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PF ofereceu asilo, mas cubanos quiseram voltar, afirma Tarso
Ministro diz ser "bobagem" achar que ninguém quer voltar a Cuba e lembra que, quando foi exilado, queria voltar ao país já no outro dia
Para o petista, a oposição queria que atletas fossem "seqüestrados" pelo governo para fazer propaganda contra o regime de Fidel
FLÁVIO ILHA
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA,
EM PORTO ALEGRE
O ministro da Justiça, Tarso
Genro, disse ontem em Porto
Alegre que a Polícia Federal
ofereceu por duas vezes asilo
político aos boxeadores cubanos que desertaram da delegação nos Jogos Pan-Americanos
do Rio de Janeiro. Segundo o
ministro, os dois atletas -Guillermo Rigondeaux e Erislandy
Lara- não aceitaram a oferta e
preferiram voltar a Cuba.
"A Polícia Federal, por minha determinação, fez [a oferta
de asilo] duas vezes. Eu disse:
"Digam para os rapazes que, se
eles quiserem ficar como refugiados, eles ficam, não há nenhum problema". Eles disseram: "Não, nós queremos ir embora para casa'", disse Tarso.
Para o ministro, o governo,
por meio da PF, "sem nenhum
tipo de pressão e assistido por
um advogado e pela Procuradoria da República", cumpriu a
lei. "O pessoal [a oposição] fica
nervoso porque não seqüestramos os cubanos para fazer propaganda contra Cuba. Nós não
vamos fazer isso nem contra os
Estados Unidos nem contra o
Irã nem contra Cuba", disse.
Tarso atacou os críticos do
governo por, segundo ele, não
entenderem como os atletas
puderam voltar a Cuba. "Eles
[os críticos do governo] têm
uma visão de que ninguém jamais vai querer voltar para Cuba. Isso é uma rematada bobagem." O ministro disse que,
quando foi exilado político, optou por regressar ao Brasil,
mesmo na ditadura, "porque
queria voltar para minha pátria". "Saí do meu país num dia
e no outro já queria voltar."
O ministro da Justiça viveu
exilado no Uruguai entre 1968 e
1970. Depois da edição do AI-5,
renunciou ao mandato de vereador em Santa Maria, eleito
pelo MDB, e rumou para Rivera, na fronteira com o Brasil.
Lá, ficou por 14 meses. Quando
o processo movido contra ele
chegou à Justiça Militar, ele
apresentou-se e respondeu às
acusações em liberdade.
O ministro criticou a imprensa pelo tratamento dado
ao episódio. "Tem uma parte da
imprensa que queria que nós
seqüestrássemos os cubanos
para fazer propaganda contra
Cuba. Nós não vamos fazer isso
nem com americanos nem com
chineses nem com cubanos
nem com ninguém."
Disse ainda que os atletas
não são quadros políticos e que,
portanto, "não são contra nem
a favor" do regime de Fidel Castro. "Eles têm família lá. Foram
embora. Foi isso que ocorreu."
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