São Paulo, terça-feira, 11 de setembro de 2007

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33 senadores dizem votar contra Renan; 9 anunciam apoio

Enquete realizada pela Folha mostra que 25 preferem não revelar como decidirão amanhã; 41 votos são necessários para a cassação

Como a votação é secreta, são esperadas traições da oposição e de aliados; Renan pode votar na sessão, mas ainda não decidiu se o fará

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA
DA REPORTAGEM LOCAL

Contrariando projeções do final da semana passada, de aliados de Renan Calheiros, 33 senadores declararam que votam pela cassação do presidente do Senado. São necessários 41 votos para cassá-lo.
Apenas nove senadores saíram abertamente em defesa de Renan e afirmaram que votarão pela absolvição. A Folha ouviu 67 dos 81 senadores; 25 não quiseram revelar o voto e 13 não foram localizados. Como a votação é secreta, são esperadas traições dos dois lados.
Na quinta-feira, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (RR), levou a seguinte avaliação ao Planalto: a oposição não conseguiria colocar 33 votos para cassar Renan. Nesse dia, o ministro Walfrido dos Mares Guia (Relações Institucionais) já considerava que a absolvição de Renan se daria por margem apertada.
Além do clima menos favorável a Renan percebido em contato com congressistas, pesou na avaliação do governo a mudança de prognóstico de Jucá. Uma semana antes de dizer que a oposição não atingiria 33 votos, o peemedebista afirmava que ela não alcançaria 27.
A votação está marcada para amanhã, às 11h, em sessão fechada. Se Renan for absolvido, enfrentará ainda outros dois processos por quebra de decoro que já estão em tramitação no Senado. E uma quarta representação contra ele já foi protocolada pelo PSOL.
O Conselho de Ética aprovou na semana passada, por 11 a 4, em votação aberta, a cassação de Renan. Ele é acusado de ter despesas pessoais pagas por um lobista da empreiteira Mendes Júnior. A pena foi recomendada pelos relatores Renato Casagrande (PSB-ES) e Marisa Serrano (PSDB-MS).

Conselho x plenário
Em um indicativo de que a votação do conselho não é parâmetro para o plenário, o senador Heráclito Fortes (DEM-PI) não quis revelar seu voto. Na semana passada, em votação aberta, ele apoiou a cassação de Renan por pressão do partido. "Se o voto é secreto, não tenho porque abrir meu voto. É o respeito ao que prevê a Constituição", disse ele.
Nos bastidores, o Planalto está trabalhando pela absolvição de Renan. O governo não quer abrir uma disputa pela presidência do Senado porque não tem maioria confortável na Casa nem um candidato forte.
PSDB e DEM fecharam questão pela cassação, mas traições são dadas como certas.
Entre os 12 senadores do PT, nenhum declarou que votará pela absolvição. Desses, quatro afirmaram que são a favor da cassação: Flávio Arns (PR), Augusto Botelho (RR), João Pedro (AM) e Paulo Paim (RS).
Apesar de ser autor de proposta de emenda constitucional para acabar com o voto secreto, Tião Viana (PT-AC), não revela sua posição. Ele presidirá a sessão de amanhã. "Não vou prejudicar a instituição."
Eduardo Suplicy (PT-SP), que no conselho votou pela cassação, tem esperança que Renan tire suas dúvidas na sessão. Os outros petistas que não declararam o voto: Aloizio Mercadante (SP), Delcídio Amaral (MS), Fátima Cleide (RO), Serys Slhessarenko (MS), Sibá Machado (AC) e Ideli Salvatti (SC), que é líder da bancada.
Entre os que declararam voto pela absolvição estão sete do PMDB e dois do PTB. Na bancada petebista, Renan garantiu o voto de Gim Argello (DF) quando arquivou uma representação contra ele, no mês passado, por quebra de decoro.
Líder do PMDB e membro da tropa-de-choque de Renan, Valdir Raupp (RO) não declarou seu voto, embora seja pró-absolvição. Ele afirmou que o voto é secreto e tem que ser anulado caso seja revelado.
Renan pode votar na sessão. Mas sua assessoria disse que isso não estava definido ainda.


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