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Renan escala aliados para blindar Sarney no Senado
Governistas alegam que presidente da Casa só pode ser punido por atos desta legislatura
Oposição critica composição do Conselho de Ética e diz que aliados tentam usar agora mesma tática que livrou Renan de acusações
Joedson Alves/Folha Imagem
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O presidente do Senado Federal, José Sarney (PMDB-AP), ontem, ao deixar o prédio da Casa
ANDREZA MATAIS
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O líder do PMDB no Senado,
Renan Calheiros (AL), indicou
seus aliados mais próximos para compor o Conselho de Ética
com a missão de blindar o senador José Sarney (PMDB-AP),
alvo de representação por quebra de decoro parlamentar e de
duas denúncias que podem lhe
custar o mandato.
Os governistas têm 10 dos 15
integrantes do conselho. Renan
repete a fórmula que o ajudou a
enterrar representações que
enfrentou no conselho em
2007 quando foi acusado de ter
contas pagas por lobista.
Ele indicou os peemedebistas Wellington Salgado (MG),
Almeida Lima (SE), Gilvam
Borges (AP) e Paulo Duque
(RJ) como titulares do colegiado. Novo no grupo, Paulo Duque já deu demonstrações de fidelidade ao grupo de Renan ao
impedir por três vezes a instalação da CPI da Petrobras.
Salgado já sinalizou que defenderá o presidente do Senado. "Estão responsabilizando
Sarney por fatos que ocorreram antes de ele chegar ao cargo. A questão dos atos secretos
envolve outros senadores."
O grupo tem feito a defesa de
Sarney no plenário. Sobre a denúncia de que 15 parentes e
agregados do senador estavam
empregados no Senado por
meio de atos secretos, Salgado
afirmou: "Nós temos um problema: os nossos filhos terem
os nossos sobrenomes".
A oposição criticou as escolhas. "Não tenho dúvidas de
que estão usando, agora com
Sarney, a mesma tática que
usaram para blindar o Renan",
disse a senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), que relatou
processo contra Renan.
Por ser o maior partido, o
PMDB pode indicar o presidente do conselho. O partido,
porém, negocia a vaga com as
siglas da base governista de forma a amarrar o apoio a Sarney.
O nome mais provável para a
presidência é o do senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) -um dos poucos que não se
manifestaram em plenário sobre a crise envolvendo Sarney.
Valadares foi procurado por
Aloizio Mercadante (PT-SP),
que lhe propôs a indicação. A
decisão sobre o presidente deve
ser tomada na segunda, e a expectativa é que o conselho seja
instalado na próxima semana.
O PSOL entrou com representação contra Sarney e Renan por quebra de decoro por
causa dos atos secretos -663
deixaram de ser publicados em
14 anos. Parentes de Sarney foram nomeados e exonerados da
Casa de forma secreta. Algumas dessas medidas foram adotadas neste mandato. O conselho não pode investigar fatos
anteriores à atual legislatura.
Tanto Sarney como Renan
negam ter conhecimento de
que os atos não eram publicados. Uma comissão de sindicância apontou o ex-diretor-geral Agaciel Maia e o ex-diretor de Recursos Humanos João
Carlos Zoghbi como responsáveis pelos atos secretos. Agaciel
ficou 14 anos no cargo com o
apoio de Sarney, que já presidiu
o Senado três vezes.
O líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), ingressou com mais
uma denúncia no conselho e a
encaminhou ao procurador-geral. Como não é assinada pelo
partido, a denúncia só terá caráter de representação se acolhida pelo colegiado. Ele pede
investigação sobre o suposto
desvio de recursos da Petrobras
repassados à Fundação Sarney.
A outra denúncia numera 18 fatos envolvendo o senador em
irregularidade administrativa.
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