São Paulo, segunda-feira, 11 de maio de 2009

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Moraes afirma que irá ao STF para ficar na relatoria

Deputado diz que regimento não permite troca "só porque outros não estão gostando"

Sua retirada de relatoria do processo de cassação de Edmar Moreira foi cogitada após polêmica declaração do petebista sobre o caso


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O deputado Sérgio Moraes (PTB-RS) afirmou ontem que entrará com um mandado de segurança no STF (Supremo Tribunal Federal) para permanecer relator do processo de cassação de seu colega Edmar Moreira (sem partido-MG) no Conselho de Ética da Câmara, caso seja afastado da relatoria.
Na semana passada, Moraes fez declarações dando a entender que não pretendia levar o caso de Edmar Moreira adiante e que estava se "lixando para a opinião pública".
"Dos outros 512 deputados, quem está sendo investigado? Todos nós sabemos que ele [Edmar Moreira] foi boi de piranha. O grande pecado foi a história das passagens", disse Moraes, referindo-se ao escândalo das passagens das cotas aéreas dos deputados cedidas a parentes que fizeram turismo no exterior.
Devido às repercussões negativas da declaração, o presidente do Conselho de Ética, José Carlos Araújo (PR-BA), afirmou na última sexta-feira que não havia alternativa a não ser destituir Moraes da relatoria.
"Eles me substituem. Eu entro no tribunal e vou buscar meus direitos. Lá não é casa de moleque", afirmou o deputado. Ele nega ter afirmado que absolverá Edmar Moreira.
Segundo Moraes, o regimento da Câmara não permite a substituição de um relator "só porque [outros deputados] não estão gostando". A reportagem não conseguiu falar ontem com o presidente do conselho.
Dono de um castelo de R$ 25 milhões em Minas Gerais, Edmar declarou gastos de R$ 246 mil entre 2007 e 2008 da verba indenizatória com suas próprias empresas de segurança. Por isso a cúpula da Câmara determinou em abril a abertura de processo no conselho.

Distorção
Ontem no município de Santa Cruz do Sul (RS), sua base eleitoral, Moraes disse que sua frase "não repercutiu absolutamente nada na cidade de 120 mil habitantes" e foi distorcida pela imprensa.
"Vou dizer de novo: entre a verdade e a mentira para ficar com a opinião pública, eu ficaria me lixando para a opinião pública, mas permaneceria com minha razão, consciência, honra e história", disse.
"Imagina quantas páginas [de jornal] teria ganho de afagos, se eu tivesse dito: vou condenar o Edmar. Vocês [da imprensa] teriam me colocado em todas as páginas como herói."
Moraes disse ontem que a imprensa mente e defendeu Edmar. "Mentiram, por exemplo, que o Edmar teria roubado dinheiro para fazer o castelo. Mentiram que ele não havia declarado no imposto de renda. Ele não declarou porque [o castelo] estava em nome dos filhos. E sugeriram que eu estava por absolver o Edmar. É mentira", afirmou o deputado.
Moraes disse ainda que, no processo do Conselho de Ética, quer ouvir membros da Mesa Diretora da Câmara e técnicos da Casa para saber se foi ilegal o pagamento de verba indenizatória a uma empresa de Edmar.
"Quero também ouvir o chefe da segurança do Edmar para saber se o trabalho foi ou não realizado", afirmou.
Segundo o deputado, dois advogados indicados pela Mesa Diretora orientaram para a conclusão do relatório processo de cassação sem ouvir mais ninguém, além da acusação e da defesa de Edmar. Moraes disse que se recusou. (HUDSON CORRÊA)


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