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Empresa comprou votos na Paraíba, diz PF
Inquérito aponta que o governador Cássio Cunha Lima foi beneficiado por operadores que negociaram com o governo
Depois de comprar créditos imobiliários do Estado, com deságio de 86%, envolvidos na ação deram R$ 200 mil a suspeito de comprar votos
CÍNTIA ACAYABA
DA AGÊNCIA FOLHA
Parte do dinheiro apreendido por fiscais do TRE (Tribunal
Regional Eleitoral) da Paraíba
em um prédio de João Pessoa
durante as eleições de 2006, e
que, segundo a Polícia Federal,
tinha como objetivo comprar
votos para o governador Cássio
Cunha Lima (PSDB), saiu da
conta de operadores de uma
empresa que comprou créditos
imobiliários do Estado com valores baixos.
A investigação apontou que a
empresa fluminense Gestora
de Recebíveis Tetto Habitação
comprou carteiras de créditos
imobiliários da Cehap (Companhia Estadual de Habitação Popular) e do Ipep (Instituto de
Previdência do Estado da Paraíba) com deságio de 86%.
Segundo o inquérito, o valor
de face dos contratos era de R$
329 milhões, e a Tetto pagou R$
47,1 milhões, ou 14% do total.
De acordo com a PF, R$ 200
mil foram transferidos por
Olímpio Vianna e Fernando
Mello, que participaram da
venda das carteiras de crédito,
para a conta de Olavo Cruz de
Lira, indiciado sob suspeita de
compra de votos e dono de uma
locadora que alugava carros para o governo, conforme a Folha
informou ontem.
A transferência, apontou a
conclusão do inquérito, foi feita de maneira "pulverizada",
em várias agências bancárias,
em "clara intenção de fugir do
controle" da fiscalização.
No dia 26 de outubro, antevéspera do segundo turno das
eleições, Vianna e Mello transferiram R$ 40 mil para uma
conta de Olavo Lira. Vianna
também transferiu, no mesmo
dia, R$ 30 mil para a conta da
mulher de Lira.
Nos dias 26 e 27 de outubro,
Lira e funcionários de sua empresa sacaram cerca de R$ 200
mil de agências bancárias para
onde Vianna e Mello haviam
transferido dinheiro.
De acordo com Lira, em depoimento à PF, o dinheiro enviado a ele era o pagamento da
primeira parcela da compra de
ações de uma de suas empresas, a Agroindustrial Lira. Porém, conforme o inquérito, a
Junta Comercial não registrou
a venda da empresa.
No dia 27 e 28, fiscais do TRE
apreenderam cerca de R$ 406
mil, 40 camisetas amarelas
(cor da campanha de Cunha Lima) e boletos de pagamento de
contas de água, luz e telefone
de eleitores pobres. No inquérito, algumas pessoas confirmaram que tiveram contas pagas por terceiros.
Ao final do inquérito, a PF
pediu a remessa da cópia integral do documento ao Ministério Público Federal "para que
sejam abertos novos procedimentos com o intuito de investigar a operação de venda das
carteiras de crédito da Cehap e
do Ipep à Tetto". "Essa medida
é necessária, pois há indícios da
existência de crimes contra o
sistema financeiro e contra a
ordem tributária", afirmou.
A oposição na Assembléia
entrou com representação na
Procuradoria pedindo apuração sobre irregularidades e pediu a abertura de CPI. O governador já foi cassado e está no
cargo porque recorreu ao TSE.
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