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RIO DE JANEIRO
Sobe para cinco o número de membros da gestão pedetista afastados sob denúncia de corrupção
Garotinho afasta presidente da Cehab
da Sucursal do Rio
A crise no governo do Rio provocou ontem mais quatro demissões, elevando para cinco o número de auxiliares do governador
Anthony Garotinho (PDT) afastados por denúncias de irregularidades em apenas três dias.
Garotinho aceitou os pedidos
de demissão de Eduardo Cunha,
presidente da Cehab (Companhia
Estadual de Habitação), Ranulfo
Vidigal, presidente da Asep
(Agência Reguladora de Serviços
Públicos), Carlos Siqueira, presidente da Emop (Empresa de
obras Públicas) e Paulo Gomes,
secretário da Defesa Civil.
Cunha, que integrou o PRN de
Fernando Collor de Mello, foi
acusado de suposto favorecimento à construtora paranaense
Grande Piso, do também ex-collorido Roberto Sass, em quatro
licitações do conjunto Nova Sepetiba, o maior projeto habitacional
do Estado. As obras do conjunto
foram paralisadas pela Justiça depois que a Folha revelou que não
tinham licença ambiental.
Vidigal foi acusado de suposta
cobrança de comissão a concessionárias de serviços privatizados;
Siqueira, de ter feito superfaturamentos quando foi secretário de
Obras de Garotinho, na Prefeitura
de Campos. Gomes, que, como
secretário da Defesa Civil, comandava o Corpo de Bombeiros, foi
afastado sob acusação de favorecer sua mulher, sócia de uma empresa que atua na prestação de
serviços de brigada de incêndio.
O primeiro a cair foi o presidente da Cehab, cujo pedido de afastamento foi feito pelo deputado
federal Francisco Silva (PST-RJ),
que é dono da rádio evangélica
Melodia e indicou Eduardo Cunha para o cargo. Em carta ao governador, Silva pede: "Se, após
concluídas as apurações, nada ficar comprovado contra ele (Cunha), o senhor, que sempre se
pautou pela justiça, o reconduza
ao cargo que agora lhe devolvo".
Mesmo aceitando os pedidos,
Garotinho saiu ontem em defesa
dos colaboradores, em entrevista
à TV. "Não foi punição porque,
até prova em contrário, o trabalho
deles merece minha confiança.
Eles estão apenas deixando o governador à vontade para aguardar o fim das apurações", disse.
Até o fim da tarde de ontem, o
governador não havia anunciado
o nome do sucessor de Cunha na
Cehab. Mas afirmou à Folhaque
"será um técnico e não será da
quota de Francisco Silva".
Na carta ao governador, que
chama de "meu irmão querido",
o deputado Francisco Silva, ex-secretário de Habitação de Garotinho, diz que a permanência de
Cunha à frente da Cehab estava
dando motivo aos "aproveitadores e caluniadores" para continuar a "apedrejá-lo (Garotinho),
a fim de que o sonho do povo de
Deus não se concretize, para levá-lo à Presidência da República".
Silva, anfitrião de Garotinho em
encontros evangélicos em todo o
país, afirma querer evitar "qualquer espécie de especulação maldosa, que diga que o irmão
Eduardo Cunha está sendo protegido pelo fato de ser evangélico".
Em nota oficial, Eduardo Cunha
afirma que "não pediu demissão
nem foi demitido", e que espera
voltar ao cargo assim que ficar
comprovada sua inocência.
Na nota, Cunha afirma que não
favoreceu a Grande Piso e que já
provou sua inocência "de forma
cabal e contundente" nos documentos que o governador encaminhou ao Ministério Público.
Outra razão que levou os dirigentes do PDT e do PT a pedirem
a demissão de Cunha foram suas
relações com o argentino Jorge La
Salvia, ex-procurador de Paulo
César Farias. Representando a
empresa Caci, La Salvia ganhou
duas licitações para prestar serviços de informática à Cehab (uma
delas é questionada na Justiça).
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