São Paulo, segunda-feira, 11 de maio de 2009

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Renovação no Senado ameaça aliança PT-PMDB em 2010

83% das vagas de senadores peemedebistas estarão em jogo na próxima eleição

Divergências regionais dos dois partidos na disputa ao Senado, como em SP e no RN, põem sob risco os palanques locais para Dilma


Sérgio Lima - 6.mai.09/Folha Imagem
O senador Aloizio Mercadante (PT-SP), em sessão da CCJ sobre gastos de câmaras municipais

FERNANDO BARROS DE MELLO
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL

A disputa eleitoral por vagas no Senado é o mais novo entrave para a concretização da aliança PMDB-PT nas eleições do ano que vem em âmbito nacional. Nada menos que 83% das cadeiras dos peemedebistas estarão em jogo (15 de 18), o maior índice na Casa, seguido por 75% dos petistas (9 de 12).
A consequência imediata desse cenário se traduz no acirramento das rivalidades regionais, em detrimento da união tão sonhada pelo Planalto em torno da candidatura da ministra petista Dilma Rousseff (Casa Civil) à Presidência tendo o PMDB no posto de vice.
Conforme a legislação, estarão em jogo duas cadeiras para o Senado por Estado. Em 2006, cada ente federativo elegeu um representante. Os mandatos na Casa são de oito anos.
"Os dois partidos têm muitas vagas em disputa. Alguém vai topar abrir mão delas?", questiona o cientista político José Luciano de Mattos Dias, do Iuperj, que fez um levantamento recente sobre os cenários para o Senado em 2010.
Uma das forças do PMDB está justamente na maior bancada de senadores. Não por acaso, cinco das quinze cadeiras em disputa são ocupadas atualmente por suplentes da sigla, já que os titulares viraram ministros ou se elegeram governadores em 2006.
"O PMDB tem uma encruzilhada na frente. Ao fazer opção de ocupar os cargos no governo com senadores, ele não aumentou sua base nos Estados, pois os suplentes é que ficaram com as cadeiras. Não está tão fácil para o PMDB entrar nas negociações de palanques e ele precisa ver agora a melhor estratégia para manter essa bancada", diz o cientista político.
Mesmo com o fim da verticalização (repetição obrigatória das coligações em todo o país), o PT espera ter o apoio peemedebista na maior parte dos palanques estaduais. Não será fácil, conforme os principais líderes dos dois partidos.

Estados
"Nem sempre o que está prevalecendo em Brasília, no relacionamento partido e governo, corresponde à realidade regional. Mas a situação ainda está muito indefinida", disse o senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), que não descarta aliança contra o governo, mas diz acreditar que, no Nordeste, o candidato de Lula a presidente receberá mais apoio.
"O PMDB é um grande aliado. É natural que haja disputas nos Estados com o PT, e que cada partido queira ter seu candidato. Mas devemos saber contornar em nome de um grande projeto nacional. Precisamos ter um programa único com todos os aliados", disse Cândido Vaccarezza (SP), líder do PT na Câmara dos Deputados.
No Rio Grande do Norte, por exemplo, há pelo menos três pré-candidatos ao Senado: além do próprio Garibaldi, José Agripino (DEM) e a governadora Wilma de Faria (PSB), que também é da base governista, o que poderia prejudicar a candidatura do peemedebista.
Com isso, Garibaldi espera o apoio do PT e do Planalto, assim como Wilma. "Os partidos estão esperando o ano que vem, mas a questão regional é o grande ponto. Aqui no Rio Grande do Norte existe quem queira que o partido marche com Lula e quem queira que marche com a formação de uma chapa local integrada pelo DEM, PSDB e PMDB", disse.
Outro entrave é São Paulo. Orestes Quércia, principal líder do PMDB, pretende concorrer ao Senado, mas o petista Aloizio Mercadante já manifestou à direção do PT no Estado não querer disputar sua reeleição tendo o ex-governador como companheiro/adversário. O temor de Mercadante é perder a vaga para Quércia. Com isso, o ex-governador está cada vez mais perto do bloco liderado por José Serra (PSDB).


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