São Paulo, terça-feira, 11 de maio de 2010

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ANÁLISE

Dilma agora renega discurso que já foi dela

VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Enquanto Dilma Rousseff esconde seu pensamento recente, José Serra revela o que estava evitando expressar até aqui. Assim poderíamos traduzir o que os dois principais pré-candidatos à Presidência disseram ontem sobre a autonomia do Banco Central.
Em outras palavras, na busca de ressaltar diferenças entre as candidaturas, Dilma renega hoje um discurso que, durante seu período de governo, em tudo parecia com o que Serra externou ontem durante entrevista à rádio CBN.
Nos bastidores do governo Lula, a então ministra da Casa Civil não poupava de críticas a política monetária do presidente do BC, Henrique Meirelles. Dependesse apenas dela, por sinal, Meirelles poderia estar fora do governo.
Ao vestir a pele de candidata, contudo, Dilma foi aconselhada a amenizar seu tom crítico em relação ao BC. É o que vem demonstrando quando fala no assunto, num recado endereçado ao mercado financeiro e ao eleitorado, na busca de se diferenciar do tucano.
O ex-governador paulista, do seu lado, até pouco tempo evitava falar de economia e orientava sua equipe a ficar muda sobre o assunto. De olho na informação de que o mercado o enxerga tão ou mais intervencionista do que o presidente Lula e a sua candidata.
Entre analistas do mercado financeiro, a opinião é que Serra representa um risco maior do que Dilma. Ela seria mais confiável por ser criatura do presidente Lula e ter a seu lado o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci.
O detalhe é que, se o tucano assusta o mercado financeiro, seu tom mais crítico em relação ao BC agrada em cheio ao setor produtivo. Não por outro motivo, nas enquetes realizadas até aqui, esse setor da economia demonstra gratidão enorme a Lula, mas declara seu voto, por enquanto, no tucano Serra.


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