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Banqueiro elogia moderação do PT
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
O discurso do PT tranquiliza os
empresários. Ontem, após liderar
um grupo que sabatinou por duas
horas o economista Guido Mantega, coordenador da equipe do
programa econômico do pré-candidato Luiz Inácio Lula da Silva
(PT), o presidente do Lloyds TSB
Bank no Brasil, Roberto Pasquali,
disse: "Nossos clientes acharam
que foi um discurso moderado,
que não assusta de jeito nenhum".
A moderação festejada pelo empresário não impediu Mantega de
dizer que a Petrobras está com excessiva liberdade de preços e auferindo lucros exagerados.
"A Petrobras não pode exercer
pressões inflacionárias sobre a
economia só para ter um lucro extraordinário. Ela não será tão livre
como hoje", disse Mantega, repetindo a mesma tese defendida por
José Serra, pré-candidato do
PSDB à Presidência da República.
Pasquali disse que o banco dirigido por ele, braço do poderoso
Lloyds TSB, de Londres, repetiu
ontem no Rio um evento que já
havia sido feito para os clientes de
São Paulo. "O cenário apresentado nos deixa muito tranquilos",
afirmou o presidente do Lloyds.
Para o executivo, "o PT está
muito maduro" e tem caminhado
para uma posição mais próxima
do centro. "Não é à toa que as pesquisas têm dado o PT na frente até
agora", disse. Pasquali considera
que a corrente moderada tem o
controle do PT. "Há uma corrente
radical, como em qualquer parte
do mundo", ponderou.
Discurso
O presidente do Lloyds disse
que o discurso apresentado por
Mantega está parecido com o de
Serra, concluindo daí que, ao menos no campo econômico, "caminhamos para um momento eleitoral sem grandes turbulências".
Mantega disse aos empresários
que o controle da inflação e das
contas públicas são prioridades
do PT e que a estabilidade econômica não tem coloração ideológica, um ponto de vista há muito
defendido pelo ministro da Fazenda, Pedro Malan.
O economista ressalvou apenas
que a meta de inflação não pode
ser tão apertada como a que vem
fixando o atual governo. "O Brasil
não é a Suíça", argumentou.
Mantega acha que uma meta de
4,5% (a oficial deste ano é de
3,5%, com tolerância de dois pontos, para cima ou para baixo) seria
mais factível, dando espaço ao governo para reduzir os juros e, com
isso, estimular o crescimento econômico do país.
Ele concorda também que, para
efeito de meta, a inflação tem que
ter um núcleo (forma de medir os
preços que expurga itens muito
voláteis).
Mantega disse também que no
governo do PT não haverá quebra
de contratos ou qualquer tipo de
calote, seja da dívida interna ou
da interna.
Disse que o capital estrangeiro,
exceto o especulativo, é bem-vindo e não descartou a hipótese de o
estatal BNDES (Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico
e Social) financiar empresas estrangeiras, embora considere que
a prioridade deva ser para as empresas nacionais.
Disse ainda que, como os preços administrados (tarifas públicas) pressionam muito a inflação,
o PT tentará uma fórmula negociada de rever os contratos que foram assinados com as empresas
de energia elétrica privatizadas,
especialmente a parte que indexa
as tarifas à variação cambial.
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