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Serra acusa PT de dividir o país e cultuar impunidade
No lançamento da pré-candidatura, tucano conclama enfrentamento às "falanges do ódio"
Ex-governador cita exílio na ditadura para criticar apoio do governo Lula a Cuba e diz que, na democracia, operário não morre por greve de fome
CATIA SEABRA
SILVIO NAVARRO
ENVIADOS ESPECIAIS A BRASÍLIA
José Serra fez ontem, no ato
de lançamento de sua pré-candidatura à Presidência da República pelo PSDB, um discurso destinado a carimbar no PT
e em sua adversária Dilma
Rousseff o rótulo de sectarismo, intolerância e culto à impunidade. Sem citar o nome dela nem o do presidente Lula, o
tucano acusou o governo petista de tentar "dividir o Brasil"
entre pobres e ricos.
"É deplorável que haja
gente
que, em nome da política, tente
dividir o nosso Brasil. Não aceito o raciocínio do nós contra
eles. Não cabe na vida de uma
nação", discursou Serra, que só
concluiu a redação de seu discurso na madrugada de ontem.
O lançamento de Serra reuniu cerca de 4.000 pessoas, segundo os organizadores, no
Centro de Convenções Brasil
21, em Brasília. Várias vezes ele
repetiu o slogan "O Brasil pode
mais". Também foi lançado jingle repetindo o da campanha de
2004 do tucano à Prefeitura,
que diz que "Serra é do bem".
O tucano valeu-se de sua biografia -dos tempos de exílio-
para atacar o apoio do governo
Lula ao regime de Fidel Castro,
um dos pontos mais aplaudidos
de sua fala. "Não cultivemos
ilusões: democracias não têm
gente encarcerada ou condenada à forca por pensar diferente
de quem está no governo. Democracias não têm operários
morrendo por greve de fome."
No que foi lido como uma
alusão tanto aos escândalos do
governo Lula, como o mensalão, quanto às recentes críticas
de Lula a multas que recebeu
da Justiça Eleitoral, Serra
apontou a impunidade e o desrespeito à lei como mazelas do
Brasil. "No nosso país, nenhum
brasileiro estará acima da lei."
Ele criticou, ainda, o loteamento político de cargos. "No
país com que sonho para os
meus netos, o melhor caminho
para o sucesso e a prosperidade
será a matrícula numa boa escola, e não a carteirinha de um
partido político", disse o pré-candidato, que dedicou mais de
cinco minutos de sua fala à educação, apontada por adversários como um ponto fraco do
governo de São Paulo.
Num discurso de uma hora,
Serra foi aplaudido ao conclamar a militância ao enfrentamento aos opositores: "Às falanges do ódio que insistem em
dividir a nação vamos responder com nosso trabalho presente e nossa crença no futuro. [...]
Quanto mais mentiras eles disserem sobre nós, mais verdades
falaremos sobre eles".
Serra citou o arco de partidos
que sustentarão sua candidatura (PSDB, DEM, PPS, PSC e
PMN) e outras lideranças presentes, como o presidente do
PTB, Roberto Jefferson. Cometeu uma gafe ao anunciar que o
ex-governador do Pará Simão
Jatene era de Rondônia.
Disputa e diálogo
No discurso, intitulado "O
Brasil pode mais", Serra disse
não investirá na disputa entre
"Estados do Norte contra Estados do Sul", "azuis contra vermelhos, amarelos contra verdes". "De mim, ninguém deve
esperar que estimule disputas
de pobres contra ricos, ou de ricos contra pobres."
Apesar da ofensiva contra o
PT, Serra acenou com a possibilidade de diálogo, caso eleito.
Ao afirmar que, como governador, não discriminou a oposição, disse que jamais rotulará
"os adversários como inimigos
da pátria ou do povo".
Explorando pontos vulneráveis do governo para se contrapor a Dilma, ele defendeu a economia verde e o investimento
em infraestrutura. Criticou a
política fiscal e o "vertiginoso
crescimento do deficit do balanço de pagamentos."
Ao lembrar a redemocratização e o combate à inflação, voltou ao ataque: "Não foram conquistas de um só homem ou de
um só governo, muito menos
de um único partido".
Leia a íntegra do discurso
de Serra
www.folha.com.br/101001
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