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Governo pressiona por saída de Tuma Jr.
Conduta do secretário nacional de Justiça será investigada pela Comissão de Ética; Lula avalia que ele deve ao menos se licenciar do cargo
Tuma Jr. resiste em deixar secretaria, pois diz que "sempre esteve do lado que combate o crime" e que sair equivaleria a admitir culpa
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Comissão de Ética Pública
da Presidência decidiu investigar a conduta do secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma
Jr., levando o governo a pressioná-lo a deixar o cargo.
Segundo a Folha apurou, o
presidente Lula espera que Tuma Jr. peça ao menos uma licença até que o caso envolvendo seu nome seja esclarecido.
Um auxiliar do presidente
disse que a situação do secretário está ficando "difícil" e que o
ideal seria ele deixar o governo
por conta própria, evitando a
saída mais traumática que seria
sua demissão. Esse desfecho,
segundo a equipe de Lula, será
o mais provável caso Tuma Jr.
não peça a licença.
Na avaliação de Lula, Tuma
Jr. não cometeu crime, "não
pegou dinheiro de ninguém",
mas suas conversas com o chinês Li Kwok Kwen, conhecido
como Paulo Li, acusado de contrabando, são inadequadas para o cargo que ele ocupa. Além
de secretário nacional de Justiça, ele preside o Conselho Nacional de Combate à Pirataria.
O ministro da Justiça, Luiz
Paulo Barreto, tentou convencer seu subordinado a pedir a
licença -o que ontem Tuma Jr.
resistia, alegando que "sempre
esteve do lado que combate o
crime" e que sair do cargo seria
o mesmo que admitir culpa.
Barreto e o diretor-geral da
PF, Luiz Fernando Corrêa, se
reuniram por duas vezes com
Lula para discutir a situação de
Tuma Jr., que ficou de dizer
hoje se pede ou não licença.
Nas gravações reveladas pelo
jornal "O Estado de S. Paulo", o
secretário trata com Paulo Li
da compra de celular e videogame e até da regularização de
chineses que viviam no país.
Naquele momento, o governo avaliou que os motivos expostos não eram suficientes
para a saída dele, mas que o
surgimento de novos fatos poderia mudar a situação -o que
ocorreu na sexta e no sábado.
Primeiro, um relatório da PF
o apontou como suspeito de ter
usado o cargo para liberar mercadorias de outro contrabandista. Tuma Jr. também teria
tentado evitar o flagrante de familiares de uma deputada levando para o exterior dólares
acima do que a lei permite.
A Comissão de Ética da Presidência vai dar cinco dias para
Tuma Jr. apresentar esclarecimentos e também requisitou à
PF e à 3ª Vara de Justiça de São
Paulo informações.
Com base nas respostas, a
comissão decidirá se abrirá
processo disciplinar contra ele
-nesse caso, o órgão pode recomendar punição que varia de
advertência até a demissão.
Tuma Jr. nega qualquer irregularidade.
(SIMONE IGLESIAS, FÁBIO AMATO, LUCAS FERRAZ e VALDO CRUZ)
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