São Paulo, sexta-feira, 11 de julho de 2008

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"Não há nenhuma visão soviética", afirma Tarso

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro da Justiça, Tarso Genro, rebateu ontem duas vezes declarações do presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, que criticou o modo de atuação da Polícia Federal na Operação Satiagraha. Desde que a operação foi deflagrada, na terça, aumentou a tensão entre Executivo e Judiciário. A relação já não era tranqüila, por causa das críticas de Mendes à atuação da PF, classificada por ele como "ideologizada" e de um "terrorismo lamentável, coisa de gângster". Ontem pela manhã, Tarso refutou a acusação de que a PF estaria dividida na operação. "As notícias que surgem [sobre a divisão] são normais, a respeito até de alguma divergência operacional que tenha havido. Se estivéssemos em um regime soviético, essas informações não sairiam, inclusive as pessoas não seriam filmadas quando são presas. O regime democrático é assim", disse. Mendes, na terça-feira, afirmou que o pedido de prisão e de busca e apreensão na casa da jornalista da Folha Andréa Michael "faz inveja ao regime soviético". À tarde, quando comentou em entrevista sobre a volta do banqueiro Daniel Dantas à prisão, o ministro da Justiça novamente citou Mendes. Ao comentar o debate em torno da Operação Satiagraha, ele disparou: "É extraordinariamente positivo [o debate], sobretudo [porque] mostra que aqui no país não há nenhum sistema fechado, nenhum sistema totalitário, não há nenhuma visão soviética no procedimento inquisitório penal". Mendes não comentou ontem as declarações de Tarso. Sobre o habeas corpus concedido por ele a Dantas, disse apenas que a decisão "foi muito positiva". Apesar das farpas, Tarso elogiou a atuação do presidente do STF. Sobre o habeas corpus que livrou Dantas por algumas horas, o ministro afirmou que o instrumento "faz parte do processo jurídico, do processo técnico apreciado por Mendes, que temos que prestigiar". Quando se referiu à prisão preventiva contra o banqueiro, Tarso disse que o fato não era um "desrespeito à decisão do ministro Gilmar". "[A prisão de Dantas] não foi descabida nem antes nem agora. São diversas interpretações judiciais em fases diferentes do processo", disse. Ainda sobre as prisões, o ministro disse acreditar no aspecto "pedagógico" da operação. "Esse pessoal dificilmente vai se reunir de novo para delinqüir... A Justiça pode tardar, mas ela vem. Pergunte para o Cacciola." Sobre a ameaça que a defesa de Dantas fez, de apresentar provas que incriminariam autoridades do governo Lula, Tarso disse que elas devem ser mostradas, pois vai ajudar o "Estado brasileiro, a PF e a Justiça". (LUCAS FERRAZ)


Colaborou FELIPE SELIGMAN , da Sucursal de Brasília


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