugurações pré-eleitorais. "As obras que estamos inaugurando não são obras
quaisquer porque, se fossem,
teriam sido feitas em 1996 ou
em 1997 ou em 1998 ou em
1999. Não fizeram", afirmou
Dilma, que assim como Lula,
criticou veladamente os tucanos pelo apagão elétrico de
2001, ao final do mandato de
Fernando Henrique Cardoso.
Lula reiterou ontem críticas
ao modelo de privatização feito
no governo FHC. Disse que o
país, hoje, está em "estado de
graça", mas que entre 1980 e
2003 "passou por uma crise
sem precedentes".
Ao mencionar a política de
ajuste fiscal de antecessores,
Lula disse que o Brasil havia
entrado numa era de subordinação ao Fundo Monetário Internacional em que "os governantes negavam o Estado e diziam que a única solução era
privatizar todas as empresas
brasileiras porque assim o Brasil teria mais competência".
A inauguração da termelétrica, afirmou Lula, é uma resposta ao mundo de que "pode vir
fazer investimento no Brasil,
que vai ter energia suficiente,
que não vai ter mais apagão".
Segundo Dilma, o marco regulatório do setor elétrico e a retomada de investimentos são
méritos do governo Lula.
"Quando você para de fazer
uma coisa, desaprende, perde a
direção, o horizonte, e se não
cuidar perde até a esperança."
Ao listar ações do seu governo, Lula apostou no resultado
do pleito: "A companheira Dilma que se prepare, porque é
preciso fazer muito mais".
Colaborou CATIA SEABRA, da Reportagem Local
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