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Valor já pago a Dantas pela Oi está no exterior, suspeita PF
Banqueiro pode ter remetido de forma fraudulenta R$ 139 mi recebidos pelo Opportunity
Dantas temia que seus bens fossem bloqueados, o que não ocorreu; banco deve receber mais de US$ 1 bilhão pela saída da Brasil Telecom
LEONARDO SOUZA
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Polícia Federal suspeita
que o banqueiro Daniel Dantas
já tenha remetido para o exterior, de forma fraudulenta, pelo
menos R$ 139 milhões referente à primeira parte recebida pelo Opportunity na transação de
venda da BrT (Brasil Telecom)
para Oi (antiga Telemar), segundo a Folha apurou.
Os investigadores que participaram da Operação Santiagraha detectaram indícios de
aplicações financeiras ilegais
no exterior após o Opportunity
ter embolsado os primeiros milhões da Oi, entre o final de
abril e começo de junho.
Segundo pessoas próximas à
ação da PF, Dantas tinha medo
de que seus bens fossem bloqueados, o que foi pedido pelo
Ministério Público Federal e
pela PF e negado pelo juiz federal de primeira instância Fausto Martins de Sanctis.
O Opportunity deve receber
mais de US$ 1 bilhão pela saída
da BrT. Esse total inclui a venda de sua participação na empresa mais um acordo para que
as partes envolvidas no negócio
extinguissem todas as ações na
Justiça relacionadas à BrT. Por
esse acordo, o Opportunity recebeu R$ 139 milhões.
A maior parcela da transação, aproximadamente US$ 1
bilhão, somente será desembolsada pela Oi após a Anatel
(Agência Nacional de Telecomunicações) aprovar mudança
nas regras do setor de telefonia
que permitirá a aquisição da
Brasil Telecom.
De acordo com os investigadores, o dinheiro recebido da
Oi teria sido mandado para fora por meio da complexa estrutura criada pelo próprio
Opportunity para realizar operações de evasão de divisas.
"Os laudos periciais permitem, neste momento das investigações, inferir o possível envolvimento dos administradores do Opportunity Fund no
delito de evasão de divisas, porquanto não há notícia de que os
valores de brasileiros tenham
sido legalmente remetidos do
país", informa relatório encaminhado à Justiça Federal pela
PF e o Ministério Público.
O trecho acima é parte da explicação sobre os mecanismos
empregados pelos gestores do
Opportunity Fund.
"As conclusões do referido
exame encontram respaldo
quando cotejadas com um dos
e-mails interceptados em
23.05.2008, às 16h39m23s",
acrescenta o relatório. Na mensagem eletrônica, um funcionário do Opportunity acerta
com um cliente brasileiro aplicação num fundo para investidores estrangeiros, o que a lei
não permite.
Num e-mail do dia 6 de maio,
uma outra funcionária do Opportunity, Gabriella Bouqueral, relata uma estrutura criada
para aplicar dinheiro de brasileiros no exterior, em paraísos
fiscais. "Gabriela tenta explicar
uma estrutura que planeja
criar para investidores brasileiros. Seria um fundo "offshore"
[no exterior] criado em Bahamas, este tendo sua RTA [não
há explicação sobre a sigla] localizado em Cayman e teria a
estrutura dos fundos offshore
do Opportunity (Opportunity
Fund e Unique)."
Os recursos relacionados a
esses fundos somariam cerca
de US$ 700 milhões.
Foi justamente entre maio e
junho que o Opportunity recebeu os R$ 139 milhões da Oi.
Desde o dia 26 de abril que
Dantas sabia da operação da
Polícia Federal que poderia levar à sua prisão. Foi nesse que a
Folha publicou reportagem revelando que Dantas e outras
pessoas do Opportunity eram
alvos de investigação da PF sobre transações financeiras supostamente fraudulentas orquestradas por sua instituição
financeira.
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