São Paulo, quarta-feira, 11 de junho de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

SOS Yeda

A operação que busca salvar o mandato de Yeda Crusius (PSDB-RS) passa ao largo das lideranças nacionais tucanas. Seu esteio é um grupo de políticos gaúchos no qual se destacam o ex-ministro dos Transportes de FHC Eliseu Padilha (PMDB) e os deputados federais Cláudio Diaz (PSDB) -cotado para preencher a vacância na Casa Civil- e Vilson Covatti (PP).
A ação do grupo conseguiu, de segunda para terça, reduzir a tensão na base, apesar do pedido de impeachment feito pelo PSOL. Mas mesmo o círculo próximo da governadora reconhece que o alívio não vai durar sem ampla redistribuição de espaços na administração entre as siglas aliadas -fora a ameaça de novos desdobramentos das denúncias de corrupção.



Mundo da Lua. Um aliado tenta dar a medida da inabilidade política de Yeda: "Ela pensa que pode entregar metade do governo ao PSDB, que tem 5 dos 55 deputados".

É ou não é? Em 14 de julho de 2005, no auge da crise do mensalão, a então deputada federal Yeda subiu à tribuna para apontar "o mar de corrupção que se organizou no palácio" e perguntar: "Não é caso de impeachment?".

Bagagem. O vice de Yeda, Paulo Feijó, será recebido hoje pela Executiva do DEM, em Brasília, com os dois pés atrás. Há quem brinque que o correligionário, autor da gravação clandestina que derrubou o chefe da Casa Civil, deveria passar por detector de metais.

Valeriano 1. O empresário Lair Ferst, acusado por Feijó de ter arrecadado recursos irregularmente para a campanha de Yeda, ainda pode dar muita dor de cabeça.

Valeriano 2. Ferst chegou à política pelas mãos do ex-deputado Nelson Marchezan, que migrou do PP para o PSDB. Após a morte deste, manteve a influência no Detran local, ligado ao PP. Montou consultorias em nome de familiares que atuaram como terceirizadas para o órgão.

Colateral. Além de Onyx Lorenzoni, correligionário do vice encrenqueiro, também Manuela D'Ávila (PC do B) receia o efeito da crise na eleição em Porto Alegre. Seu vice virá do PPS, partido do degolado chefe da Casa Civil.

Tela quente. O presidente da Comissão de Infra-Estrutura do Senado, Marconi Perillo (PSDB-GO), que conversou ontem com Denise Abreu, mandou providenciar projetores e telões para a audiência da ex-diretora da Anac hoje. Os prometidos documentos devem ser exibidos ao vivo.

Sem transponder. Quem conversou com Milton Zuanazzi o descreve como "descompensado" e "deprimido". O ex-presidente da Anac foi impelido a falar ao Senado. O governo não queria deixar Denise sem contraponto.

Tamos aí. Enquanto a tropa de elite governista fará o discurso de que as decisões que embasaram a venda da Varig foram "judiciais", haverá na sessão uma turma disposta a tudo, inclusive a chamar Denise Abreu de "mentirosa" e insinuar que ela age motivada por interesses comerciais frustrados. Wellington Salgado (PMDB-MG) já se apresentou para o serviço.

Palavra mágica. Para se contrapor às acusações contra Dilma Rousseff e o compadre Roberto Teixeira, os governistas foram instruídos pelo Planalto a mencionar, nas várias audiências de hoje, um nome atuante na venda da Varig: David Zylbersztajn, ex-genro de FHC e ex-presidente do Conselho de Administração da empresa.

Fechado. Carlos Derman será o vice na chapa puro-sangue do PT em Guarulhos, na Grande SP, encabeçada pelo deputado estadual Sebastião Almeida. A indicação resulta de um acordo entre o candidato e o atual prefeito, o também petista Elói Pietá. Derman é filho do escritor e tradutor Boris Schnaiderman.

com VERA MAGALHÃES e SILVIO NAVARRO

Tiroteio

Até aí, nenhuma novidade. Waldir Pires entrou e saiu do governo sem saber de nada do que se passava.

Do deputado VANDERLEI MACRIS (PSDB-SP) sobre o ex-ministro da Defesa, que, diante das acusações de Denise Abreu, disse que nunca teve conhecimento de suspeitas de irregularidades na venda da Varig.

Contraponto

Quero luz

Em meio a tensa reunião da CPI da Eletropaulo na Assembléia Legislativa paulista, o deputado José Augusto (PSDB) resolveu cutucar Rui Falcão (PT), que pressionava para que a comissão investigasse os contratos da franco-suíça Alstom com a ex-estatal de energia.
-Nós não vamos permitir que esta CPI sirva de holofote para ninguém!-, bradou o tucano.
Falcão retrucou e acabou ganhando um pedido de desculpas do colega. No fim da sessão, ao anunciar que deixaria a sala, o petista aproveitou para devolver a alfinetada:
-Preciso ir embora porque marquei conversa com um jornalista. Vou atrás de um holofote...


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