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TELECOMUNICAÇÕES
Ministro quer que concorrências sejam decididas por preço médio
Pimenta quer nova regra de licitação
ELVIRA LOBATO
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
O ministro Pimenta da Veiga
(Comunicações) incluirá no anteprojeto da nova Lei dos Serviços
de Radiodifusão, a ser encaminhado ao Congresso até o fim do
ano, a proposta de que as licitações públicas para venda das concessões de rádio e televisão sejam
decididas pelo preço médio, e não
pelo maior preço, como estabelecido na lei de licitações públicas.
Pimenta sugeriu que as concessões sejam vendidas ao candidato
que apresentar o preço mais próximo da média entre a maior oferta e o valor mínimo estabelecido
pelo governo nos editais. "Seria
uma forma de evitar alguns excessos que estão sendo cometidos,
não sabemos por que razão."
A Folha apurou que o ministro
suspeita da utilização de dinheiro
ilegal, até mesmo do narcotráfico,
nas concorrências de radiodifusão, embora não disponha de
provas nesse sentido.
Segundo o ministro, desde que
as concessões começaram a ser
vendidas em licitações públicas
(no final do primeiro governo
FHC), as emissoras têm sido adquiridas por pessoas sem vínculo
com o setor. Ele disse que não defende a volta ao modelo anterior,
quando as licitações eram distribuídas por critérios políticos.
A cúpula do ministério passou o
dia de ontem no Congresso Internacional sobre Radiodifusão,
promovido para discutir questões
polêmicas do anteprojeto, como o
controle da propriedade dos
meios de comunicação.
Os representantes do Reino
Unido e da França defenderam a
existência de limites de concentração da propriedade para assegurar a pluralidade da mídia e a
democracia.
Segundo Catherine Smadja,
chefe da Divisão de Políticas Comercial e Digital de Radiodifusão
do Reino Unido, lá é proibido que
proprietários de jornais diários
que tenham mais de 20% do total
de leitores tenham emissoras de
rádio e de televisão.
A França também impõe limites
rígidos à concentração, e a radiodifusão está diretamente subordinada ao primeiro-ministro. Segundo Jacques Louvier, diretor de
Desenvolvimento de Mídias e
Serviços do governo, nenhum
grupo privado pode ter mais de
uma concessão terrestre de TV
com cobertura nacional.
Além da França e do Reino Unido, Estados Unidos e Itália mandaram representantes para prestarem informações sobre seus regulamentos ao ministério. Os
quatro países informaram possuir limites para a concentração
da propriedade na mídia. O anteprojeto apresentado por Pimenta
elimina o limite de dez emissoras
de TV por acionista. E não contém barreiras para a propriedade
acumulada de meios, como rádio,
televisão, jornal e TV a cabo.
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