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Investigação de fraude na Petrobras leva 13 à prisão
Operação da PF e do Ministério Público desfaz suposto esquema para viciar licitações
Três executivos da estatal
foram detidos sob suspeita
de irregularidades em cinco
licitações para plataformas,
de ao menos R$ 200 milhões
ELVIRA LOBATO
PEDRO SOARES
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
O Ministério Público Federal
e a Polícia Federal realizaram
ontem ação em cinco Estados
para desbaratar esquema criminoso de fraudes em licitações da Petrobras, na qual 13
pessoas foram presas, entre as
quais três executivos da estatal.
A operação atingiu ainda um
dos maiores estaleiros do país,
o Mauá Jurong, a empresa de
engenharia Iesa e a operadora
portuária Angraporto. Segundo
a acusação, houve fraudes em
cinco licitações, no valor de pelo menos R$ 200 milhões.
No total, o Ministério Público denunciou 26 pessoas sob
acusação de envolvimento nas
irregularidades. Dessas, 18 tiveram a prisão preventiva decretada pela 4ª Vara Federal Criminal do Rio, das quais 13 haviam sido presas até o fechamento desta edição.
O esquema de fraudes, segundo a denúncia, tinha várias
ramificações e envolvia funcionários da Petrobras, das empresas beneficiadas, do órgão
ambiental do Rio (Feema) e da
Polícia Federal. O idealizador
das fraudes seria o empresário
Ruy Castanheira de Souza,
também suspeito de ser responsável pela lavagem do dinheiro obtido irregularmente.
Ele teria o auxílio de Ricardo
Secco. Ambos, presos, teriam
criado empresas fantasmas para onde ia parte do que a Angraporto recebia da Petrobras.
Segundo as investigações, a
Angraporto corrompia funcionários da Petrobras, que lhes
forneciam informações privilegiadas sobre licitações ou inseriam nos editais de exigências
que só ela poderia atender. A
Iesa e a Mauá usavam esquema
semelhante, orientadas pela
Angraporto.
As licitações consideradas
fraudadas pelo procurador da
República encarregado do caso,
Carlos Alberto Aguiar, foram as
que trataram de reparos nas
plataformas P-10, P-14, P-16 e
P-22. Segundo ele, as fraudes
envolvem a empresa Angraporto Offshore, criada em 2003.
"A Angraporto foi criada para
fraudar processos licitatórios",
disse o procurador, que iniciou
as investigações há dois anos a
partir de informações sobre a
suposta existência de uma organização, formada por funcionários da estatal e empresários.
A Angraporto venceu as licitações para reparos da P-10, da
P-14 e da P-22. Receberia cerca
de R$ 60 milhões. A Iesa também venceu a licitação para os
reparos na P-14 e receberia R$
90 milhões. A reforma na P-16
ficou a cargo da Mauá Jurong.
Nem o procurador nem o delegado que presidiu o inquérito,
Cláudio Nogueira, revelaram o
valor deste contrato.
Para ter a licença ambiental
das obras, a organização subornaria funcionários da Feema
(Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente).
Aguiar disse que não está
comprovado o superfaturamento dos preços contratuais
das licitações fraudadas, mas
que não tem dúvidas de que a
Petrobras teve prejuízo.
A PF apreendeu R$ 500 mil
no apartamento do filho de
Castanheira, Felipe Pereira das
Neves Castanheira de Souza,
também preso ontem.
A operação deflagrada na
madrugada de ontem e incluiu
o cumprimento de 60 mandados de busca e apreensão, além
das ordens de prisão. Logo cedo
foram presos o gerente-geral da
unidade de serviço e sondagem
submersíveis da Petrobras,
Carlos Heleno Netto Barbosa, o
coordenador de uma das comissões de licitação da estatal,
Carlos Alberto Pereira Feitosa,
e o gerente de plataforma Rômulo Miguel de Morais.
O policial federal Sérgio Fernandes Granja, acusado de facilitar a entrada e saída dos integrantes da quadrilha do país,
teve a prisão decretada, mas
não havia sido encontrado até a
noite de ontem.
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