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MINISTÉRIO PÚBLICO
Chefe da Casa Civil divulgou nota em que relata telefonema de retratação para presidente de conselho
Dirceu retira Gestapo da critica a procurador
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA
Depois da reação negativa de
procuradores, o ministro José
Dirceu (Casa Civil) recuou de parte das críticas que fez anteontem
na TV sobre a atuação do Ministério Público. Foi retirada a ligação
que fez entre o trabalho da instituição e a antiga polícia secreta
nazista alemã.
Ontem à tarde, nota divulgada
pela Casa Civil afirma que Dirceu
telefonou para o procurador-geral da Justiça do Rio Grande do
Sul, Roberto Bandeira Pereira, para retirar a expressão "Gestapo",
usada em entrevista veiculada anteontem no programa "Espaço
Aberto", da GloboNews. Pereira
assumiu ontem o cargo de presidente do Conselho Nacional de
Procuradores-Gerais do Ministério Público.
Na TV, Dirceu disse: [Procuradores têm] "que sofrer as conseqüências da lei, porque, senão,
nós vamos ter pequenas gestapos
funcionando no Brasil. É muito
perigoso. Se nós não resolvermos
isso, o próprio Ministério Público
vai ficar desprestigiado".
Anteontem, integrantes do Ministério Público rotularam de "infeliz" a comparação feita pelo ministro-chefe da Casa Civil. O ministro do STF Marco Aurélio de
Mello afirmou que Dirceu teve
"um arroubo de retórica".
Segundo a nota da Casa Civil, "o
ministro José Dirceu entende que
usou inadequadamente a expressão, visto que ela não retrata o seu
pensamento sobre o papel do Ministério Público e não ajuda no
correto entendimento das considerações que ele próprio fez ao
longo daquela entrevista".
No texto, porém, não há menção sobre outras críticas feitas por
Dirceu à instituição. Na TV, ele
defendeu a criação de limites para
o poder de investigação do Ministério Público, afirmando ser "evidente a politização" do órgão. Ele
ainda acusou promotores de cometerem abusos em suas investigações. No final da nota da Casa
Civil, há um trecho da entrevista,
no qual o ministro José Dirceu
diz, por exemplo, ser contra a
aprovação "da Lei da Mordaça,
que se generalize na crítica ao Ministério Público".
O STF (Supremo Tribunal Federal) analisa a possível proibição
a procuradores e promotores de
comandarem, por conta própria,
investigações criminais. A tendência é que seja definida uma solução meio-termo.
No programa da GloboNews,
Dirceu afirmou: "Estão acontecendo abusos inadmissíveis que,
em alguns casos, estão se constituindo pequenas células que passam a investigar acima da lei. Não
é que sejam métodos heterodoxos, são métodos ilegais. A lei não
permite. Está evidente a politização. Há participação eleitoral que,
muitas vezes, acabam se envolvendo em disputas eleitorais".
Bandeira, que tomou posse ontem como presidente do Conselho Nacional de Procuradores-Gerais do Ministério Público, acatou a explicação do ministro e elogiou a disposição demonstrada
por ele para o diálogo com o Ministério Público.
Deve haver um encontro, provavelmente na próxima semana,
entre Dirceu e o presidente do
conselho nacional para discutir a
relação entre os Poderes.
Anteontem, procuradores reunidos em Porto Alegre foram
unânimes ao considerar a declaração de Dirceu "infeliz". Ao mesmo tempo, porém, evitaram entrar em polêmica a respeito.
O presidente nacional do PT,
José Genoino, afirmou ontem,
também em Porto Alegre, que a
retratação de Dirceu foi "um gesto de grandeza".
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