São Paulo, quinta-feira, 11 de abril de 2002

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MARKETING POLÍTICO

Nizan Guanaes ironiza Duda Mendonça, que retruca irritado

Marqueteiros de FHC e Lula batem boca em seminário

Raphael Falavigna/Folha Imagem
Os publicitários Nizan Guanaes e Duda Mendonça participam de debate em evento que discutiu o marketing político, em São Paulo


CLÁUDIA CROITOR
LIEGE ALBUQUERQUE


DA REPORTAGEM LOCAL

Uma provocação do publicitário Nizan Guanaes, ex-marqueteiro da campanha de Roseana Sarney (PFL) à Presidência e que atualmente cuida da imagem do presidente Fernando Henrique Cardoso, gerou um bate-boca com o marqueteiro da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em debate entre os dois promovido pelo seminário MaxiVoto, que terminou ontem, em São Paulo.
"Eu amadureci nos últimos anos, mas não estou preparado para dirigir o país", disse Nizan, em resposta à defesa acalorada do PT feita por Duda, que afirmou ter aceito trabalhar na quarta campanha de Lula à Presidência porque o petista estaria mais "maduro". "O Lula se permitiu mudar, e o PT como um todo está amadurecido", afirmou.
Depois da resposta de Nizan, Duda reclamou que o colega de estava espalhando "brincadeiras" sobre o PT, referindo-se a declarações de Nizan que comparavam o PT ao Taleban (milícia extremista islâmica que governou o Afeganistão de 1996 até 2001).
Nizan rebateu: "Não há nada que eu tenha falado do PT que seja ao menos parecido com o que você falou na campanha de Maluf [para a prefeitura de São Paulo, em 1992, na qual Duda trabalhou para o então candidato do PDS"".
Duda havia iniciado a conversa dizendo que apenas o candidato do PT tinha "compromisso e história" com o social. "Se um extraterrestre chegasse aqui durante a campanha, iria achar que todos os candidatos eram de esquerda, porque os discursos são todos iguais. Mas todo mundo sabe que ninguém tem mais compromisso com o social que o Lula" disse.
"Não é só honestidade e compromisso que contam. É preciso ter consistência para dirigir o Brasil", respondeu Nizan.
O marqueteiro do PT reclamou quando questionado por que Lula passou a aparecer usando sempre terno e gravata, com "cara de empresário", distanciando-se da imagem de operário que o consagrou. "Antes batiam no Lula porque ele não se vestia bem e era muito radical. Agora, o criticam porque ele está bem vestido e falando bem", afirmou Duda.
Em mais uma "alfinetada" no colega, Nizan afirmou que "jamais falaria para [algum político" trocar de óculos ou mudar o jeito de se vestir" para uma campanha, em referência indireta a Duda, que em 92 fez algumas mudanças na imagem de Paulo Maluf, como trocar a armação de seus óculos, considerada "pesada".
"É uma aberração fazer alguém parecer o que não é numa campanha", disse Nizan, usando o pré-candidato do PSDB como exemplo: "Serra, por exemplo, não pode ser vendido como uma "Nossa Senhora da Simpatia". O Lula tem mais simpatia, mas tem menos preparo".
O publicitário afirmou que seu maior erro como marqueteiro foi ter trabalhado para a campanha de José Serra (PSDB) à Prefeitura de São Paulo, em 1996. "Eu não queria, ele também não. Foram dois equívocos: ele sair para prefeito e eu como marqueteiro".
Nizan disse ainda que o ex-governador do Ceará, Tasso Jereissati (PSDB), teria sido seu candidato ideal à Presidência.
Depois da discussão sobre o PT, os dois publicitários passaram a trocar amabilidades e mostrar idéias parecidas. Ambos foram unânimes ao afirmar que a campanha atual tem "excelente nível de candidatos" e que não há candidatos de direita. "Mesmo Roseana, apesar do partido [PFL" e de tudo o que está acontecendo agora, não tem um passado de direita", disse Duda.
Sem se referir diretamente à sua saída da campanha da pefelista, Nizan disse que prefere não trabalhar em campanhas. "Engordo muito. É tudo muito tenso."


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