São Paulo, sábado, 11 de agosto de 2007

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PF ofereceu asilo, mas cubanos quiseram voltar, afirma Tarso

Ministro diz ser "bobagem" achar que ninguém quer voltar a Cuba e lembra que, quando foi exilado, queria voltar ao país já no outro dia

Para o petista, a oposição queria que atletas fossem "seqüestrados" pelo governo para fazer propaganda contra o regime de Fidel

FLÁVIO ILHA
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

O ministro da Justiça, Tarso Genro, disse ontem em Porto Alegre que a Polícia Federal ofereceu por duas vezes asilo político aos boxeadores cubanos que desertaram da delegação nos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro. Segundo o ministro, os dois atletas -Guillermo Rigondeaux e Erislandy Lara- não aceitaram a oferta e preferiram voltar a Cuba.
"A Polícia Federal, por minha determinação, fez [a oferta de asilo] duas vezes. Eu disse: "Digam para os rapazes que, se eles quiserem ficar como refugiados, eles ficam, não há nenhum problema". Eles disseram: "Não, nós queremos ir embora para casa'", disse Tarso.
Para o ministro, o governo, por meio da PF, "sem nenhum tipo de pressão e assistido por um advogado e pela Procuradoria da República", cumpriu a lei. "O pessoal [a oposição] fica nervoso porque não seqüestramos os cubanos para fazer propaganda contra Cuba. Nós não vamos fazer isso nem contra os Estados Unidos nem contra o Irã nem contra Cuba", disse.
Tarso atacou os críticos do governo por, segundo ele, não entenderem como os atletas puderam voltar a Cuba. "Eles [os críticos do governo] têm uma visão de que ninguém jamais vai querer voltar para Cuba. Isso é uma rematada bobagem." O ministro disse que, quando foi exilado político, optou por regressar ao Brasil, mesmo na ditadura, "porque queria voltar para minha pátria". "Saí do meu país num dia e no outro já queria voltar."
O ministro da Justiça viveu exilado no Uruguai entre 1968 e 1970. Depois da edição do AI-5, renunciou ao mandato de vereador em Santa Maria, eleito pelo MDB, e rumou para Rivera, na fronteira com o Brasil. Lá, ficou por 14 meses. Quando o processo movido contra ele chegou à Justiça Militar, ele apresentou-se e respondeu às acusações em liberdade.
O ministro criticou a imprensa pelo tratamento dado ao episódio. "Tem uma parte da imprensa que queria que nós seqüestrássemos os cubanos para fazer propaganda contra Cuba. Nós não vamos fazer isso nem com americanos nem com chineses nem com cubanos nem com ninguém."
Disse ainda que os atletas não são quadros políticos e que, portanto, "não são contra nem a favor" do regime de Fidel Castro. "Eles têm família lá. Foram embora. Foi isso que ocorreu."


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