São Paulo, quarta-feira, 11 de junho de 2008

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Yeda adia novo gabinete; PV e PSOL pedem impeachment

Aliados se mostram céticos com resposta de tucana à crise que desfalcou sua equipe

Partidos protocolam pedido de afastamento contra governadora tucana na Assembléia e a acusam de ser "conivente com desvios"


GRACILIANO ROCHA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

No dia seguinte ao seu anúncio, o colegiado político idealizado pela governadora Yeda Crusius (PSDB-RS) para tentar contornar a crise não havia se materializado. Ontem, enquanto a tucana se reunia com aliados para acertar a instalação do chamado "gabinete de transição", deputados de partidos da base mostravam ceticismo com a resposta do governo à crise.
Com a missão de ser o palco político da decisão dos substitutos dos três secretários que caíram no final de semana devido ao escândalo de corrupção no Detran, o gabinete será integrado por representantes de PSDB, PMDB, PP, PTB e PPS. Com exceção dos tucanos, os aliados indicaram seus nomes ontem: o ex-governador e ex-ministro da Previdência Jair Soares (PP); o tesoureiro do PMDB, Rospide Neto; o secretário-geral do PPS, Sérgio Camps; e o presidente do PTB, Elói Guimarães.
Os deputados governistas reclamavam de não saber como ficaria a interlocução política com o Executivo após a criação do gabinete. "A governadora tem que recompor [o secretariado], mas a base não é sólida na Assembléia e ainda não foi explicado como esse gabinete vai funcionar", queixava-se Gilberto Capoani (PMDB), um dos integrantes da CPI do Detran.
Os dois principais secretários foram demitidos no sábado: Cézar Busatto (PPS), que deixou a Casa Civil após ser divulgada uma fita em que ele admite o uso de estatais em financiamento de partidos, e Delson Martini, secretário de Governo, citado em grampos por acusados de participar do desvio de R$ 44 milhões do Detran.
Na CPI, Busatto negou que se referisse a desvios e criticou o vice-governador, Paulo Feijó (DEM), autor da gravação. Martini, que deve depor na próxima segunda, também nega o envolvimento com o esquema.
Os conselheiros do TCE (Tribunal de Contas do Estado) decidiram, por unanimidade, abrir uma investigação contra o presidente do tribunal, João Luiz Vargas. Ele foi citado como um dos integrantes do esquema no Detran na carta em que o empresário tucano Lair Ferst, acusado de ser um dos líderes, detalhou a fraude. O filho do conselheiro, Eduardo Wegner Vargas, que era sócio de uma das empresas que receberam dinheiro de uma fundação contratada pelo Detran, é réu no processo aberto pela Justiça Federal de Santa Maria.
O corregedor do TCE, Helio Mileski, notificará hoje João Vargas, que terá 30 dias para se defender. A Folha não conseguiu falar com o presidente.

Impeachment
O PSOL e o PV protocolaram ontem à tarde, na Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, um pedido de impeachment contra Yeda. As legendas afirmam que a governadora foi conivente com o desvio de recursos públicos de estatais, porque sabia do esquema e não agiu para impedi-lo.
Para ser aprovado, o pedido de impeachment terá que ser aprovado pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) e depois pelo plenário da Casa -onde os aliados de Yeda representam 34 dos 55 votos.
Se passar por essas duas fases, a Constituição gaúcha prevê a instalação de um tribunal especial composto por cinco desembargadores e cinco deputados estaduais, que decidirão o futuro do pedido.


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