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FORA DO PLANALTO
Presidente da CUT diz que não será "inocente útil" que dividirá oposição e chama FHC de "cara-de-pau"
Vicentinho reage à tentativa de isolar MST
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Fernando Henrique Cardoso recebeu ontem lideranças da Contag, numa tentativa
de isolar politicamente o MST. O
presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Vicente
Paulo da Silva, o Vicentinho, participou da audiência (a Contag é
filiada à CUT) e reivindicou que
FHC receba também os representantes do MST. Em manifestação
em Brasília, Vicentinho chamou
FHC de "cara-de-pau".
"Não queremos ser inocentes
úteis para ajudar o governo a dividir a mobilização dos trabalhadores", disse Vicentinho. Ele apontou como reivindicação comum
das entidades a revogação do pacote agrário, que impede desapropriação de terras invadidas.
Segundo Vicentinho e o presidente da Contag, Manoel dos Santos, o presidente disse que iria receber os líderes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra), apesar de ter criticado os métodos dos militantes.
"Ele disse que já tinha recebido
na mesma sala os militantes do
MST várias vezes", afirmou Vicentinho.
O ministro Raul Jungmann
(Desenvolvimento Agrário) contestou a afirmação de Vicentinho.
Disse que, para reabrir canal de
negociação com o governo, o
MST precisa negociar primeiramente com os ministros designados para essa missão -ele próprio e o ministro da Justiça, José
Gregori.
O MST insiste em que só aceita
negociar com o governo em reunião da qual participe um dos ministros da área econômica ou
mesmo o secretário-executivo do
Ministério da Fazenda, Amaury
Bier, desde que possa decidir.
Jungmann afirmou que o governo não pensa pelo menos nesta semana em negociar com o
MST. A prioridade, segundo ele, é
garantir o encaminhamento das
demais reivindicações da Contag.
Segundo ele, as medidas atendem também a reivindicações do
MST. Por exemplo, a redução de
juros beneficia os assentados ligados à entidade que contraíram
empréstimos anteriores pelo Pronaf. "Existe uma série de medidas
que contemplam reivindicações
do MST", disse Jungmann.
Os principais líderes do MST
não foram localizados ontem. A
entidade deve divulgar uma nota
hoje comentando as medidas
adotadas pelo governo ontem.
À tarde, em discurso na manifestação do "Grito da Terra", em
frente ao Congresso, Vicentinho
chamou FHC de "cara-de-pau".
"O presidente sempre nos recebe com sorrisos, e parece que vai
resolver tudo. É muita cara-de-pau. Ele deveria lavar o rosto com
óleo de peroba. Sempre fala, fala e
depois ferra. É igual a anestesista,
só que o anestesista salva a vida
das pessoas", afirmou.
O comentário foi feito quando
Vicentinho relatava aos manifestantes como havia sido o encontro com FHC.
Censura
O presidente da CUT disse que
cobrou explicações de FHC sobre
a censura da TV Educativa do Rio
a uma entrevista do líder do MST
João Pedro Stedile.
A entrevista não foi ao ar por
determinação do ministro Andrea Matarazzo (Comunicação de
Governo).
Segundo Vicentinho, FHC respondeu que não tinha nada a ver
com a decisão. "Olha só a cara-de-pau", afirmou o presidente da
CUT, repetindo o ataque.
Até o fechamento desta edição,
a assessoria de imprensa da Presidência não havia se manifestado
sobre as ofensas dirigidas ao presidente por Vicentinho.
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