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CRISE POLÍTICA
Partido retirou apoio na Assembléia do Rio, mas mantém cargos em secretarias
Governador dá ultimato aos petistas
FERNANDA DA ESCÓSSIA
LUIZ ANTÔNIO RYFF
da Sucursal do Rio
Depois de desafiar ontem o
presidente nacional do seu partido, Leonel Brizola, o governador Anthony Garotinho (PDT),
conseguiu uma vitória na crise
com seu partido dando um ultimato ao PT e prometendo uma
"recomposição" no governo.
Garotinho praticamente expulsou o PT do governo e exigiu
do partido apoio integral, cobrando a resposta para ontem à
noite. O PT retirou o apoio ao
governo na Assembléia Legislativa, mas permanece com três
secretarias. O ultimato acabou
adiado para às 13h de hoje,
quando o presidente nacional
petista, José Dirceu, chega ao Rio
para encontrar o governador.
"Se a bancada (da Assembléia)
já decidiu abandonar, tem de
entregar os cargos. Se não voltar
atrás, vai ter que sair. Se não entregar, vou demitir. Ou está dentro, ou está fora", afirmou Garotinho, ao final da reunião com o
Conselho Político do PDT.
Questionado se estava expurgando o PT para superar a crise,
Garotinho reagiu: "Não estamos
expurgando o PT. Não posso admitir que deputados do PT continuem dizendo: "Vamos sair da
lama", como se fôssemos um
Frankenstein. Se não prestamos,
que nos deixem".
O PDT entrou na reunião em
pé de guerra com Garotinho, pedindo a renúncia coletiva do secretariado, envolvido em denúncias de corrupção.
No corredor da sede do PDT,
Garotinho -depois de chegar à
reunião de surpresa- bateu boca com Brizola diante dos jornalistas e disse que não admitia a
renúncia do secretariado, desafiando o líder pedetista.
Brizola disse que Garotinho ignorava o partido, chamou o governador de auto-suficiente e
ameaçou radicalizar: "Pois agora vamos fechar a nossa posição
no partido". O ex-governador
acusou Garotinho de apoiar a
corrupção: "Você está assinando fichas que não convêm ao
partido, porque é uma banda
podre no partido".
Na saída da reunião, recuo do
PDT e vitória de Garotinho, que
saiu fortalecido: ele conseguiu
tornar superada a proposta de
renúncia coletiva ao anunciar,
sem citar nomes, que demitiria
os acusados de corrupção e recomporia a equipe.
Há oito secretarias vagas, incluindo os dois auxiliares que
deixaram os cargos depois da divulgação das denúncias de corrupção. Garotinho não deu detalhes da recomposição nem
deixou claro como ela acontecerá, mas prometeu "sanear" o governo e apurar as denúncias.
Disse, porém, que não afastará
nem o secretário de Administração, Hugo Leal, nem o secretário
do Gabinete Civil, Jonas Lopes
de Carvalho, citados em dossiês
contra o governo. "Existem denúncias e denúncias", afirmou.
Garotinho disse que há ""interesses poderosos" orquestrando
as denúncias de corrupção contra seu governo. Voltou a citar a
investigação sobre o envolvimento do documentarista João
Moreira Salles com o traficante
Márcio Amaro de Oliveira, Marcinho VP. "Queriam que a lei do
João das couves não valesse para
o João do banco", afirmou.
Questionado sobre quem estaria à frente da campanha contra
ele, disse que era a Febraban (federação dos bancos). A família
de Salles é dona do Unibanco.
A Folha tentou, sem sucesso,
localizar a assessoria da Febraban para comentar o caso ontem
no começo da noite.
Garotinho disse que a reunião
foi melhor do que ele esperava.
"O que houve foi uma recuada
do Brizola e do PDT", afirmou.
Brizola voltou atrás com os líderes pedetistas. Disse que a
"banda podre" era força de expressão e que, com a promessa
de recomposição da equipe, a renúncia coletiva não era necessária. Garotinho e o PDT deixaram
prevista uma "agenda positiva"
de encontros e consultas.
É uma promessa de Garotinho
de consertar o pouco espaço que
o PDT julga ter nas decisões políticas de governo.
O deputado federal Miro Teixeira (PDT-RJ), um dos defensores da renúncia coletiva do secretariado, afirmou que Garotinho prometeu consultar o partido para indicar os novos nomes
de seu gabinete.
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