São Paulo, quarta-feira, 11 de outubro de 2000

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Suplicy chora ao falar de Marta em evento

DA ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) chorou ontem em dois momentos ao discursar para uma platéia de cerca de 150 sindicalistas que participaram do anúncio do apoio da CUT e da Força Sindical à candidatura de sua mulher, Marta Suplicy (PT), à Prefeitura de São Paulo.
Primeiro, quando ele relembrou o passado político do adversário de Marta, o pepebista Paulo Maluf. Depois, quando disse querer ter na política o "procedimento exemplar" que Luiz Pereira, ex-jogador de futebol presente à cerimônia, teve em toda a sua vida.
Em entrevista à Folha, enquanto voava de volta a Brasília depois da cerimônia, Suplicy disse que chorou de "indignação, como cidadão, político e marido". Leia a trechos da entrevista. (SC)

Folha - Por que o sr. chorou?
Eduardo Suplicy -
Porque considero vital para São Paulo a escolha da Marta diante a alternativa de Paulo Maluf, que representa um enorme retrocesso. E porque tenho a total convicção e o conhecimento pessoal de que ela será uma excelente prefeita e um exemplo de comportamento pessoal. Ela representa a possibilidade de as mulheres sonharem sabendo que é um sonho possível.

Folha - E como o sr. vê o fato de o adversário de Marta estar centrando seus ataques na vida pessoal?
Suplicy -
São ofensas gratuitas. Ele não percebe a maneira como está se conduzindo. Ele está baixando o nível querendo incitar tanto a Marta quanto a mim a dar o troco na mesma moeda. Mas nós não nos prestaremos a isso.

Folha - Foi por essas acusações que o sr. se emocionou?
Suplicy -
Indignação. E também na população. Eu me sinto na obrigação de dar o testemunho do que eu conheço dos métodos de Maluf. Quando ele era governador, eu era deputado e fui poucas vezes conversar com ele. Todas elas, porém, por situações de desrespeito aos direitos humanos. No final da cerimônia (ontem) muitas pessoas vieram me dizer que tinham decido entusiasticamente votar na Marta pelo que eu havia falado. Porque as dúvidas que elas tinham antes, agora já não tinham mais. No Maluf, eu só percebo a falta de sinceridade, que é a marca de sua vida pública.

Folha - Os ataques a Marta atingem o sr. pessoalmente?
Suplicy -
Ele (Maluf) quer fazer algo que não vai conseguir de maneira nenhuma: desestabilizar Marta e a mim para se fortalecer. Mas estou vacinado com os métodos de Maluf. Já percebi em eleições anteriores a maneira como ele age e a forma pouco ética que usa para atingir seus adversários. Ele quer atingir a minha família, desestabilizar meu casamento. Quer vencer as eleições por qualquer tática, qualquer método. Mas a Marta e eu, depois de 40 anos de convivência, temos um relacionamento de extraordinária beleza, felicidade e compreensão mútua. Tenho certeza que muitas pessoas gostariam de ter isso, mas nem sempre alcançam.

Folha - Qual será, na sua opinião, a consequência dos ataques?
Suplicy -
Ele (Maluf) vai se dar mal. São Paulo tem consciência clara de quem ele é. Até as pessoas que foram próximas a ele já têm. Podemos começar por seu herdeiro político, o Celso Pitta.

Folha - O sr. tem sido o grande articulador de apoios na campanha.
Suplicy -
Estou procurando ajudar como militante do partido. A vitória da Marta é muito importante. Em todos os momentos que pude colaborar o fiz. Atendi as pessoas que me procuraram para ajudar no diálogo com a Marta.

Folha - As pessoas o procuram. O sr. é a face pública da Marta?
Suplicy -
Felizmente há muitas pessoas que me conhecem bem e que têm confiança. Isso está claro na evolução das minha votações. Uma pesquisa do PT feita em abril pergunta qual a pessoa da vida pública você mais está de acordo, e o meu nome aparece com o melhor índice, com mais de 50%. Tenho dificuldade de atender a todos os apelos e reivindicações.

Folha - O sr. se considera o maior cabo eleitoral de Marta?
Suplicy -
Fico feliz de ser uma das pessoas que mais estão ajudando. São dezenas de pessoas que estão entusiasticamente trabalhando, porque Marta é uma líder nata. Ela é interessante na forma de falar, de ser. Já trabalhou com centenas de pessoas, e eu só ouço referências positivas a ela. Essa é uma grande diferença da Marta para o seu adversário. As pessoas que com ele trabalharam conhecem seus métodos e não recomendam que ele seja prefeito.



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