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ELEIÇÕES 2004/CAMPANHA
Tucano cobrou promessa de criação de 10 milhões de empregos e disse que Fome Zero não existe; sobre prefeitura, afirmou que vai rever contratos
Agora, Serra também ataca governo Lula
RICARDO BRANDT
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar da resistência ao embate
federalizado da campanha, o candidato a prefeito de São Paulo José
Serra (PSDB) admitiu ontem que
o cenário político nacional serve
de "pano de fundo" nestas eleições municipais e desferiu os
mais duros ataques feitos até o
momento ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Serra atacou a promessa de criação de 10 milhões de empregos,
feita por Lula na campanha presidencial de 2002, o programa Fome Zero, do governo federal, e o
Orçamento Participativo, do PT.
Ele também criticou os governos petistas de não serem transparentes nas administrações públicas e prometeu rever todos os
contratos da Prefeitura de São
Paulo, que, segundo ele, podem
ter os valores reduzidos em 20%.
As afirmações foram feitas ontem durante sabatina promovida
pelo jornal "Diário de S.Paulo"
num dos salões da Câmara Municipal de São Paulo.
"Nós tivemos no governo Fernando Henrique [Cardoso] seus
acertos e seus erros. Teve a eleição, eu fui o candidato e teria feito
mais mudanças no Brasil, mas o
eleitorado entendeu que Lula faria. Ele foi eleito na base que faria
mudanças, queria criar 10 milhões de empregos. Isso é que tem
que ser julgado agora. Porque o
julgamento da população já houve com relação ao governo Fernando Henrique. Agora é o julgamento do atual governo."
E concluiu: "Prometeu criar 10
milhões de empregos. Onde estão
os 10 milhões de empregos?".
Até julho deste ano, foram abertas no país 1,7 milhão de novas vagas de trabalho.
Para o tucano, não houve melhoras no cenário econômico brasileiro. "Uma melhora no quadro
do Brasil em relação ao governo
anterior eu não vi. O desemprego
ainda é maior, e o crescimento
não é maior que a média dos dois
primeiros anos do governo Fernando Henrique."
Outros focos de ataque do candidato foram os programas federais, classificados por ele de "caixa-preta", e o Orçamento Participativo, umas das principais bandeiras de campanha do PT.
"O Orçamento Participativo é
puro marketing. Não se cumpre.
Agora, que é um instrumento de
marketing formidável, isso é. Porque eu vejo pessoas do exterior
querendo conhecer o fenômeno
do Orçamento Participativo. É
uma espécie de Fome Zero. Um
programa que não existe na prática e que foi um sucesso tremendo
mundialmente", disparou.
Em nota, a Coordenadoria do
Orçamento Participativo da cidade de São Paulo informou que "a
declaração do candidato é um
desrespeito, acima de tudo, aos
250 mil paulistanos, em sua maioria da periferia, que participaram
das assembléias do OP".
Apesar das duras críticas, Serra
tentou minimizar os ataques, depois, em entrevista aos jornalistas:
"Eu apenas respondi a perguntas,
eu não tomei a iniciativa de fazer
nenhuma crítica. Agora, se eu estou numa entrevista, não posso
deixar de responder a perguntas
que tenham a ver com o quadro
nacional, porque voltou de novo a
história de que o PSDB é o desemprego", afirmou.
Serra, ao ser questionado sobre
as declarações da atriz Regina
Duarte durante a campanha presidencial de 2002, de que temia a
eleição de Lula, afirmou que o fato
de o PT tentar manipular a opinião pública e de tentar controlar
a mídia justificam as afirmações.
Sobre os contratos da prefeitura, o candidato disse acreditar que
eles possam estar superfaturados.
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