|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA
Se reeleito, Lula buscará modelo chileno de coalizão
PT e PMDB discutem criação de federação de partidos em eventual segundo mandato
Peemedebistas também avaliam possível fundação de uma nova legenda para dar sustentação a petista se ele vencer a eleição
MALU DELGADO
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
O plano do PMDB governista
para um eventual segundo
mandato do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva é mais ambicioso do que a disputa por fatias de poder em ministérios e
estatais. Em conversas reservadas na cúpula peemedebista e
no Palácio do Planalto, já se discute como seria posto em prática um novo modelo de coalizão
com a vitória do petista.
Lula já anunciou que pretende dar prioridade à reforma política e, com ela, criar a possibilidade de formação de uma "federação permanente de partidos". Não seria um simples bloco congressual ou eleitoral,
mas uma união de legendas durante todo o mandato que, associada à fidelidade partidária
-outro item da reforma-, daria garantia de governabilidade.
O bloco se comportaria, no cotidiano parlamentar, como um
único partido. Para garantir essa dinâmica, todas as legendas
da coalizão teriam de opinar
sobre os rumos do governo.
Por essa lógica, as votações
teriam um encaminhamento
consensual entre as legendas
no plenário, com claras cobranças aos dissidentes.
Os petistas citam, na formulação da proposta, o exemplo
do modelo adotado no Chile,
onde há 15 anos existe a chamada Concertação de Partidos pela Democracia, de centro-esquerda. Os quatro partidos da
coalizão participam da formulação das metas de governo, inclusive da política econômica.
Cargos
Os peemedebistas, animados
com a fórmula, garantem que
não estão, neste momento, em
busca de cargos. Falam em
"planejamento" e "orçamento". Caso se transformem na
maior força política do Congresso, reivindicariam, aí sim,
um grande espaço no governo.
No PMDB, cogita-se até a
criação de um novo partido, supostamente liderado por Lula,
que incorporaria, além da própria legenda, petistas, tucanos e
representantes históricos de
esquerda.
O governador de Minas Gerais, Aécio Neves, é um nome
constantemente citado nas
conversas. Os peemedebistas
consideram que Aécio pode
perder espaço no PSDB na briga pela sucessão presidencial
de 2010. Como tem boa interlocução no PT de Minas, é visto
como candidato a integrar o futuro partido. No Planalto, porém, ninguém considera a possibilidade de Lula deixar o PT e
fundar uma nova legenda.
Migração
Apesar de as conversas serem preliminares, todos os partidos estão cientes dos impactos da cláusula de barreira (regra que obriga os partidos a
conseguir um mínimo de votos
válidos para ter direito a recursos do fundo partidário e a tempo de TV). Com essas exigências, a tendência é que os atuais
29 partidos do país se transformem, no máximo, em 10.
Nos mapeamentos prévios
do PMDB, cerca de 80 deputados serão eleitos por pequenas
legendas e vão procurar novas
agremiações depois de janeiro
de 2007. O PMDB seria um
abrigo natural.
Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Saiba mais: Aliança chilena é feita em torno de programa comum Índice
|