São Paulo, quinta-feira, 11 de maio de 2000


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CONGRESSO
Jader critica comportamento de FHC e chama ACM de "batedor de carteiras", "demagogo" e "irresponsável"
PMDB boicota reunião com presidente

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em protesto contra o afago do presidente Fernando Henrique Cardoso dirigido ao PFL e ao presidente do Congresso, senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), o PMDB boicotou o café da manhã no Palácio da Alvorada em que foi definida a estratégia de votação do salário mínimo.
Em jantar com ministros e parlamentares peemedebistas, o presidente nacional do partido, senador Jader Barbalho (PA), demonstrou sua insatisfação com Fernando Henrique Cardoso e atacou ACM, com frases duras. A Folha apurou que Jader chamou ACM de "batedor de carteiras", "demagogo" e "irresponsável".
No discurso aos parlamentares do PMDB, Jader criticou a decisão de FHC, que encaminhou denúncia de corrupção na Sudam (Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia) à AGU (Advocacia Geral da União) para investigação. A denúncia foi feita por ACM em uma carta endereçada a FHC, e envolve indiretamente o senador Jader Barbalho.
A carta fala de um suposto desvio de R$ 100 milhões da Sudam envolvendo Maurício Vasconcelos e José Arthur Guedes Tourinho, atual e ex-superintendente da Sudam. Os dois foram indicados pelo senador Jader Barbalho para o cargo. Eles teriam favorecido um empresário que teve seus bens sequestrados pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso.

Denúncia
A Folha apurou que Jader pretende mandar uma carta manuscrita a FHC com uma denúncia contra ACM. Os dois estão se atacando desde março. Ontem, a Mesa do Senado apresentou censura por escrito a Jader e a ACM por causa do bate-boca no plenário no dia 5 de abril. Eles trocaram denúncias de corrupção.
Deputados que participaram do jantar disseram que Jader lembrou que ACM tem constantemente desafiado o presidente, que não reage e ainda por cima faz elogios públicos ao PFL e ao senador baiano. Segundo os peemedebistas, Jader Barbalho disse que "ACM é um batedor de carteiras e quer se passar por santo".
Os mesmos parlamentares relataram também que Jader reclamou do "afago" e do "cafuné" dirigidos por FHC ao PFL e ao presidente do Congresso anteontem no discurso de posse do deputado pefelista Carlos Melles como ministro de Esporte e Turismo.

Cafuné
"Eu gosto de cafuné, depende de quem faça. Eles (peemedebistas) estão mais acostumados com isso. Eu não estou. Quando recebo, gosto", disse ACM. O líder do PFL na Câmara, deputado Inocêncio Oliveira (PE), disse que o PMDB está há "120 dias recebendo afagos" de FHC.
No jantar do PMDB, realizado na casa do ex-pefelista Paulo Lima (PMDB-SP), Jader teve apoio ao criticar ACM. A deputada Maria Elvira (PMDB-MG) disse que ACM é um "político pernicioso".
Os peemedebistas também lavaram roupa suja durante o encontro. Os parlamentares criticaram a falta de atenção dos ministros do partido (Eliseu Padilha e Fernando Bezerra). O principal alvo foi Bezerra, do Ministério de Integração Nacional.
O deputado João Matos (PMDB-SC) cobrou uma audiência solicitada ao gabinete de Bezerra há cerca de um ano e até hoje não atendida. A cobrança criou um constrangimento porque Matos foi aplaudido pelos demais deputados, mas Bezerra saiu do jantar antes de dar sua explicação. (LUIZA DAMÉ, DENISE MADUEÑO e RAQUEL ULHÔA)


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