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Renan recebeu multa em 2003 por sonegar imposto
Dívida de R$ 109 mil foi parcelada, mas senador ainda tem pendência com fisco
Advogado do presidente do Senado não nega a existência da dívida mas afirma que parlamentar
não comentaria o tema
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), foi
multado em R$ 109 mil pela
Receita Federal, em abril de
2003, por problemas em seu
Imposto de Renda. O valor corresponde ao imposto devido,
multa e correção monetária. Ao
invés de recorrer da autuação,
Renan parcelou o débito, o que
significa, em tese, ter reconhecido que sonegou imposto.
A multa de 2003 não é a única pendência de Renan com o
fisco. Ele também não consegue hoje obter certidão negativa conjunta de débitos relativos
a tributos federais e à dívida ativa da União ao consultar a página da Receita na internet. Precisa ir a uma delegacia do órgão
para resolver a situação.
Apesar de ter obtido alguns
dados fiscais do senador, a Folha não conseguiu confirmar os
fatores geradores da autuação e
do impedimento na obtenção
da certidão negativa de débitos.
A reportagem apurou que,
três meses após ter sido multado, Renan incluiu a dívida em
um programa de parcelamento
de tributos da Receita. Dos R$
109 mil devidos, ele já pagou
cerca de R$ 27 mil. Sobre o saldo remanescente, porém, incidiram mais juros no valor de R$
29 mil, resultando num saldo
final de aproximadamente R$
111 mil, pela posição atual.
Após as denúncias de que o
lobista Cláudio Gontijo, da
construtora Mendes Júnior, fazia pagamentos mensais em
nome do senador à jornalista
Mônica Veloso, recaíram dúvidas sobre a capacidade de Renan arcar com os custos.
O senador afirmou que o dinheiro era seu. Apresentou declarações de renda, informando ter receitas provenientes de
fazendas. Ele não provou com
clareza, porém, a origem do dinheiro entregue a Mônica.
Procurado pela reportagem,
o advogado de Renan não negou a existência da dívida de R$
109 mil, mas disse que o senador não comentaria o tema.
Sobre a impossibilidade de
emissão da certidão negativa,
ele disse que consultaria o senador para obter esclarecimentos. Até o fechamento desta
edição, não houve resposta.
Ameaça de morte
O advogado Pedro Calmon,
que defende a jornalista Mônica Veloso, diz ter recebido na
noite de anteontem um telefonema anônimo no qual foi
ameaçado de morte.
Segundo ele, um "homem
com voz de meia-idade e forte
sotaque nordestino" disse: "Se
você e a Mônica Veloso não calarem a boca, vão acabar com a
boca cheia de formiga".
Para o advogado, que contratou segurança particular em
tempo integral, a ameaça é relacionada à entrevista de Mônica
Veloso à revista "Veja" desta semana. "Ele pede para nos calarmos no mesmo dia em que a revista é publicada com as declarações da minha cliente."
Colaborou FERNANDO NAKAGAWA,
da Sucursal de Brasília
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