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Atuação em governo petista racha PSB
Lula Marques/Folha Imagem
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O candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, abraça Anthony Garotinho, durante encontro na sede do PSB, em Brasília |
MURILO FIUZA DE MELO
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
LUIZA DAMÉ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar de declarar apoio formal
ontem à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo
turno, o PSB está dividido sobre a
participação do partido num possível governo petista.
O assunto foi retirado da pauta
da reunião da Executiva Nacional
do partido, em Brasília, por falta
de consenso. A maior oposição
partiu do ex-governador Anthony Garotinho (RJ), que já
anunciou que pretende ser candidato à Presidência em 2006.
De manhã, depois da reunião da
Executiva, ele voltou a criticar o
PT e Lula, mas à noite ao lado do
candidato petista, do presidente
nacional do PT, José Dirceu, e de
outras lideranças do partido,
amenizou o discurso. Disse que se
empenhará na campanha de Lula.
"Não existe faz-de-conta. Faremos a sua campanha. Não ficaremos em cima do muro e não vamos pregar o voto nulo", afirmou
Garotinho, que prometeu participar do programa eleitoral de tevê
de Lula e acompanhá-lo em comícios pelo país.
Em entrevista publicada ontem
pela Folha, o ex-governador afirmou que um eventual governo
Lula terá problemas por aliar uma
"área econômica conservadora e
uma área social progressista".
Convite
O candidato petista esteve no
início da noite na sede do PSB. No
discurso, o petista agradeceu o
apoio do partido e voltou a convidar o PSB para integrar o comando da campanha.
"Eu gostaria que essa aliança
não fosse apenas um apoio formal, mas que o PSB participasse
do comando da campanha. Queremos fazer uma campanha com
igualdade de condições."
Durante seu discurso, Garotinho criou constrangimento ao dizer que, em 1994, quando disputou o segundo turno ao governo
do Rio contra o PSDB, o PT pregou voto nulo. Lula interferiu,
afirmando que ele tinha aderido a
campanha de Garotinho. O ex-governador insistiu: "Vocês pregaram, sim, o voto nulo."
De manhã, na reunião da Executiva, Garotinho defendeu que
os socialistas assumam uma posição independente em relação a
um provável governo petista. Entre os que se mostraram dispostos
a participar de um provável governo Lula estavam o governador
de Alagoas, Ronaldo Lessa, e o senador Ademir Andrade (PA).
O ex-governador disse que o
apoio do PSB a Lula será "desinteressado". "Ninguém aqui está
querendo uma boquinha. O PSB é
um partido que tem princípios".
Em 2000, o então governador
disse que havia um "PT da boquinha" no Rio, que só estava interessado em manter seus cargos no
Estado. Logo depois, o PT rompeu com o governo estadual.
Para Lessa, o apoio a um governo Lula é fundamental para a governabilidade do país. "Não se
trata de boquinha. Acho natural
que o PSB integre o governo do
Lula, até porque estamos dando
apoio agora", disse.
Conflito
Na entrevista, Garotinho disse
que há "conflito" na relação do
PSB com o PT e deixou claro que
o petista terá que buscar o apoio
dos evangélicos, sua principal base eleitoral.
"Isso quem tem que fazer é o
Lula. Vou pedir votos, mas eles
não são obrigados a apoiá-lo.
Quem tem que conquistar o apoio
dos evangélicos é o Lula", disse.
Garotinho contou que terá hoje
um almoço de agradecimento
com as principais lideranças
evangélicas que o apoiaram na
campanha, mas que não irá pedir
votos a Lula.
Ele voltou a dizer que no Rio,
PSB e PT estarão em palanques
diferentes e anunciou que o PSB
organizará, hoje, um ato oficial de
adesão à campanha de Lula na sede da ABI (Associação Brasileira
de Imprensa), no centro do Rio.
Primeiro a falar na entrevista, o
presidente nacional do PSB, Miguel Arraes, disse que a aliança
com o PT no segundo turno será
"sem restrições". Na reunião, segundo alguns socialistas, Arraes
disse a Garotinho que, quando foi
governador de Pernambuco, também sofreu perseguições de petistas, que o chamavam de "Pinochet do Nordeste", mas nem por
isso guardou mágoas do PT.
Colaborou LEILA SUWWAN,
da Sucursal de Brasília
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