São Paulo, terça-feira, 11 de abril de 2000


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RIO DE JANEIRO
Sobe para cinco o número de membros da gestão pedetista afastados sob denúncia de corrupção
Garotinho afasta presidente da Cehab

da Sucursal do Rio


A crise no governo do Rio provocou ontem mais quatro demissões, elevando para cinco o número de auxiliares do governador Anthony Garotinho (PDT) afastados por denúncias de irregularidades em apenas três dias.
Garotinho aceitou os pedidos de demissão de Eduardo Cunha, presidente da Cehab (Companhia Estadual de Habitação), Ranulfo Vidigal, presidente da Asep (Agência Reguladora de Serviços Públicos), Carlos Siqueira, presidente da Emop (Empresa de obras Públicas) e Paulo Gomes, secretário da Defesa Civil.
Cunha, que integrou o PRN de Fernando Collor de Mello, foi acusado de suposto favorecimento à construtora paranaense Grande Piso, do também ex-collorido Roberto Sass, em quatro licitações do conjunto Nova Sepetiba, o maior projeto habitacional do Estado. As obras do conjunto foram paralisadas pela Justiça depois que a Folha revelou que não tinham licença ambiental.
Vidigal foi acusado de suposta cobrança de comissão a concessionárias de serviços privatizados; Siqueira, de ter feito superfaturamentos quando foi secretário de Obras de Garotinho, na Prefeitura de Campos. Gomes, que, como secretário da Defesa Civil, comandava o Corpo de Bombeiros, foi afastado sob acusação de favorecer sua mulher, sócia de uma empresa que atua na prestação de serviços de brigada de incêndio.
O primeiro a cair foi o presidente da Cehab, cujo pedido de afastamento foi feito pelo deputado federal Francisco Silva (PST-RJ), que é dono da rádio evangélica Melodia e indicou Eduardo Cunha para o cargo. Em carta ao governador, Silva pede: "Se, após concluídas as apurações, nada ficar comprovado contra ele (Cunha), o senhor, que sempre se pautou pela justiça, o reconduza ao cargo que agora lhe devolvo".
Mesmo aceitando os pedidos, Garotinho saiu ontem em defesa dos colaboradores, em entrevista à TV. "Não foi punição porque, até prova em contrário, o trabalho deles merece minha confiança. Eles estão apenas deixando o governador à vontade para aguardar o fim das apurações", disse.
Até o fim da tarde de ontem, o governador não havia anunciado o nome do sucessor de Cunha na Cehab. Mas afirmou à Folhaque "será um técnico e não será da quota de Francisco Silva".
Na carta ao governador, que chama de "meu irmão querido", o deputado Francisco Silva, ex-secretário de Habitação de Garotinho, diz que a permanência de Cunha à frente da Cehab estava dando motivo aos "aproveitadores e caluniadores" para continuar a "apedrejá-lo (Garotinho), a fim de que o sonho do povo de Deus não se concretize, para levá-lo à Presidência da República".
Silva, anfitrião de Garotinho em encontros evangélicos em todo o país, afirma querer evitar "qualquer espécie de especulação maldosa, que diga que o irmão Eduardo Cunha está sendo protegido pelo fato de ser evangélico".
Em nota oficial, Eduardo Cunha afirma que "não pediu demissão nem foi demitido", e que espera voltar ao cargo assim que ficar comprovada sua inocência.
Na nota, Cunha afirma que não favoreceu a Grande Piso e que já provou sua inocência "de forma cabal e contundente" nos documentos que o governador encaminhou ao Ministério Público.
Outra razão que levou os dirigentes do PDT e do PT a pedirem a demissão de Cunha foram suas relações com o argentino Jorge La Salvia, ex-procurador de Paulo César Farias. Representando a empresa Caci, La Salvia ganhou duas licitações para prestar serviços de informática à Cehab (uma delas é questionada na Justiça).


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