São Paulo, quinta-feira, 11 de maio de 2000


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Governo promete recursos a aliados

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os partidos aliados ao presidente Fernando Henrique Cardoso decidiram obrigar os parlamentares a votarem a favor da medida provisória que fixou o salário mínimo em R$ 151. A votação no Congresso estava marcada para ontem à noite.
Antes da sessão, deputados de oposição admitiam que o governo venceria. Mesmo com a pressão do governo, os aliados reconheciam que haveria dissidências na votação.
O governo prometeu liberar recursos orçamentários para obras sugeridas pelos parlamentares e para convênios e ameaçou demitir afilhados políticos dos dissidentes para garantir a aprovação.
A mobilização governista começou às 8h30, com um café da manhã, no Palácio da Alvorada, que reuniu FHC, ministros políticos e líderes dos partidos aliados. O PMDB não compareceu.
FHC demonstrou preocupação aos presentes diante da possibilidade de ser grande o número de dissidentes na base governista.
Segundo a Folha apurou, FHC reafirmou que só haveria dois caminhos para os integrantes de partidos aliados: ou ficam no governo e votam com ele ou deixam de ser governo. Para o presidente, os dissidentes deveriam até sair dos partidos governistas e procurar os de oposição.
Em tom de desabafo, FHC disse que estava cansado de todas as vezes ficar brigando para manter a base aliada unida em torno de projetos de interesse do Executivo. Segundo ele, era preciso dar um basta na dissidência.
Escutavam o presidente o ministro da Fazenda, Pedro Malan, o presidente do Banco Central, Armínio Fraga, e os líderes governistas Aécio Neves (PSDB), Arnaldo Madeira (Câmara) e José Roberto Arruda (Senado).
À tarde, os líderes completaram a ofensiva no Congresso retirando infiéis de comissões técnicas importantes e ameaçando com punições partidárias que vão de advertência a expulsão.
O PSDB ameaçou abrir processo contra os dissidentes no conselho de ética do partido. O PMDB e o PFL abriam uma disputa para ver que partido seria mais fiel ao presidente na sessão.
A executiva do PFL se reuniu ontem e não fechou questão a favor do mínimo do governo, mas recomendou o voto a favor. O partido liberou três parlamentares da bancada baiana a votar contra o governo a pedido do presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA).
Ministros e governadores telefonaram para os parlamentares pedindo votos. Os deputados peemedebistas Gastão Vieira (MA) e Luiz Bittencourt (GO), por exemplo, foram procurados pelo ministro dos Transportes, Eliseu Padilha (PMDB), que apelou pela unidade do partido.
O principal trabalho da oposição ontem era estabelecer uma estratégia que garantisse a votação da proposta de um salário mínimo de R$ 177, mesmo prevendo derrota. Pelo regimento do Congresso, a preferência para votação é da proposta do relator que fixa o mínimo em R$ 151.


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