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Lula acena com R$ 1,3 bi por ano a mais para municípios
Presidente promete aumento do repasse do Fundo de Participação dos Municípios
Segundo o petista, proposta de reforma tributária que está no Congresso, acertada
com governadores, não interessa mais ao Planalto
EDUARDO SCOLESE
FELIPE SELIGMAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pressionado pela presença
de cerca de 3.000 prefeitos em
Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva acenou com
mais verbas para os municípios
e afirmou que a reforma tributária que está no Congresso não
interessa mais ao Planalto.
O que mais agradou aos prefeitos da 10ª Marcha em Defesa
dos Municípios, aberta ontem,
foi a decisão de propor à base
aliada que vote, separadamente
à proposta de reforma tributária que está parada no Congresso, o aumento do Fundo de Participação dos Municípios, de
22,5% para 23,5% da arrecadação federal do Imposto de Renda e do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados).
Com isso, o governo diminuiria o seu orçamento e aumentaria o repasse aos municípios.
Na prática, nenhuma área específica do governo perderá dinheiro com o novo afago aos
prefeitos. O aumento do FPM,
em cerca de R$ 1,3 bilhão, sairá
de um bolo da arrecadação geral do governo com IR e IPI.
"A reforma tributária que estava prevista no Congresso já
não é mais a reforma tributária
que nos interessa", disse Lula
aos prefeitos. A reforma tributária que está no Congresso foi
negociada, em grande parte,
com os governadores, e falta
aprovar a unificação da legislação do ICMS e o fim da guerra
fiscal, dois temas de interesse
dos governadores.
Os governadores, aliás, foram outra platéia para a qual
Lula fez promessas na mais recente reunião conjunta, em 6
de março. Prometeu estudar
desonerações de PIS e Cofins
que não saíram do papel.
Aumento
Na Câmara, o presidente Arlindo Chinaglia (PT-SP) reuniu
líderes da base aliada e da oposição e foi definido que o aumento será colocado em votação assim que as medidas provisórias que trancam a pauta da
Casa forem todas votadas. Segundo os organizadores da
marcha, o aumento no FPM representa R$ 1,3 bilhão a mais
por ano aos municípios.
"Não temos por que exigir
votação simultânea. Admitimos que haverá outra proposta
de reforma tributária", disse o
ministro Walfrido dos Mares
Guia (Relações Institucionais).
O aumento do FPM é uma
pendência de quatro anos entre
governo e prefeitos. O aumento
do FPM foi oferecido pelo governo para atrair o apoio dos
prefeitos à reforma, que ficou
paralisada no Congresso por
falta de consenso político. A
partir daí, cresceu a pressão para desmembrar o texto e votar
apenas o benefício às cidades, o
que o governo rejeitava.
Ontem, Lula ouviu cobranças do presidente da CNM
(Confederação Nacional dos
Municípios), Paulo Ziulkoski.
Ele disse que o país vive um
"pré-apagão" nas prefeituras.
Lula falou por meia hora e de
improviso. Elogiou as reivindicações e atacou a relação do governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) com os municípios. "Sei que a coisa não está bem nos municípios, a não
ser nos municípios ricos."
Ao final do discurso, anunciou medidas aos prefeitos. Primeiro falou no aumento do
FPM. Foi aplaudido. A seguir,
anunciou a redução da contrapartida exigida às prefeituras
para firmar convênios do PAC
(Programa de Aceleração do
Crescimento) em habitação e
saneamento. A contrapartida,
antes entre 3% e 20%, será agora estipulada entre 0,1% e 5%, a
depender o tamanho do município e de sua população.
Lula refez a promessa feita
na marcha do ano passado de
criar postos de atendimento a
prefeitos em agências da Caixa
Econômica Federal de todas as
capitais. Até agora, apenas duas
estão funcionando. Ontem, a
Caixa anunciou a criação de outras nove. "Eu espero que antes
da próxima marcha, assine para
os 27 Estados", disse Lula.
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