São Paulo, sábado, 11 de setembro de 2004

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ELEIÇÕES 2004/CAMPANHA

Tucano cobrou promessa de criação de 10 milhões de empregos e disse que Fome Zero não existe; sobre prefeitura, afirmou que vai rever contratos

Agora, Serra também ataca governo Lula

RICARDO BRANDT
DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar da resistência ao embate federalizado da campanha, o candidato a prefeito de São Paulo José Serra (PSDB) admitiu ontem que o cenário político nacional serve de "pano de fundo" nestas eleições municipais e desferiu os mais duros ataques feitos até o momento ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Serra atacou a promessa de criação de 10 milhões de empregos, feita por Lula na campanha presidencial de 2002, o programa Fome Zero, do governo federal, e o Orçamento Participativo, do PT.
Ele também criticou os governos petistas de não serem transparentes nas administrações públicas e prometeu rever todos os contratos da Prefeitura de São Paulo, que, segundo ele, podem ter os valores reduzidos em 20%.
As afirmações foram feitas ontem durante sabatina promovida pelo jornal "Diário de S.Paulo" num dos salões da Câmara Municipal de São Paulo.
"Nós tivemos no governo Fernando Henrique [Cardoso] seus acertos e seus erros. Teve a eleição, eu fui o candidato e teria feito mais mudanças no Brasil, mas o eleitorado entendeu que Lula faria. Ele foi eleito na base que faria mudanças, queria criar 10 milhões de empregos. Isso é que tem que ser julgado agora. Porque o julgamento da população já houve com relação ao governo Fernando Henrique. Agora é o julgamento do atual governo."
E concluiu: "Prometeu criar 10 milhões de empregos. Onde estão os 10 milhões de empregos?".
Até julho deste ano, foram abertas no país 1,7 milhão de novas vagas de trabalho.
Para o tucano, não houve melhoras no cenário econômico brasileiro. "Uma melhora no quadro do Brasil em relação ao governo anterior eu não vi. O desemprego ainda é maior, e o crescimento não é maior que a média dos dois primeiros anos do governo Fernando Henrique."
Outros focos de ataque do candidato foram os programas federais, classificados por ele de "caixa-preta", e o Orçamento Participativo, umas das principais bandeiras de campanha do PT.
"O Orçamento Participativo é puro marketing. Não se cumpre. Agora, que é um instrumento de marketing formidável, isso é. Porque eu vejo pessoas do exterior querendo conhecer o fenômeno do Orçamento Participativo. É uma espécie de Fome Zero. Um programa que não existe na prática e que foi um sucesso tremendo mundialmente", disparou.
Em nota, a Coordenadoria do Orçamento Participativo da cidade de São Paulo informou que "a declaração do candidato é um desrespeito, acima de tudo, aos 250 mil paulistanos, em sua maioria da periferia, que participaram das assembléias do OP".
Apesar das duras críticas, Serra tentou minimizar os ataques, depois, em entrevista aos jornalistas: "Eu apenas respondi a perguntas, eu não tomei a iniciativa de fazer nenhuma crítica. Agora, se eu estou numa entrevista, não posso deixar de responder a perguntas que tenham a ver com o quadro nacional, porque voltou de novo a história de que o PSDB é o desemprego", afirmou.
Serra, ao ser questionado sobre as declarações da atriz Regina Duarte durante a campanha presidencial de 2002, de que temia a eleição de Lula, afirmou que o fato de o PT tentar manipular a opinião pública e de tentar controlar a mídia justificam as afirmações.
Sobre os contratos da prefeitura, o candidato disse acreditar que eles possam estar superfaturados.


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