São Paulo, quarta-feira, 11 de julho de 2007 |
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Suplente de Roriz atribui a amigos R$ 1,39 mi em conta
Declaração de IR de Gim Argello não registra esses depósitos, feitos em espécie
LEONARDO SOUZA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA Suplente do ex-senador Joaquim Roriz (PMDB-DF), o ex-deputado distrital Gim Argello (PTB-DF) informou à Receita que recebeu de dois parentes próximos e dois amigos pelo menos R$ 1,39 milhão em dinheiro vivo depositado em sua conta corrente. Os valores não constam de sua declaração de Imposto de Renda, segundo documentos obtidos pela Folha. Chamado a explicar a movimentação, Argello disse ao fisco que o dinheiro havia sido emprestado por seu irmão Paulo Argello, sua ex-mulher, Márcia Cristina Varandas, o advogado Paulo Goyaz, e Roque Saraiva, ambos filiados ao PTB do DF. Não convenceu à Receita, mesmo depois de ter apresentado documentos. Foi autuado em quase R$ 1 milhão em valores de hoje, incluindo o imposto devido, multa e correção. O caso gerou um processo contra Argello, acusado de crime contra o sistema financeiro. Segundo a versão que apresentou à Receita em 2003, ele teria recebido os empréstimos entre abril de 2000 e meados de 2001. Só em abril de 2000 teriam sido R$ 910 mil. Auditores que participaram da investigação desconfiaram de vários pontos da defesa de Argello. Primeiro, ele informou que os empréstimos foram quitados no mesmo ano, o que o desobrigaria de informar no IR, mas não comprovou a saída dos recursos de sua conta para quitar os débitos. Na declaração prestada em 2002, informou que em 2001 tinha apenas dívida no Banco do Brasil no valor de R$ 3.454. Em 2000, seriam apenas R$ 3.107. Mesmo tendo recebido tantos empréstimos, continuou a pegar créditos em pequenos valores, como no BRB (R$ 12.886 em 2001, em quatro vezes) e no Banco Cidade (R$ 1.560 em 2000). Paulo Goyaz, que além de seu amigo é seu advogado, confirmou que lhe emprestou R$ 115 mil em 2000, fora outro empréstimo no mesmo ano de R$ 198 mil concedido a Argello pela Sociedade Esportiva Gama, da qual Goyaz era vice-presidente. Goyaz disse que sempre empresta dinheiro aos amigos, e a juros zero. Segundo o advogado, Argello lhe deu promissórias como garantia, mas as rasgou após ter quitado a dívida. "O pagamento ocorreu em 29 de dezembro de 2000, e as notas promissórias, é claro, foram devolvidas para ele, que rasgou", disse Goyaz. "De igual modo com relação aos demais documentos trazidos, tais como, mas não só, àquele relativo ao empréstimo da Sociedade Esportiva Gama [...] e ao empréstimos do senhor Paulo Alves da Silva [Paulo Goyaz] para o recorrente, também sem qualquer comprovação de entrega do valor, sendo insuficiente neste frágil contexto probatório", informou o Conselho de Contribuintes, ao negar seu recurso. Primo do general paraguaio Lino Oviedo (acusado de tramar golpes e assassinatos no país vizinho), Roque Saraiva teria emprestado pelo menos R$ 625 mil a Argello. Em 2001, Oviedo ficou em prisão domiciliar na casa de Saraiva. Texto Anterior: Corrupção piorou no Brasil, afirma Bird Próximo Texto: Senado: Posse de Argello só interessa a Renan, diz advogado Índice |
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