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ELEIÇÕES 2006/CAMPANHA
"Eu afastei Dirceu e Palocci", diz Lula, sob pressão no "JN"
Presidente admite pela primeira vez ter demitido auxiliares suspeitos de corrupção
Chamado de "candidato" por
Bonner, petista comete ato
falho e diz que "salário caiu"
e que "combateu a ética';
audiência foi de 39 pontos
EDUARDO SCOLESE
PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em entrevista ontem ao
"Jornal Nacional", pautada pelo escândalo do mensalão e por
denúncias de corrupção contra
seu governo e o PT, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva demonstrou nervosismo em vários momentos. Cometeu duas
gafes e foi, pela primeira vez,
enfático ao afirmar que determinou o afastamento do então
ministro José Dirceu da Casa
Civil, em junho de 2005. Até
então, ambos sustentavam que
a saída havia sido negociada.
Lula afirmou também pela
primeira vez no "JN" ter demitido Antonio Palocci do Ministério da Fazenda, em março
passado. Na época, Palocci saiu
sob elogios do presidente.
Questionado sobre a demonstração de solidariedade a
ministros afastados, Lula primeiro disse: "Eu afastei todos.
Todos os que estavam dentro
do governo federal foram afastados, todos, sem distinção. Todos os funcionários públicos de
primeiro, segundo e terceiro
escalões foram afastados."
A seguir, questionado especificamente sobre Dirceu, o presidente disse: "Foi afastado. Foi
afastado. Eu o afastei. Afastei o
Zé Dirceu, afastei o Palocci,
afastei outros funcionários que
estavam envolvidos e vou continuar afastando." Segundo ele,
"o governo não acusa, mas age".
"Querido" e "grande irmão"
Oficialmente, Dirceu foi exonerado "a pedido", dois dias depois de o autor das denúncias
do "mensalão", o deputado cassado Roberto Jefferson (PTB-RJ), ter dito em cadeia nacional: "Sai daí, Zé".
"Durante esses dias eu tenho
conversado reiteradas vezes
com o presidente Lula e hoje
pedi e comuniquei ao presidente Lula que quero voltar à Câmara", afirmou Dirceu, em 16
de junho de 2005. Sobre a reação de Lula, Dirceu disse na
ocasião: "Ele aceitou meu pedido de afastamento do governo".
Chamando o amigo de "querido Zé", Lula escreveu: "Recebi seu pedido de afastamento
das funções de chefe da Casa
Civil. Decidi aceitá-lo, louvando seu desprendimento pessoal. Só pessoas da sua grandeza são capazes desses gestos".
Na saída de Palocci, derrubado como o principal suspeito
pela quebra do sigilo bancário
do caseiro Francenildo Costa,
que o acusava de freqüentar a
chamada casa de lobby em Brasília, Lula chegou a discursar e
chamou o ex-ministro da Fazenda de "eterno companheiro" e "grande irmão".
Na entrevista ao "JN", esperada com ansiedade por assessores palacianos, que o treinaram nos últimos dois dias para
encarar perguntas sobre corrupção, Lula disse ter criado a
CGU (Controladoria Geral da
União). Na verdade, o órgão foi
criado em 2001, no governo
Fernando Henrique Cardoso.
Lula, ao assumir, deu status de
ministério à CGU.
Dados preliminares do Ibope
mostram que o "JN" de ontem
teve 39 pontos de audiência. A
entrevista de Alckmin teve 45
pontos. A de Heloísa Helena
(PSOL), 40 e a de Cristovam
Buarque (PDT), 42,5.
Sobre a dívida de R$ 29,5 mil
com o PT que teria sido paga,
na versão oficial, por Paulo
Okamotto, amigo de Lula e
atual presidente do Sebrae, o
presidente disse ontem: "Eu
não devo ao PT, portanto eu
não deveria pagar". E acrescentou uma frase que teria dito a
Okamotto: "Se você quiser pagar, você paga"
Lula ainda citou várias vezes
a atuação da PF como uma
marca de seu governo e procurou distribuir a culpa pela corrupção com governos passados.
"Dá a impressão de que aconteceu ontem. Nunca foi presa
tanta gente neste país. E de crimes que começaram em 85, 80,
90. São quadrilhas históricas
no governo, que estavam embaixo do tapete e que resolvemos colocar os organismo públicos para funcionar".
Mais tarde, em entrevista ao
"Jornal das 10", da GloboNews,
questionado sobre sua declaração dos "300 picaretas", afirmou: "Você não pode querer
que um presidente da República fale a mesma coisa que ele falou há 13 anos atrás em Rondônia, que eu estava em Rondônia
quando disse isso".
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