São Paulo, sexta-feira, 11 de abril de 2008

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Convênio com ONG suspeita beneficiou 32 cidades de PE

Valor de R$ 6,4 mi foi para Estado de Eduardo Campos

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

O convênio de R$ 6,4 milhões firmado entre o Ministério da Ciência e Tecnologia e o Instituto Xingó -entidade dirigida pelo tesoureiro do PSB de Pernambuco, Gilberto Rodrigues- beneficiou 32 municípios do Estado, que é governado pelo ex-ministro da pasta e presidente nacional do partido, Eduardo Campos.
A solenidade que formalizou o "termo de cooperação técnica" entre o ministério, o Estado e o instituto foi assinado no dia 26 de março de 2007. O programa previa o desenvolvimento de ações de difusão de tecnologias, capacitação técnica e apoio a arranjos produtivos.
Participaram da cerimônia o governador, o diretor da entidade e o ministro Sérgio Rezende, que sucedeu Campos no ministério e também é ligado ao PSB. O ato foi registrado no site do governo do Estado.
Reportagem publicada ontem pela Folha revelou que uma auditoria do TCU (Tribunal de Contas da União) encontrou indícios de irregularidades no Instituto de Desenvolvimento Científico e Tecnológico de Xingó, como a falta de critério para sua escolha pelo ministério, superfaturamento e uso de notas fiscais frias.
A organização recebeu cerca de R$ 11,4 milhões do ministério nos últimos três anos. Campos participou diretamente dos três contratos com o instituto. O convênio de R$ 6,4 milhões foi assinado por Rezende, mas o governador havia participado, como deputado federal e autor de emenda ao Orçamento de 2006, do programa que destina verba ao instituto.
Integrante da comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na viagem a Holanda, ele disse que não considerou a filiação partidária de Rodrigues ao contratar a entidade.
A Folha apurou que a ligação do dirigente com a família do governador é antiga e remonta ao período em que o avô de Campos, Miguel Arraes (1916-2005), comandava as principais forças políticas do Estado.
Rodrigues é considerado um dos braços políticos da família na região conhecida como Sertão do Pajeú, localizada a cerca de 400 quilômetros de Recife.
Na Assembléia Legislativa, deputados pediram esclarecimentos públicos a Campos.
A Folha telefonou para a assessoria de Eduardo Campos, mas não conseguiu falar com os assessores. Um recado foi deixado com a secretária, mas ninguém telefonou de volta.


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