São Paulo, quinta-feira, 11 de março de 2010

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Associações pedem extinção de cooperativa

Cooperados da Bancoop solicitaram à Promotoria o afastamento da direção da entidade, comandada por tesoureiro do PT

Em disputas judiciais entre a Bancoop e famílias que se dizem lesadas, há decisões que indicam desvio de verba e má gestão na cooperativa

LILIAN CHRISTOFOLETTI
FLÁVIO FERREIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Oito associações formadas por cerca de mil famílias cooperadas da Bancoop (Cooperativa Habitacional dos Bancários) pediram ontem ao Ministério Público do Estado de São Paulo o afastamento imediato da direção da entidade e a sua completa dissolução. Até fevereiro, a Bancoop era comandada por João Vaccari Neto, hoje tesoureiro do PT.
A Bancoop é investigada pelo promotor José Carlos Blat por supostos crimes de lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, estelionato e apropriação indébita. Segundo Blat, verba da entidade financiou campanhas do PT -a documentação foi enviada à Justiça Eleitoral.
Na sexta, Blat pediu a quebra dos sigilos bancário e fiscal de Vaccari e o bloqueio das contas da cooperativa. A Justiça ainda não avaliou os pedidos.
"As vítimas do golpe pediram a liquidação da Bancoop à Promotoria Cível, responsável por esse tipo de ação. Como promotor criminal, posso dizer que houve uma gestão fraudulenta na Bancoop, que contou com a participação ativa e direta de Vaccari", disse o promotor.
O pedido dos cooperados foi entregue aos promotores Saad Mazloum e Sílvio Marques.
Blat estima que pelo menos 47 empreendimentos não saíram do papel, o que prejudicou cerca de 3.000 famílias. O rombo nas contas da Bancoop chegaria a R$ 100 milhões.
O advogado da Bancoop, Pedro Dallari, afirmou que, "se sentindo amparados" pelo promotor, os cooperados pediram, pela segunda vez, a extinção da cooperativa. "Pedido igual foi feito, sem sucesso, em 2006."
Para o advogado, que vê motivação política nas acusações, não há provas contra a Bancoop. "O promotor sempre repete que está convicto, mas, até agora, não ofereceu nenhuma ação concreta." Blat informou que apresentará denúncia após a oitiva de Vaccari na polícia.
Procurado desde domingo pela Folha, Vaccari não atendeu aos pedidos de entrevista. Em nota divulgada no sábado, ele afirmou: "nunca houve nenhum tipo de acusação contra mim e não respondo a nenhum processo, civil ou criminal".

Na Justiça
Nas centenas de disputas judiciais entre a Bancoop e cooperados, há decisões que apontam desvios de recursos e má gestão na cooperativa.
Em duas sentenças de 2007, a Bancoop foi condenada a devolver o dinheiro para cooperados porque não construiu o imóvel prometido. Em uma delas, o juiz da 42ª Vara Cível da capital, Carlos Abrão, apontou que "devem responder os administradores da cooperativa pelos atos praticados em desvio, abuso e excesso de poder, inclusive na esfera criminal".
Os cooperados afirmam que, até janeiro, obtiveram 368 decisões em primeira instância, 161 em segunda instância e 45 acórdãos do Superior Tribunal de Justiça contra a Bancoop.
A defesa da cooperativa também já obteve vitórias na Justiça. Há casos em que os juízes reconheceram que os cooperados deveriam pagar valor adicional ao do contrato inicial.


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