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Yeda adia novo gabinete; PV e PSOL pedem impeachment
Aliados se mostram céticos com resposta de tucana à crise que desfalcou sua equipe
Partidos protocolam pedido de afastamento contra governadora tucana na Assembléia e a acusam de ser "conivente com desvios"
GRACILIANO ROCHA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
No dia seguinte ao seu anúncio, o colegiado político idealizado pela governadora Yeda
Crusius (PSDB-RS) para tentar
contornar a crise não havia se
materializado. Ontem, enquanto a tucana se reunia com aliados para acertar a instalação do
chamado "gabinete de transição", deputados de partidos da
base mostravam ceticismo com
a resposta do governo à crise.
Com a missão de ser o palco
político da decisão dos substitutos dos três secretários que
caíram no final de semana devido ao escândalo de corrupção
no Detran, o gabinete será integrado por representantes de
PSDB, PMDB, PP, PTB e PPS.
Com exceção dos tucanos, os
aliados indicaram seus nomes
ontem: o ex-governador e ex-ministro da Previdência Jair
Soares (PP); o tesoureiro do
PMDB, Rospide Neto; o secretário-geral do PPS, Sérgio
Camps; e o presidente do PTB,
Elói Guimarães.
Os deputados governistas reclamavam de não saber como
ficaria a interlocução política
com o Executivo após a criação
do gabinete. "A governadora
tem que recompor [o secretariado], mas a base não é sólida
na Assembléia e ainda não foi
explicado como esse gabinete
vai funcionar", queixava-se Gilberto Capoani (PMDB), um dos
integrantes da CPI do Detran.
Os dois principais secretários
foram demitidos no sábado:
Cézar Busatto (PPS), que deixou a Casa Civil após ser divulgada uma fita em que ele admite o uso de estatais em financiamento de partidos, e Delson
Martini, secretário de Governo,
citado em grampos por acusados de participar do desvio de
R$ 44 milhões do Detran.
Na CPI, Busatto negou que se
referisse a desvios e criticou o
vice-governador, Paulo Feijó
(DEM), autor da gravação.
Martini, que deve depor na próxima segunda, também nega o
envolvimento com o esquema.
Os conselheiros do TCE (Tribunal de Contas do Estado) decidiram, por unanimidade,
abrir uma investigação contra o
presidente do tribunal, João
Luiz Vargas. Ele foi citado como um dos integrantes do esquema no Detran na carta em
que o empresário tucano Lair
Ferst, acusado de ser um dos líderes, detalhou a fraude. O filho do conselheiro, Eduardo
Wegner Vargas, que era sócio
de uma das empresas que receberam dinheiro de uma fundação contratada pelo Detran, é
réu no processo aberto pela
Justiça Federal de Santa Maria.
O corregedor do TCE, Helio
Mileski, notificará hoje João
Vargas, que terá 30 dias para se
defender. A Folha não conseguiu falar com o presidente.
Impeachment
O PSOL e o PV protocolaram
ontem à tarde, na Assembléia
Legislativa do Rio Grande do
Sul, um pedido de impeachment contra Yeda. As legendas
afirmam que a governadora foi
conivente com o desvio de recursos públicos de estatais,
porque sabia do esquema e não
agiu para impedi-lo.
Para ser aprovado, o pedido
de impeachment terá que ser
aprovado pela CCJ (Comissão
de Constituição e Justiça) e depois pelo plenário da Casa
-onde os aliados de Yeda representam 34 dos 55 votos.
Se passar por essas duas fases, a Constituição gaúcha prevê a instalação de um tribunal
especial composto por cinco
desembargadores e cinco deputados estaduais, que decidirão o futuro do pedido.
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