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PT SOB SUSPEITA
João Setti Braga é o quarto a confirmar pagamento em Sto. André
Empresário afirma ter pago
R$ 2,5 mi a prefeitura do PT
EDUARDO SCOLESE
DA AGÊNCIA FOLHA
LIEGE ALBUQUERQUE
DA REPORTAGEM LOCAL
O empresário do setor de transporte ouvido ontem pela CPI criada em Santo André para investigar suposta propina cobrada para
financiar campanhas do PT afirmou que cerca de R$ 2,5 milhões
(valor desatualizado) foram retirados do caixa da empresa Nova
Santo André para ser entregue a
"pessoas da prefeitura", entre o final de 1997 e o início de 2000.
"[O dinheiro" era para ser entregue a pessoas da prefeitura como
um custo político para poder operar as linhas com tranquilidade na
cidade", afirmou João Antônio
Setti Braga, sócio da Nova Santo
André de 1997 a 2000, que depôs à
CPI por uma hora e 20 minutos.
Setti Braga é o quarto empresário a confirmar à comissão que
entregava dinheiro à prefeitura
supostamente como propina. Os
três outros foram: Rosangela Gabrilli, Luiz Alberto Gabrilli Neto e
Sebastião Passarelli.
Para o empresário, o prefeito
Celso Daniel foi assassinado, em
janeiro deste ano, por ter descoberto indícios de corrupção na
prefeitura. "Pode ter sido queima
de arquivo", disse.
Segundo Setti Braga, os pagamentos mensais de R$ 100 mil
eram feitos em dinheiro pelo também sócio da empresa Ronan Maria Pinto -acusado pelo Ministério Público de ser um dos mentores de um suposto esquema de extorsão na cidade.
A Nova Santo André, que venceu concorrência em meados de
1997 e passou a operar no final do
mesmo ano, sempre foi formada
por um pool de empresários de
Santo André. No início, além de
Setti Braga e Ronan, eram sócios
Luiz Alberto Gabrilli Filho, Baltazar José de Sousa e Carlos Sófio.
Baltazar e Sófio já depuseram à
CPI confirmando movimentação
de dinheiro sem fins conhecidos.
Ronan
"A quantia era entregue em dinheiro vivo pelo Ronan [Maria
Pinto, um dos sócios da empresa"", disse Setti Braga, que não
soube informar a quais pessoas
eram levadas a propina e se os pagamentos prosseguiram após ter
deixado a empresa. "Só posso dizer que [os receptores" eram pessoas da Prefeitura de Santo André. Mas nunca presenciei nada."
Setti Braga, sócio hoje de quatro
empresas de transporte na Grande São Paulo, disse à CPI que deixou a Nova Santo André no início
de 2000 por não concordar com
os métodos da administração da
empresa -à época, a cargo de
Ronan e Gabrilli. "Saí, pois não
compactuava." O depoente afirmou que distribuiu aos demais
sócios os 24% que tinha na empresa, pois não tinha como negociar cotas de "algo endividado".
"O custo de R$ 100 mil foi trazido a nós [sócios da empresa" pelo
Ronan, que foi nomeado pelo
Klinger [Luiz de Oliveira Souza"
como uma espécie de interlocutor
entre a empresa e a prefeitura. Como a maioria concordou, eu tive
de acatar [o pagamento de propina"." Setti Braga não soube dizer
aos vereadores de que forma esses
R$ 100 mil eram lançados nos balanços da Nova Santo André.
Segundo a denúncia do Ministério Público, os empresários Sérgio Gomes da Silva e Ronan Maria
Pinto, e o secretário afastado de
Serviços Municipais de Santo André, Klinger Luiz de Oliveira Souza, teriam cobrado propina de
empresários que tinham contratos com a Prefeitura de Santo André, durante a gestão de Celso Daniel (1997 a 2002). A arrecadação
teria sido interrompida após o assassinato do prefeito.
Depoimentos dos Gabrilli e de
João Francisco Daniel, irmão de
Celso Daniel, formam a base da
ação dos promotores.
"Nos poucos encontros que tive
com o Klinger, em reuniões que
envolviam a questão do transporte municipal, ele sempre foi muito
truculento", disse Setti Braga, que
já prestou depoimento sobre o caso ao MP. Além de ex-sócio, Setti
Braga é amigo particular de Luiz
Alberto Gabrilli Filho.
O Ministério Público calcula
que Luiz Alberto Gabrilli Filho,
dono da Viação José e da Expresso Guarará, pagou cerca de R$ 2
milhões de propina entre 1997 e
2001. A empresa Guarará, que teria cometido irregularidades durante um contrato de concessão
municipal, é alvo de uma auditoria da Prefeitura de Santo André.
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