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CAMPO MINADO
Diolinda Alves pegou 32 meses de prisão por formação de quadrilha
Após condenação, mulher
de Rainha é presa no Pontal
CRISTIANO MACHADO
FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA,
EM PRESIDENTE PRUDENTE
Condenada a dois anos e oito
meses de prisão em regime fechado por formação de quadrilha, a
mulher do líder do MST José Rainha Jr., 43, Diolinda Alves de Souza, 37, foi presa ontem, por volta
das 13h30, em Teodoro Sampaio
(672 km a oeste de São Paulo).
A sentença foi assinada ontem
pelo juiz da cidade, Atis de Araújo
Oliveira, o mesmo que condenou
Rainha em outro processo. O juiz
é acusado por líderes do MST
(Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra) de "criminalizar" a organização.
Diolinda foi detida em sua casa.
Quando foi informada da prisão,
estava com os filhos João Paulo,
10, e Sofia, 2. Chorando muito, o
filho mais velho acompanhou a
prisão. Sua irmã foi levada para
outro cômodo da casa por uma
amiga da família.
Também chorando, Diolinda
pediu para se despedir dos filhos e
ligou para seu advogado, o deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP). Sem algemas, ela
foi encaminhada à delegacia.
Dentro do carro, Diolinda disse
a uma TV: "[A prisão] é injusta e
política. Mas acredito que a Justiça vá nos soltar".
De lá, passou pela penitenciária
de Presidente Venceslau para fazer exames de corpo de delito. No
final da tarde, foi transferida para
a cadeia feminina de Piquerobi
(outra cidade do Pontal).
Ela ficará com outras três mulheres na cela destinada a menores por causa da lotação da unidade, que possui capacidade para 18
detentas e é ocupada por 39.
O Tribunal de Justiça de São
Paulo informou ontem que, por
"serem necessários alguns procedimentos jurídicos", só divulgará
o teor da sentença hoje.
Processo
Segundo o delegado seccional
de Presidente Venceslau, Dirceu
Urdiales, e uma nota divulgada
pelo MST, a prisão se refere ao
processo 275 de 2000, uma ação
movida pelo Ministério Público
de Teodoro Sampaio acusando
Diolinda e outros dez líderes do
MST de formação de quadrilha
para cometer crimes na região.
Não há um fato originário para
a condenação. A condenação teria
sido baseada no artigo 288 do Código Penal, que caracteriza formação de quadrilha a reunião de
três pessoas para praticar crimes.
Dois dos 11 condenados estão
presos: Rainha e Felinto Procópio
dos Santos, o Mineirinho. Eles foram detidos, por ordem do juiz
Oliveira, em 11 de julho, por furto
e formação de quadrilha durante
invasão na Fazenda Santa Maria,
em 2000. Dezenove dias depois, já
na prisão, Rainha foi condenado
pelo próprio juiz Oliveira a dois
anos e oito meses por porte ilegal
de arma. Com mais essa condenação, Rainha acumulará uma pena
de cinco anos e três meses.
A Agência Folha solicita desde
11 de julho, sem sucesso, entrevista com o juiz Oliveira.
Os demais acusados na sentença que resultou na prisão de Diolinda estão foragidos e com a prisão preventiva decretada: Márcio
Barreto, Sérgio Pantaleão, Zelitro
Luz da Silva, Valmir Rodrigues
Chaves (pai do líder nacional do
MST João Paulo Rodrigues), José
Eduardo Gomes de Moraes, Clédson Mendes da Silva, Manoel
Messias Duda e Roberto Rainha
(irmão de Rainha Jr.).
Hamilton Bellotto Henriques,
advogado de Rainha que acompanhou o processo, disse que ele é
mais uma "criminalização contra
o MST pela simples existência do
movimento". Segundo o advogado, os líderes foram absolvidos recentemente em um processo
idêntico na comarca de Mirante
do Paranapanema.
Colaboraram JOSÉ MASCHIO, da Agência Folha, em Londrina, e EDUARDO
SCOLESE, da Agência Folha
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