São Paulo, terça-feira, 11 de setembro de 2007

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Dívida não poderia ser paga, diz Berzoini

Diretório do PT pagou um empréstimo feito por Filippi Jr., prefeito de Diadema e ex-tesoureiro de Lula

DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, disse ontem, em Lisboa, que o Diretório Nacional do partido nunca teve autorização para pagar dívidas pessoais de José de Filippi Jr. (PT), prefeito de Diadema (SP) e ex-tesoureiro de campanha de Luiz Inácio Lula da Silva.
"Se houvesse qualquer cogitação nesse sentido, qualquer pessoa que conhece a legislação sabe que não é apropriado", afirmou Berzoini, segundo relato da agência de notícias de Portugal "Lusa".
Pela legislação, o fundo partidário, rubrica formada majoritariamente por verbas públicas e que representa uma das principais fontes de financiamento de partidos, não pode ser usado para pagamento de dívidas pessoais de seus membros.
Anteontem, a Folha informou que os diretórios nacional e municipal do PT pagaram R$ 150 mil de um empréstimo feito pelo prefeito com o tio dele, o empresário Mário Moreira, em 2003. Em junho deste ano, Moreira disse ter recebido um cheque do PT municipal no mesmo valor.
Em nota, o secretário de Finanças e Planejamento do PT, Paulo Ferreira, informou que, em 2006, o Diretório Nacional "efetuou repasses de caráter extraordinário, através de recursos próprios" ao PT de Diadema. Acrescentou que "a responsabilidade quanto à utilização dos valores cabe ao mesmo [Diretório Municipal]".
Berzoini criticou ainda "setores da imprensa" que, segundo ele, "nunca investigaram outro partido, a não ser o PT".

Empréstimo
"Fiquei honrado pelo PT ter assumido o pagamento. O Diretório Nacional deu R$ 75 mil e o Municipal, mais R$ 75 mil", disse Filippi Júnior.
A dívida foi contraída em 2003, quando o prefeito foi condenado a pagar R$ 183 mil numa ação com pedido de indenização e improbidade administrativa (má gestão pública).
A Justiça entendeu que Filippi Jr. errou ao usar em propaganda oficial três estrelinhas, símbolo do PT e das três gestões dele frente à prefeitura -a lei proíbe a vinculação do logotipo de administrações públicas a bandeiras partidárias.
Foi decretado o bloqueio de bens do prefeito e, para suspender essa ordem, ele precisou depositar o valor em juízo. Recorreu então a amigos. O valor maior veio de Mário Moreira.
Desde julho de 2006, a Promotoria de Diadema investiga o empréstimo feito pelo tio.
A assessoria do prefeito informou ontem que ele não falaria com a imprensa por falta de "agenda disponível". O presidente do Diretório Municipal, Antonio Fidélis, não foi localizado pela reportagem.


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