São Paulo, terça-feira, 11 de maio de 2010

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Sem paz nem amor

Para além das discussões de mérito sobre o grau de autonomia do BC, a refrega entre José Serra e a colunista de economia Míriam Leitão, durante entrevista na rádio CBN, foi discretamente festejada pelo campo adversário por ter sido a primeira vez, desde o lançamento da candidatura, em que o tucano respondeu com agressividade explícita a uma pergunta que o irritou. Aliados se dividem em atribuir o fato a mau humor, dor de garganta, privação de sono e/ou sensibilidade do tema, mas todos concordam: trata-se de infração ao "código de conduta" de qualquer candidato.
De 10 de março até ontem, episódios de "má sorte" pareciam exclusividade de Dilma Rousseff. Não mais.




Virada. Última mensagem postada na madrugada de ontem por Serra no Twitter: "Dormir é questão de decidir. E decidi dormir mais "cedo" hoje. Às 8h, tenho debate na CBN". Eram mais de 3h.

Indicativo 1. O presidente do PMDB, Michel Temer, negocia com colegas a possibilidade de levar à reunião da Executiva do partido, no dia 18, proposta de resolução deixando claro que a palavra final sobre as alianças estaduais caberá à direção nacional.

Indicativo 2. A ação é interpretada pela ala pró-Serra como uma tentativa de Temer de fazer um gesto de boa vontade ao PT no momento em que este lhe pede que enquadre os dissidentes, sobretudo no Sul. Se aprovado, o texto daria a Temer, cotado para ser vice de Dilma, controle formal sobre as alianças.

O último... Defensor quase solitário da aliança formal do PP com Dilma, o ministro das Cidades, Márcio Fortes, prestigiou ontem o almoço da candidata com prefeitos da Baixada Fluminense. Apesar de crescer no partido a onda pró-Serra, Fortes afirma que a união com os petistas ainda não pode ser descartada. "É um jogo de pôquer. Uns blefam, e alguém paga pra ver."

...dos moicanos. Sobre a possibilidade de o presidente do PP, Francisco Dornelles, ser vice de Serra, o ministro diz que, enquanto não chega um "convite formal", o partido recebe afagos dos dois lados. "Este é o momento de sonhos, ilusões e negociações."

Coisa pouca. Em conversa com Sérgio Cabral (PMDB-RJ) no sábado, Lula perguntou como o governador avaliava as chances de Marcelo Crivella (PRB) se reeleger ao Senado. Cabral, que apesar do desejo do presidente não dará lugar em sua chapa a Crivella, disse achar que, devido ao isolamento, ele terá pouca chance. Em tempo: hoje, Crivella lidera as pesquisas.

Escolta. Na reunião com prefeitos, Dilma chegou acompanhada de Cabral e do presidente da Assembleia do Rio, Jorge Picciani (PMDB), postulante ao Senado com vaga prometida no palanque do governador. O outro candidato é o petista Lindberg Farias.

Explosivo. De Romeu Tuma Jr., ontem, sobre a pressão do governo para que deixe "espontaneamente" o cargo de secretário nacional de Justiça: "Estão mexendo com a válvula do botijão de gás".

Cartão amarelo. A nova edição da revista "Por Sinal", do sindicato dos funcionários do BC, traz reportagem sobre instituições financeiras, empresas e clubes de futebol que devem ao banco milhões relativos a negociações em dólar feitas no exterior. O Santos, campeão paulista, é um dos que respondem a ações de recuperação de crédito.

Por etapas. Para tentar vencer a resistência ao projeto que legaliza os bingos no Brasil, deputados favoráveis ao texto propuseram ao presidente da Câmara, Michel Temer, um desmembramento que permita votação, ainda neste ano, ao menos da liberação do bingo em máquinas. Outros tipos de jogos, como os caça-níqueis, por enquanto continuariam proibidos.


com LETÍCIA SANDER e GABRIELA GUERREIRO

Tiroteio

Isso mostra que o autoritarismo que eles tentam carimbar na nossa candidata na verdade se aplica ao candidato deles.

Do presidente do PT, JOSÉ EDUARDO DUTRA, sobre a reação agressiva de Serra quando lhe perguntaram, em entrevista na rádio CBN, se poderia interferir, caso eleito, em decisões do Banco Central.

Contraponto

Segue o jogo

Integrantes da Executiva Nacional do DEM avaliavam a votação do projeto da "ficha limpa" quando José Carlos Aleluia (BA) tomou a palavra para elogiar seus colegas:
-ACM Neto teve atuação brilhante presidindo a Mesa. Caiado, sempre excitado, mas muito competente... Já o Índio da Costa foi bem, mas perdeu o pênalti!
Diante do riso dos colegas, o deputado continuou:
-Por isso dizem sempre que pênalti deve ser cobrado pelo presidente do clube....
Para entender: relator do projeto, Costa votou por engano a favor de requerimento para adiar a discussão. O lapso não teve consequência, pois o pedido foi derrotado.


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