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DIPLOMACIA
Com gesto inesperado, Bernardo Cabral (PFL-AM)
pede vistas e constrange ministro indicado para o cargo por FHC
Senado adia decisão sobre nomeação de Matarazzo para Itália
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Andrea Matarazzo
(Secretaria de Comunicação de
Governo) foi submetido anteontem a um insólito constrangimento na CRE (Comissão de Relações
Exteriores) do Senado.
Matarazzo é indicado do presidente Fernando Henrique Cardoso a embaixador do Brasil na Itália. Pronto para ser sabatinado, o
ministro aguardava na sala ao lado do plenário da comissão quando o senador Bernardo Cabral
(PFL-AM) surpreendeu os colegas com um pedido de vista da
mensagem de FHC, o que provocou o cancelamento da arguição e
o adiamento da decisão sobre a
indicação. O nome cotado para o
lugar de Matarazzo na secretaria é
o do gaúcho Luiz Macedo.
O gesto de Cabral causou alvoroço na sessão, que foi secreta. Os
governistas tentaram dissuadir
Cabral, que se manteve irredutível. Cobrou ""respeito" e exigiu
que o prazo de vista fosse de cinco
dias e não de apenas 24 horas, como propusera João Alberto Souza
(PMDB-MA), que presidia a reunião da CRE.
Em meio ao desconforto geral,
uma comissão de senadores foi
designada para informar a Matarazzo o adiamento, encabeçada
por José Sarney (PMDB-AP).
Cabral manteve suspense sobre
os motivos que o levaram a criar
embaraços à indicação de Matarazzo. Disse que vai apresentar
um voto em separado (relatório
alternativo) na próxima terça-feira, que causará ""surpresa".
Segundo especulações, Cabral
planeja contestar o fato de Matarazzo ter dupla nacionalidade. Ele
nasceu em São Paulo, mas tem
também nacionalidade italiana.
Várias versões para o gesto de
Cabral foram veiculadas no Senado. Uma delas atribuía o pedido
de vista a uma estocada do PFL na
pré-candidatura do ministro da
Saúde, José Serra, à Presidência
da República, a quem Matarazzo
é ligado.
Outra versão era que se tratava
de articulação do PFL contra o governo, entre outras coisas pelo fato de FHC não ter atendido reivindicação do partido para nomear o deputado Heráclito Fortes
(PI) líder do governo na Câmara
ou no Congresso. Os dirigentes
do PFL negaram as versões.
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