São Paulo, quinta-feira, 11 de abril de 2002

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LIGAÇÕES PERIGOSAS

Privatização das teles
O Ministério Público apura a atuação de Ricardo Sérgio no processo de privatização das empresas de telefonia, ocorrido em 98. O ex-senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) diz ter ouvido de Daniel Dantas, dono do banco Opportunity, e de Carlos Jereissati, dono do grupo La Fonte, que Ricardo Sérgio cobrara propina de R$ 90 milhões durante a privatização. Seria o "pedágio" por unir a Previ (fundo de pensão do Banco do Brasil) ao consórcio que ficou com a Telemar. O ex-diretor do BB sempre negou a acusação e se diz vítima de calúnia

Delegado afastado
Em março deste ano, o delegado da Polícia Federal Marcelo Itagiba, apontado como o possível diretor-geral da PF em eventual governo Serra, afastou o também delegado Deuler da Rocha, que investigava Ricardo Sérgio. As apurações de Rocha prometiam implicar o executivo nas supostas irregularidades na privatização

Grampos do BNDES
Em conversa captada pelos grampos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), em 98, Ricardo Sérgio afirmou ao ex-ministro das Comunicações Luiz Carlos Mendonça de Barros: "Estamos no limite de nossa irresponsabilidade". Referia-se à participação do BB e da Previ na privatização

Depoimento
Em março deste ano, Ricardo Sérgio depôs na Justiça sobre os grampos no BNDES. Ele fora citado por Mendonça de Barros, em depoimento na Justiça, como um dos responsáveis pelo vazamento das fitas. O ex-ministro também disse que Ricardo Sérgio o teria procurado e, em tom de ameaça, teria dito saber da existência de fitas gravadas por serviço reservado do BB. O ex-diretor disse que desconhecia os grampos e negou ter falado com o ex-ministro em tom de ameaça

"Imprudência"
Relatório do BC de 2001 responsabiliza o ex-diretor por irregularidades em operação que garantiu a participação da empresa Solpart Participações S.A., do Opportunity, no consórcio que disputou o leilão da Telebrás. Houve, segundo o BC, "imprudência na gestão dos negócios" do BB -o que, "em tese, configura delito" previsto em lei

Caixa dois de FHC
A Receita investiga as declarações de renda de oito pessoas que coletaram dinheiro para o caixa dois da reeleição de FHC. Entre elas, Ricardo Sérgio. Ele movimentou no biênio 98/99 R$ 4,69 milhões. As declarações dele indicam rendimentos incompatíveis com o volume movimentado. Numa das planilhas eletrônicas sigilosas do comitê eleitoral de FHC, Jair Bilachi (ex-presidente da Previ) aparece como contato na Previ e na Funcef (fundo da Caixa Econômica Federal). As citações são precedidas pelo nome de Ricardo Sérgio

Operações de câmbio
Documento do BC de março deste ano, que trata de processo relativo a contratos de câmbio de 96, acusa Ricardo Sérgio de "desleixo no cumprimento de sua obrigação de zelar pela eficácia de um sistema de controles internos das operações de câmbio" e de ter sido "negligente". Condenado pelo BC a pagar multa de R$ 25 mil, ele recorreu ao Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional, que manteve a condenação, diminuindo a multa para R$ 5 mil. Liminar da Justiça suspendeu o pagamento. Ele diz que, como diretor, não podia controlar todas as operações realizadas nas agências



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