São Paulo, quinta-feira, 11 de março de 2010

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"Tem gente inaugurando maquete", diz Lula

Presidente ironiza Serra, que anunciou a construção de ponte ligando Santos a Guarujá mesmo antes de ela ser licitada

Obra de usina termelétrica da Petrobras, inaugurada ontem pelo presidente e Dilma, foi parcialmente concluída ano passado

MALU DELGADO
ENVIADA ESPECIAL A CUBATÃO (SP)

Numa tentativa de diferenciar a maratona de inaugurações de obras do governo federal -que coloca em evidência a pré-candidata do PT à Presidência, ministra Dilma Rousseff (Casa Civil)- de ações semelhantes feitas pelo governador de São Paulo, José Serra (PSDB), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou ontem o tucano, em tom de ironia, ao discursar na inauguração de uma usina termelétrica da Petrobras em Cubatão.
"Estamos em um ano de campanha, e nós estamos percebendo que tem gente inaugurando até maquete", disse o petista, sem citar o nome de Serra.
Anteontem, em São Paulo, o governador anunciou a realização da ponte Santos-Guarujá, ainda que a obra nem sequer tenha sido licitada. O governador viu a maquete da ponte. Lula e Dilma têm inaugurado obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) cujas etapas não serão concluídas no mandato do petista.
Após alfinetar Serra, Lula afirmou que o "político mentiroso" diz que mata a cobra e mostra o pau. "Ora, o fato de você mostrar o pau não significa que você matou a cobra. (...) Um político verdadeiro mata a cobra e mostra a cobra morta."
A assessoria de imprensa do governo do Estado de São Paulo afirmou que o governador não se sentiu atingido pelas declarações do presidente.
As obras da usina inaugurada ontem por Lula e Dilma, cujo investimento ultrapassou R$ 1 bilhão, foram concluídas em novembro de 2009. A razão para a inauguração só em março de 2010, segundo a Petrobras, é que a usina consiste num sistema combinado de turbinas, uma a gás e outra a vapor. A turbina a vapor só foi concluída neste mês.
"Tenho a licença de operação desde novembro de 2009", disse a diretora de Gás e Energia da Petrobras, Maria das Graças Foster, que enfatizou o trabalho de empreiteiras feito sob "forte pressão" para a obra ser concluída dentro do prazo.
A pré-candidata do PT também buscou justificativas para o ritmo de inaugurações pré-eleitorais. "As obras que estamos inaugurando não são obras quaisquer porque, se fossem, teriam sido feitas em 1996 ou em 1997 ou em 1998 ou em 1999. Não fizeram", afirmou Dilma, que assim como Lula, criticou veladamente os tucanos pelo apagão elétrico de 2001, ao final do mandato de Fernando Henrique Cardoso.
Lula reiterou ontem críticas ao modelo de privatização feito no governo FHC. Disse que o país, hoje, está em "estado de graça", mas que entre 1980 e 2003 "passou por uma crise sem precedentes".
Ao mencionar a política de ajuste fiscal de antecessores, Lula disse que o Brasil havia entrado numa era de subordinação ao Fundo Monetário Internacional em que "os governantes negavam o Estado e diziam que a única solução era privatizar todas as empresas brasileiras porque assim o Brasil teria mais competência".
A inauguração da termelétrica, afirmou Lula, é uma resposta ao mundo de que "pode vir fazer investimento no Brasil, que vai ter energia suficiente, que não vai ter mais apagão".
Segundo Dilma, o marco regulatório do setor elétrico e a retomada de investimentos são méritos do governo Lula.
"Quando você para de fazer uma coisa, desaprende, perde a direção, o horizonte, e se não cuidar perde até a esperança."
Ao listar ações do seu governo, Lula apostou no resultado do pleito: "A companheira Dilma que se prepare, porque é preciso fazer muito mais".


Colaborou CATIA SEABRA, da Reportagem Local


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