São Paulo, quarta-feira, 11 de abril de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Deputados decidem que não vão trabalhar às segundas

Líderes alegam que parlamentares precisam do dia para visitar bases eleitorais

Na reunião, os deputados reafirmaram a intenção de aumentarem seus salários de R$ 12.847 para R$ 16.250 depois da votação das MPs


RANIER BRAGON
LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Reunidos ontem para tratar dos projetos prioritários do Congresso, os líderes partidários na Câmara dos Deputados decidiram que não vão mais realizar votações às segundas-feiras, o que ressuscitará a tradição segundo a qual a Casa só "funciona" de terça a quinta.
No mesmo encontro, os deputados consolidaram a intenção de aprovar o aumento de seus próprios salários de R$ 12.847 para R$ 16.250 assim que o plenário conseguir votar as medidas provisórias que têm prioridade na tramitação. Hoje, a Mesa da Câmara se reúne e deve discutir o aumento da verba para que deputados contratem assessores, de R$ 50,8 mil para R$ 65,1 mil ao mês.
"Se chegar na segunda-feira nos gabinetes dos Estados, têm pedidos numerosos de audiências. Seria até mais cômodo o deputado ficar de segunda a sexta em Brasília, distante da base que o pressiona", justificou o líder da bancada do PT, deputado Luiz Sérgio (RJ), sobre a volta da "semana de três dias". Pelo acordo, as votações de segunda serão realizadas nas manhãs de terça.
As votações nas segundas foram introduzidas pelo presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP). Até então, prevalecia a tradição de reservar as segundas e sextas para que os deputados voltem aos Estados.
"Isso dá aos deputados a oportunidade de trabalhar nos seus municípios. Deputado que é eleito e que não volta às suas bases é deputado de um mandato só", disse Jovair Arantes (GO), líder da bancada do PTB.
Outro assunto discutido na reunião foi o número de assessores que cada gabinete partidário da Câmara terá. Hoje são 982, com salários que chegam a R$ 8.219, mas os deputados acham pouco e disseram que o "cobertor ficou curto" após o corte de assessores feito em 2006 na gestão de Aldo Rebelo (PC do B-SP). Vários partidos não aceitam perder assessores -e os nanicos também querem cargos. Nova reunião tratará do assunto na semana que vem.
Na parte da reunião que cuidou de projetos, houve consenso sobre a criação de uma nova proposta de reforma política, que englobaria as propostas hoje em tramitação.
Em relação à proposta de emenda à Constituição que dificulta a prática do nepotismo no serviço público, quase todos os líderes partidários manifestaram intenção de votar o texto nas próximas semanas.
Na Câmara, já há restrição para contratação de parentes para determinados cargos. Nesse grupo, insere-se o caso do ex-enteado do deputado Virgílio Guimarães (PT-MG), que ocupa um cargo não-concursado na presidência da Câmara (com salário de R$ 6.063). O posto está incluído na restrição antinepotista. Virgílio diz que o responsável pela contratação foi o ex-presidente da Câmara João Paulo (PT-SP).


Texto Anterior: Mato Grosso do Sul: Governo exige que beneficiado trabalhe
Próximo Texto: Assessores são afastados por suposta fraude
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.