São Paulo, terça-feira, 11 de julho de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA

Se reeleito, Lula buscará modelo chileno de coalizão

PT e PMDB discutem criação de federação de partidos em eventual segundo mandato

Peemedebistas também avaliam possível fundação de uma nova legenda para dar sustentação a petista se ele vencer a eleição

MALU DELGADO
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

O plano do PMDB governista para um eventual segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é mais ambicioso do que a disputa por fatias de poder em ministérios e estatais. Em conversas reservadas na cúpula peemedebista e no Palácio do Planalto, já se discute como seria posto em prática um novo modelo de coalizão com a vitória do petista.
Lula já anunciou que pretende dar prioridade à reforma política e, com ela, criar a possibilidade de formação de uma "federação permanente de partidos". Não seria um simples bloco congressual ou eleitoral, mas uma união de legendas durante todo o mandato que, associada à fidelidade partidária -outro item da reforma-, daria garantia de governabilidade. O bloco se comportaria, no cotidiano parlamentar, como um único partido. Para garantir essa dinâmica, todas as legendas da coalizão teriam de opinar sobre os rumos do governo.
Por essa lógica, as votações teriam um encaminhamento consensual entre as legendas no plenário, com claras cobranças aos dissidentes.
Os petistas citam, na formulação da proposta, o exemplo do modelo adotado no Chile, onde há 15 anos existe a chamada Concertação de Partidos pela Democracia, de centro-esquerda. Os quatro partidos da coalizão participam da formulação das metas de governo, inclusive da política econômica.

Cargos
Os peemedebistas, animados com a fórmula, garantem que não estão, neste momento, em busca de cargos. Falam em "planejamento" e "orçamento". Caso se transformem na maior força política do Congresso, reivindicariam, aí sim, um grande espaço no governo.
No PMDB, cogita-se até a criação de um novo partido, supostamente liderado por Lula, que incorporaria, além da própria legenda, petistas, tucanos e representantes históricos de esquerda.
O governador de Minas Gerais, Aécio Neves, é um nome constantemente citado nas conversas. Os peemedebistas consideram que Aécio pode perder espaço no PSDB na briga pela sucessão presidencial de 2010. Como tem boa interlocução no PT de Minas, é visto como candidato a integrar o futuro partido. No Planalto, porém, ninguém considera a possibilidade de Lula deixar o PT e fundar uma nova legenda.

Migração
Apesar de as conversas serem preliminares, todos os partidos estão cientes dos impactos da cláusula de barreira (regra que obriga os partidos a conseguir um mínimo de votos válidos para ter direito a recursos do fundo partidário e a tempo de TV). Com essas exigências, a tendência é que os atuais 29 partidos do país se transformem, no máximo, em 10.
Nos mapeamentos prévios do PMDB, cerca de 80 deputados serão eleitos por pequenas legendas e vão procurar novas agremiações depois de janeiro de 2007. O PMDB seria um abrigo natural.













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