|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ANÁLISE
Dilma agora renega discurso que já foi dela
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Enquanto Dilma Rousseff esconde seu pensamento recente, José Serra revela o que estava evitando expressar até aqui.
Assim poderíamos traduzir o
que os dois principais pré-candidatos à Presidência disseram
ontem sobre a autonomia do
Banco Central.
Em outras palavras, na busca
de ressaltar diferenças entre as
candidaturas, Dilma renega hoje um discurso que, durante seu
período de governo, em tudo
parecia com o que Serra externou ontem durante entrevista
à rádio CBN.
Nos bastidores do governo
Lula, a então ministra da Casa
Civil não poupava de críticas a
política monetária do presidente do BC, Henrique Meirelles. Dependesse apenas dela,
por sinal, Meirelles poderia estar fora do governo.
Ao vestir a pele de candidata,
contudo, Dilma foi aconselhada a amenizar seu tom crítico
em relação ao BC. É o que vem
demonstrando quando fala no
assunto, num recado endereçado ao mercado financeiro e ao
eleitorado, na busca de se diferenciar do tucano.
O ex-governador paulista, do
seu lado, até pouco tempo evitava falar de economia e orientava sua equipe a ficar muda sobre o assunto. De olho na informação de que o mercado o enxerga tão ou mais intervencionista do que o presidente Lula e
a sua candidata.
Entre analistas do mercado
financeiro, a opinião é que Serra representa um risco maior
do que Dilma. Ela seria mais
confiável por ser criatura do
presidente Lula e ter a seu lado
o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci.
O detalhe é que, se o tucano
assusta o mercado financeiro,
seu tom mais crítico em relação
ao BC agrada em cheio ao setor
produtivo. Não por outro motivo, nas enquetes realizadas até
aqui, esse setor da economia
demonstra gratidão enorme a
Lula, mas declara seu voto, por
enquanto, no tucano Serra.
Texto Anterior: Reação: Autoridade monetária não se mete em debate eleitoral Próximo Texto: Janio de Freitas: O tempo resolve Índice
|