São Paulo, quinta-feira, 11 de outubro de 2001

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DIPLOMACIA

Com gesto inesperado, Bernardo Cabral (PFL-AM) pede vistas e constrange ministro indicado para o cargo por FHC

Senado adia decisão sobre nomeação de Matarazzo para Itália

RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Andrea Matarazzo (Secretaria de Comunicação de Governo) foi submetido anteontem a um insólito constrangimento na CRE (Comissão de Relações Exteriores) do Senado.
Matarazzo é indicado do presidente Fernando Henrique Cardoso a embaixador do Brasil na Itália. Pronto para ser sabatinado, o ministro aguardava na sala ao lado do plenário da comissão quando o senador Bernardo Cabral (PFL-AM) surpreendeu os colegas com um pedido de vista da mensagem de FHC, o que provocou o cancelamento da arguição e o adiamento da decisão sobre a indicação. O nome cotado para o lugar de Matarazzo na secretaria é o do gaúcho Luiz Macedo.
O gesto de Cabral causou alvoroço na sessão, que foi secreta. Os governistas tentaram dissuadir Cabral, que se manteve irredutível. Cobrou ""respeito" e exigiu que o prazo de vista fosse de cinco dias e não de apenas 24 horas, como propusera João Alberto Souza (PMDB-MA), que presidia a reunião da CRE.
Em meio ao desconforto geral, uma comissão de senadores foi designada para informar a Matarazzo o adiamento, encabeçada por José Sarney (PMDB-AP).
Cabral manteve suspense sobre os motivos que o levaram a criar embaraços à indicação de Matarazzo. Disse que vai apresentar um voto em separado (relatório alternativo) na próxima terça-feira, que causará ""surpresa".
Segundo especulações, Cabral planeja contestar o fato de Matarazzo ter dupla nacionalidade. Ele nasceu em São Paulo, mas tem também nacionalidade italiana.
Várias versões para o gesto de Cabral foram veiculadas no Senado. Uma delas atribuía o pedido de vista a uma estocada do PFL na pré-candidatura do ministro da Saúde, José Serra, à Presidência da República, a quem Matarazzo é ligado.
Outra versão era que se tratava de articulação do PFL contra o governo, entre outras coisas pelo fato de FHC não ter atendido reivindicação do partido para nomear o deputado Heráclito Fortes (PI) líder do governo na Câmara ou no Congresso. Os dirigentes do PFL negaram as versões.



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