São Paulo, sábado, 11 de julho de 2009

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Civis pedem ampliação de áreas de busca no Araguaia

Grupo quer que Exército inclua centro histórico de Belém e mais 2 regiões em roteiro

Procuradoria em Marabá disse ontem que irá solicitar à Defesa a interrupção dos trabalhos de busca por falta de dados sobre as operações

SERGIO TORRES
ENVIADO ESPECIAL A MARABÁ (PA)

Os corpos de 25 guerrilheiros foram enterrados clandestinamente por militares em nove áreas, de acordo com informação obtida pela comissão criada pelo governo para buscar as ossadas de desaparecidos no Araguaia nos anos 70.
Integrantes civis da comissão pediram ao Exército que inclua no roteiro de escavações que começarão em agosto mais três regiões, além de 14 relacionadas pelo Ministério da Defesa. Uma delas, fora do Araguaia (sudeste do Pará, norte do Tocantins e sul do Maranhão): o centro histórico de Belém.
À frente da comissão de 33 civis e militares, o general Mário Lúcio Araújo ficou de submeter o pedido ao ministério.
O mapeamento dos nove pontos foi feito a partir de depoimentos coletados pelos ouvidores Paulo Fonteles Filho, representante do governo do Pará, Ivete Nascimento e Rodrigo Peixoto, antropólogos do Museu Emílio Goeldi (Ministério da Ciência e Tecnologia).
Três moradores do Araguaia indicaram possíveis locais de sepultamentos em áreas de floresta, margens de rios, clareiras e bases administradas por militares quando da repressão aos guerrilheiros que o então ilegal PC do B (Partido Comunista do Brasil) enviou ao Araguaia no fim dos anos 60.
Em 1972, as Forças Armadas atacaram os guerrilheiros, dizimados até 1975. Cerca de 60 deles continuam desaparecidos. Em obediência à sentença da Justiça Federal em Brasília, o governo montou a comissão para buscar os restos mortais.

Interrupção
Ontem o Ministério Público Federal em Marabá informou que encaminhará ofício ao Ministério da Defesa pedindo a interrupção dos trabalhos de busca. A alegação é que faltam dados sobre as operações, além da negativa da presença de parentes e da própria Procuradoria da República na comissão.
Por enquanto, a ouvidoria quer estender as buscas à região do Embaubal (município de Palestina do Pará), onde podem estar enterrados membros da comissão militar da guerrilha, entre eles o ex-deputado Maurício Grabois, morto por militares em 1973.
Em visita na segunda-feira, membro da comissão achou cruzes de madeira caídas, envelhecidas pelo tempo. Ouviu relato de moradores de que ali foram enterrados guerrilheiros. Ontem, a comissão visitou a fazenda Bacaba, a 60 km de Marabá (PA). Estariam enterrados no terreno, antiga base militar, os guerrilheiros Nelito, Cristina, Rosinha, Carretel, Piauí e Doca, segundo o mapeamento.
Em Caçador, estariam enterrados Duda, Zé Carlos, Alfredo e Edinho. Na Casa Azul, João Araguaia, Valdir, Beto e Lourival. Em Água Branca, Sônia. Em Oito Barracas, Helenira Rezende. No Chega com Jeito, Zezinho do B. Na Grota do Chapéu, Jana. Na Pachiba, Landim.
Outros seis guerrilheiros estariam no Embaubal e em Xambioá (TO), cidade em que foram achadas as ossadas dos únicos guerrilheiros já identificados, Maria Lúcia Petit e Bergson Farias.


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