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Lula reajusta Bolsa Família antes da eleição
Segundo AGU, não existe impedimento legal para ação; alta da inflação motiva governo a aumentar benefício em 10%
Correção, que deverá valer a partir de julho, vai significar cerca de R$ 1 bi anual a mais no total de R$ 10,9 bi gastos por ano com o programa
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu conceder um
reajuste de 10% aos benefícios
do programa Bolsa Família devido à alta da inflação em 2008,
sobretudo dos preços dos alimentos de consumo popular. O
aumento deverá valer a partir
de julho, antes da eleição.
O governo temia uma contestação judicial da medida, por
ser ano eleitoral, mas o advogado-geral da União, José Antonio Dias Toffoli, deu parecer júridico de que não há impedimento legal.
Lula resolveu bancar o reajuste, segundo apurou a Folha.
Na reunião ministerial de anteontem, disse para a equipe
econômica preparar os detalhes para o anúncio. A área econômica propôs reajuste de 6%,
mas Lula achou pouco porque
a inflação dos alimentos de
consumo popular tem sido
mais alta do que a elevação geral dos preços.
O único reajuste dado ao Bolsa Família, o principal programa social do governo, ocorreu
no ano passado. Foi de 18,25%
a partir de agosto de 2007. Desde então, o IPCA, que mede a
inflação oficial, subiu 4,2% até
abril. Mas o IPCA da cesta de
alimentação acelerou, entre
abril de 2007 e abril de 2008 de
4,6% para 12,6%, no acumulado dos 12 meses.
Para o presidente, o percentual de 10% é mais fácil de ser
vendido politicamente. Nas palavras de um auxiliar, Lula disse que "o povo não gosta de
conta quebrada". Para arredondar valores dos benefícios,
evitando que sejam quebrados
em centavos, a tendência é haver uma pequena variação percentual em relação aos 10%
que permita valores inteiros.
Hoje o mínimo que uma família recebe do programa é
R$ 18 -equivalente a um filho.
No entanto, se essa família é
considerada miserável, recebe
um piso de R$ 58. Uma família
é considerada miserável se tem
renda per capita mensal de até
R$ 50. Há famílias que não são
consideradas miseráveis, mas
que recebem a ajuda por filho.
Os benefícios de R$ 18 podem ser dados a três filhos no
máximo, com idade de até 15
anos. Há também benefícios de
R$ 30 para dois filhos adolescentes, com idade de até 17
anos. No máximo, uma família
recebe hoje R$ 172. Resumindo: a correção de 10% teria um
impacto de R$ 1,80 no menor
benefício e de R$ 17,20 no
maior. Para arredondar, Lula
daria um índice de correção para adicionar R$ 2 ao menor benefício e R$ 17 ou R$ 18 ao
maior benefício.
O Bolsa Família foi criado
em outubro de 2003, quando
houve a união de diversos benefícios de transferência de
renda. O governo tem despesa
anual de cerca de R$ 10,9 bilhões com o Bolsa Família. O
programa atende a cerca de 11
milhões de famílias. A correção
de 10% significaria acréscimo
de cerca de R$ 1 bilhão anual.
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