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Moraes afirma que irá ao STF para ficar na relatoria
Deputado diz que regimento não permite troca "só porque outros não estão gostando"
Sua retirada de relatoria do processo de cassação de Edmar Moreira foi cogitada após polêmica declaração do petebista sobre o caso
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O deputado Sérgio Moraes
(PTB-RS) afirmou ontem que
entrará com um mandado de
segurança no STF (Supremo
Tribunal Federal) para permanecer relator do processo de
cassação de seu colega Edmar
Moreira (sem partido-MG) no
Conselho de Ética da Câmara,
caso seja afastado da relatoria.
Na semana passada, Moraes
fez declarações dando a entender que não pretendia levar o
caso de Edmar Moreira adiante
e que estava se "lixando para a
opinião pública".
"Dos outros 512 deputados,
quem está sendo investigado?
Todos nós sabemos que ele
[Edmar Moreira] foi boi de piranha. O grande pecado foi a
história das passagens", disse
Moraes, referindo-se ao escândalo das passagens das cotas
aéreas dos deputados cedidas a
parentes que fizeram turismo
no exterior.
Devido às repercussões negativas da declaração, o presidente do Conselho de Ética, José Carlos Araújo (PR-BA), afirmou na última sexta-feira que
não havia alternativa a não ser
destituir Moraes da relatoria.
"Eles me substituem. Eu entro no tribunal e vou buscar
meus direitos. Lá não é casa de
moleque", afirmou o deputado.
Ele nega ter afirmado que absolverá Edmar Moreira.
Segundo Moraes, o regimento da Câmara não permite a
substituição de um relator "só
porque [outros deputados] não
estão gostando". A reportagem
não conseguiu falar ontem com
o presidente do conselho.
Dono de um castelo de R$ 25
milhões em Minas Gerais, Edmar declarou gastos de R$ 246
mil entre 2007 e 2008 da verba
indenizatória com suas próprias empresas de segurança.
Por isso a cúpula da Câmara determinou em abril a abertura
de processo no conselho.
Distorção
Ontem no município de Santa Cruz do Sul (RS), sua base
eleitoral, Moraes disse que sua
frase "não repercutiu absolutamente nada na cidade de 120
mil habitantes" e foi distorcida
pela imprensa.
"Vou dizer de novo: entre a
verdade e a mentira para ficar
com a opinião pública, eu ficaria me lixando para a opinião
pública, mas permaneceria
com minha razão, consciência,
honra e história", disse.
"Imagina quantas páginas
[de jornal] teria ganho de afagos, se eu tivesse dito: vou condenar o Edmar. Vocês [da imprensa] teriam me colocado em
todas as páginas como herói."
Moraes disse ontem que a
imprensa mente e defendeu
Edmar. "Mentiram, por exemplo, que o Edmar teria roubado
dinheiro para fazer o castelo.
Mentiram que ele não havia declarado no imposto de renda.
Ele não declarou porque [o castelo] estava em nome dos filhos. E sugeriram que eu estava
por absolver o Edmar. É mentira", afirmou o deputado.
Moraes disse ainda que, no
processo do Conselho de Ética,
quer ouvir membros da Mesa
Diretora da Câmara e técnicos
da Casa para saber se foi ilegal o
pagamento de verba indenizatória a uma empresa de Edmar.
"Quero também ouvir o chefe da segurança do Edmar para
saber se o trabalho foi ou não
realizado", afirmou.
Segundo o deputado, dois advogados indicados pela Mesa
Diretora orientaram para a
conclusão do relatório processo de cassação sem ouvir mais
ninguém, além da acusação e da
defesa de Edmar. Moraes disse
que se recusou.
(HUDSON CORRÊA)
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