São Paulo, quinta-feira, 11 de abril de 2002

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Banqueiro elogia moderação do PT

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

O discurso do PT tranquiliza os empresários. Ontem, após liderar um grupo que sabatinou por duas horas o economista Guido Mantega, coordenador da equipe do programa econômico do pré-candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o presidente do Lloyds TSB Bank no Brasil, Roberto Pasquali, disse: "Nossos clientes acharam que foi um discurso moderado, que não assusta de jeito nenhum".
A moderação festejada pelo empresário não impediu Mantega de dizer que a Petrobras está com excessiva liberdade de preços e auferindo lucros exagerados.
"A Petrobras não pode exercer pressões inflacionárias sobre a economia só para ter um lucro extraordinário. Ela não será tão livre como hoje", disse Mantega, repetindo a mesma tese defendida por José Serra, pré-candidato do PSDB à Presidência da República.
Pasquali disse que o banco dirigido por ele, braço do poderoso Lloyds TSB, de Londres, repetiu ontem no Rio um evento que já havia sido feito para os clientes de São Paulo. "O cenário apresentado nos deixa muito tranquilos", afirmou o presidente do Lloyds.
Para o executivo, "o PT está muito maduro" e tem caminhado para uma posição mais próxima do centro. "Não é à toa que as pesquisas têm dado o PT na frente até agora", disse. Pasquali considera que a corrente moderada tem o controle do PT. "Há uma corrente radical, como em qualquer parte do mundo", ponderou.

Discurso
O presidente do Lloyds disse que o discurso apresentado por Mantega está parecido com o de Serra, concluindo daí que, ao menos no campo econômico, "caminhamos para um momento eleitoral sem grandes turbulências".
Mantega disse aos empresários que o controle da inflação e das contas públicas são prioridades do PT e que a estabilidade econômica não tem coloração ideológica, um ponto de vista há muito defendido pelo ministro da Fazenda, Pedro Malan.
O economista ressalvou apenas que a meta de inflação não pode ser tão apertada como a que vem fixando o atual governo. "O Brasil não é a Suíça", argumentou.
Mantega acha que uma meta de 4,5% (a oficial deste ano é de 3,5%, com tolerância de dois pontos, para cima ou para baixo) seria mais factível, dando espaço ao governo para reduzir os juros e, com isso, estimular o crescimento econômico do país.
Ele concorda também que, para efeito de meta, a inflação tem que ter um núcleo (forma de medir os preços que expurga itens muito voláteis).
Mantega disse também que no governo do PT não haverá quebra de contratos ou qualquer tipo de calote, seja da dívida interna ou da interna.
Disse que o capital estrangeiro, exceto o especulativo, é bem-vindo e não descartou a hipótese de o estatal BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) financiar empresas estrangeiras, embora considere que a prioridade deva ser para as empresas nacionais.
Disse ainda que, como os preços administrados (tarifas públicas) pressionam muito a inflação, o PT tentará uma fórmula negociada de rever os contratos que foram assinados com as empresas de energia elétrica privatizadas, especialmente a parte que indexa as tarifas à variação cambial.



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