São Paulo, sexta-feira, 11 de agosto de 2006

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Único deputado não-investigado pela PF é suspeito de ter funcionária fantasma

KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

O único deputado da Assembléia Legislativa de Rondônia que não é investigado pela Polícia Federal no esquema de desvio de recursos públicos, Neri Firigolo (PT), responde a inquérito da Polícia Civil por suspeita de ter mantido por dois anos uma funcionária fantasma em sua folha de pagamento.
A Promotoria da Defesa da Probidade Administrativa de Cacoal (476 km ao leste de Porto Velho) abriu ontem procedimento para apurar indícios de improbidade contra Firigolo.
A suposta funcionária fantasma foi identificada como a vendedora e militante do PT Sidarta Mechalczuk, 31, que mora, trabalha e estuda em Cacoal, segundo a denúncia, mas figurava como funcionária do gabinete de Firigolo, em Porto Velho, desde março de 2003. O valor do salário é desconhecido.
Segundo o promotor de Justiça Alexandre Jésus de Queiroz Santiago, o inquérito foi encaminhado -já que o deputado tem foro privilegiado- ao Tribunal de Justiça e, no momento, está na Corregedoria Geral de Justiça.
Santiago justificou o pedido de investigação. "Vislumbrei no primeiro momento falsidade ideológica, peculato e crime de funcionária fantasma."
O caso da suposta funcionária fantasma no gabinete de Firigolo chegou ao Ministério Público em novembro do ano passado, por denúncia do técnico judiciário Wander Sanders Damasceno, 34. Ela foi fazer uma denúncia trabalhista na Justiça do Trabalho e não quis mostrar a carteira de trabalho.
Em uma busca no Cadastro Nacional de Informações Sociais da Dataprev, Damasceno descobriu que a vendedora era empregada da Assembléia Legislativa pelo gabinete de Neri Firigolo. No cadastro, a funcionária foi registrada em 22 de março de 2003.

Outro lado
O deputado Neri Firigolo, 58, negou a existência de contratações indevidas em seu gabinete. Ele afirmou que Sidarta Mechalczuk teve cargo comissionado em seu gabinete e chegou a recolher as contribuições previdenciárias. "Ela apenas foi uma comissionada, que é uma ajuda de gabinete, e foi exonerada", disse.
Ao responder porque a funcionária não trabalhava em seu gabinete em Porto Velho, Firigolo disse que ela era assessora parlamentar trabalhando em Cacoal, mesmo sendo funcionária de um estabelecimento privado.
"Ela trabalhava no fim de semana. O cargo comissionado trabalha a hora em que é preciso, muitas vezes por telefone. Não existe nada ilegal nisso. Estou surpreso com isso [o inquérito], porque nunca recebi notificação", disse Firigolo.


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