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Suplicy chora ao falar de Marta em evento
DA ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
O senador Eduardo Suplicy
(PT-SP) chorou ontem em dois
momentos ao discursar para uma
platéia de cerca de 150 sindicalistas que participaram do anúncio
do apoio da CUT e da Força Sindical à candidatura de sua mulher, Marta Suplicy (PT), à Prefeitura de São Paulo.
Primeiro, quando ele relembrou o passado político do adversário de Marta, o pepebista Paulo
Maluf. Depois, quando disse querer ter na política o "procedimento exemplar" que Luiz Pereira, ex-jogador de futebol presente à cerimônia, teve em toda a sua vida.
Em entrevista à Folha, enquanto voava de volta a Brasília depois
da cerimônia, Suplicy disse que
chorou de "indignação, como cidadão, político e marido". Leia a
trechos da entrevista.
(SC)
Folha - Por que o sr. chorou?
Eduardo Suplicy - Porque considero vital para São Paulo a escolha da Marta diante a alternativa
de Paulo Maluf, que representa
um enorme retrocesso. E porque
tenho a total convicção e o conhecimento pessoal de que ela será
uma excelente prefeita e um
exemplo de comportamento pessoal. Ela representa a possibilidade de as mulheres sonharem sabendo que é um sonho possível.
Folha - E como o sr. vê o fato de o
adversário de Marta estar centrando seus ataques na vida pessoal?
Suplicy - São ofensas gratuitas.
Ele não percebe a maneira como
está se conduzindo. Ele está baixando o nível querendo incitar
tanto a Marta quanto a mim a dar
o troco na mesma moeda. Mas
nós não nos prestaremos a isso.
Folha - Foi por essas acusações
que o sr. se emocionou?
Suplicy - Indignação. E também
na população. Eu me sinto na
obrigação de dar o testemunho do
que eu conheço dos métodos de
Maluf. Quando ele era governador, eu era deputado e fui poucas
vezes conversar com ele. Todas
elas, porém, por situações de desrespeito aos direitos humanos.
No final da cerimônia (ontem)
muitas pessoas vieram me dizer
que tinham decido entusiasticamente votar na Marta pelo que eu
havia falado. Porque as dúvidas
que elas tinham antes, agora já
não tinham mais. No Maluf, eu só
percebo a falta de sinceridade,
que é a marca de sua vida pública.
Folha - Os ataques a Marta atingem o sr. pessoalmente?
Suplicy - Ele (Maluf) quer fazer
algo que não vai conseguir de maneira nenhuma: desestabilizar
Marta e a mim para se fortalecer.
Mas estou vacinado com os métodos de Maluf. Já percebi em eleições anteriores a maneira como
ele age e a forma pouco ética que
usa para atingir seus adversários.
Ele quer atingir a minha família,
desestabilizar meu casamento.
Quer vencer as eleições por qualquer tática, qualquer método.
Mas a Marta e eu, depois de 40
anos de convivência, temos um
relacionamento de extraordinária
beleza, felicidade e compreensão
mútua. Tenho certeza que muitas
pessoas gostariam de ter isso, mas
nem sempre alcançam.
Folha - Qual será, na sua opinião,
a consequência dos ataques?
Suplicy - Ele (Maluf) vai se dar
mal. São Paulo tem consciência
clara de quem ele é. Até as pessoas
que foram próximas a ele já têm.
Podemos começar por seu herdeiro político, o Celso Pitta.
Folha - O sr. tem sido o grande articulador de apoios na campanha.
Suplicy - Estou procurando ajudar como militante do partido. A
vitória da Marta é muito importante. Em todos os momentos que
pude colaborar o fiz. Atendi as
pessoas que me procuraram para
ajudar no diálogo com a Marta.
Folha - As pessoas o procuram. O
sr. é a face pública da Marta?
Suplicy - Felizmente há muitas
pessoas que me conhecem bem e
que têm confiança. Isso está claro
na evolução das minha votações.
Uma pesquisa do PT feita em
abril pergunta qual a pessoa da vida pública você mais está de acordo, e o meu nome aparece com o
melhor índice, com mais de 50%.
Tenho dificuldade de atender a
todos os apelos e reivindicações.
Folha - O sr. se considera o maior
cabo eleitoral de Marta?
Suplicy - Fico feliz de ser uma
das pessoas que mais estão ajudando. São dezenas de pessoas
que estão entusiasticamente trabalhando, porque Marta é uma líder nata. Ela é interessante na forma de falar, de ser. Já trabalhou
com centenas de pessoas, e eu só
ouço referências positivas a ela.
Essa é uma grande diferença da
Marta para o seu adversário. As
pessoas que com ele trabalharam
conhecem seus métodos e não recomendam que ele seja prefeito.
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