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Civis pedem ampliação de áreas de busca no Araguaia
Grupo quer que Exército inclua centro histórico de Belém e mais 2 regiões em roteiro
Procuradoria em Marabá disse ontem que irá solicitar à Defesa a interrupção dos trabalhos de busca por falta de dados sobre as operações
SERGIO TORRES
ENVIADO ESPECIAL A MARABÁ (PA)
Os corpos de 25 guerrilheiros
foram enterrados clandestinamente por militares em nove
áreas, de acordo com informação obtida pela comissão criada
pelo governo para buscar as ossadas de desaparecidos no Araguaia nos anos 70.
Integrantes civis da comissão pediram ao Exército que inclua no roteiro de escavações
que começarão em agosto mais
três regiões, além de 14 relacionadas pelo Ministério da Defesa. Uma delas, fora do Araguaia
(sudeste do Pará, norte do Tocantins e sul do Maranhão): o
centro histórico de Belém.
À frente da comissão de 33 civis e militares, o general Mário
Lúcio Araújo ficou de submeter
o pedido ao ministério.
O mapeamento dos nove
pontos foi feito a partir de depoimentos coletados pelos ouvidores Paulo Fonteles Filho,
representante do governo do
Pará, Ivete Nascimento e Rodrigo Peixoto, antropólogos do
Museu Emílio Goeldi (Ministério da Ciência e Tecnologia).
Três moradores do Araguaia
indicaram possíveis locais de
sepultamentos em áreas de floresta, margens de rios, clareiras
e bases administradas por militares quando da repressão aos
guerrilheiros que o então ilegal
PC do B (Partido Comunista do
Brasil) enviou ao Araguaia no
fim dos anos 60.
Em 1972, as Forças Armadas
atacaram os guerrilheiros, dizimados até 1975. Cerca de 60 deles continuam desaparecidos.
Em obediência à sentença da
Justiça Federal em Brasília, o
governo montou a comissão
para buscar os restos mortais.
Interrupção
Ontem o Ministério Público
Federal em Marabá informou
que encaminhará ofício ao Ministério da Defesa pedindo a interrupção dos trabalhos de busca. A alegação é que faltam dados sobre as operações, além da
negativa da presença de parentes e da própria Procuradoria
da República na comissão.
Por enquanto, a ouvidoria
quer estender as buscas à região do Embaubal (município
de Palestina do Pará), onde podem estar enterrados membros
da comissão militar da guerrilha, entre eles o ex-deputado
Maurício Grabois, morto por
militares em 1973.
Em visita na segunda-feira,
membro da comissão achou
cruzes de madeira caídas, envelhecidas pelo tempo. Ouviu relato de moradores de que ali foram enterrados guerrilheiros.
Ontem, a comissão visitou a fazenda Bacaba, a 60 km de Marabá (PA). Estariam enterrados
no terreno, antiga base militar,
os guerrilheiros Nelito, Cristina, Rosinha, Carretel, Piauí e
Doca, segundo o mapeamento.
Em Caçador, estariam enterrados Duda, Zé Carlos, Alfredo
e Edinho. Na Casa Azul, João
Araguaia, Valdir, Beto e Lourival. Em Água Branca, Sônia.
Em Oito Barracas, Helenira
Rezende. No Chega com Jeito,
Zezinho do B. Na Grota do Chapéu, Jana. Na Pachiba, Landim.
Outros seis guerrilheiros estariam no Embaubal e em
Xambioá (TO), cidade em que
foram achadas as ossadas dos
únicos guerrilheiros já identificados, Maria Lúcia Petit e Bergson Farias.
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