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REFORMAS
Discussão sobre o ICMS e a taxação de inativos fica para quarta
Governo quer dividir ônus de mudanças com Estados
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
No dia em que entregou a cinco
governadores os documentos-base das reformas tributária e previdenciária, o governo mostra que
quer dividir o ônus com eles sobre
as duas questões mais polêmicas
dos projetos: a definição do local
de cobrança do novo ICMS e a taxação de servidores inativos.
O governo não fechou questão
sobre as duas propostas justamente para não criar atritos com
os 27 governadores que têm um
encontro com o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva na próxima
quarta-feira.
A decisão de deixar os pontos
polêmicos para a próxima quarta
foi tomada em reunião ontem, em
Brasília, entre três ministros de
Lula -José Dirceu (Casa Civil),
Antonio Palocci Filho (Fazenda) e
Ricardo Berzoini (Previdência)-
e cinco governadores: Geraldo
Alckmin (PSDB-SP), Germano
Rigotto (PMDB-RS), Zeca do PT
(PT-MS), Ronaldo Lessa (PSB-AL) e Paulo Hartung (PSB-ES).
A Folha obteve os dois documentos-base. No caso da reforma
tributária, o texto se concentra
nos aspectos públicos da proposta do governo e indica que ainda
há pontos em aberto. No caso da
previdenciária, o projeto exclui a
taxação dos servidores públicos já
aposentados, mas prevê a taxação
daqueles que se aposentarem
após a aprovação da reforma.
Divergências
Na tributária, os governadores
estão divididos sobre a definição
da cobrança do novo ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), se deve ocorrer
no Estado de origem do produto
ou no destino onde é consumido.
A reforma tributária tomou
quase todo o tempo da reunião de
ontem entre o governo e os governadores. Ao sair do Palácio do
Planalto ontem, o governador de
São Paulo, Geraldo Alckmin
(PSDB), acenou com um gesto de
conciliação em direção à reforma
tributária proposta pelo Planalto,
dizendo que não é contrário mudança na tributação do ICMS da
origem para o destino.
Alckmin disse que aceita a tese,
desde que seja criado um fundo
de compensação federal para os
Estados. "Não somos contra mudar a cobrança da origem para o
destino. O que precisa é haver
compensação para os chamados
Estados exportadores. Construído esse mecanismo, não haveria
problema", afirmou o governador tucano sem explicar qual seria
a compensação.
Alckmin avaliou ainda que existem apenas pequenos ajustes a serem feitos na proposta de reforma
tributária, mas não quis especificar quais. Para ele, o importante é
o apoio político já conquistado,
facilitado pela postergação da discussão sobre a mudança na tributação do ICMS.
Os governadores de São Paulo e
do Rio Grande do Sul também defenderam que essa modificação
-que afetaria de forma negativa
a arrecadação de seus Estados-
seja feita por emenda constitucional, não por lei complementar,
como prefere o governo.
"Origem e destino não vão ser
tratados agora. Quando isso for
discutido, será por emenda constitucional. Nunca pode ser por lei
complementar", disse Alckmin.
Ambos governadores defenderam o mínimo de sete anos para o
período de transição na mudança. Para eles, a unificação da leis
do ICMS, com a implementação
de cinco faixas de cobrança, já é
um grande avanço.
Após o encontro de quarta-feira, Lula pretende levar os projetos
ao Congresso, acompanhado pelos governadores e por integrantes do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. Hoje,
Dirceu se reúne com os governadores do Nordeste em Natal (RN).
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